Francisco Porto Fernandes, o jovem que pensa à frente

Francisco Porto Fernandes é o novo presidente da Federação Académica do Porto

Novo líder dos estudantes do Porto habituou-se cedo a liderar equipas. Adora francesinhas, cinema e boa literatura. E tem ideias claras para construir um futuro melhor.

Fez-se história na Federação Académica do Porto (FAP) a 6 de dezembro último. O protagonista foi Francisco Porto Fernandes, que com apenas 20 anos se tornou o mais novo líder de sempre da estrutura que congrega os estudantes da academia portuense, onde era vogal da Direção. Eleito em lista única com 22 votos a favor das 23 associações que integram a FAP, sucedeu a outra dirigente que também ficara com o nome gravado para a posteridade, Ana Gabriela Cabilhas, a única mulher que liderou a estrutura e que agora lhe vai passar o testemunho.

Nascido na Póvoa de Varzim – “porque a minha mãe foi lá acompanhada durante toda a gravidez” -, foi no Porto que Francisco sempre viveu, bem próximo do Palácio de Cristal, no centro de uma cidade a que se habituou desde cedo a tomar o pulso e sentir as desigualdades. Estudou sempre na escola pública e foi na EB 2,3 Gomes Teixeira, que frequentou até ao 9.º ano, que se apercebeu de perto dos vários mundos que fazem o mundo. “Foi lá que senti o que são todos os contextos sociais, especialmente os mais pobres. Ajudou-me a construir do ponto de vista social”, lembra. Entrou depois na Escola Secundária Garcia de Orta, onde venceu uma eleição para a associação de estudantes por larga margem contra uma lista liderada por um colega de turma. “Fui dirigente durante a pandemia, infelizmente não deu para fazer grande coisa”, lamenta.

Sempre bom aluno, terminou o 12.º ano com média de 18,4 valores. A escolha do curso superior aconteceu após breves períodos de hesitação. “Ainda ponderei entrar em Direito, mas Economia preenche mais a minha visão da sociedade e do que quero para ela do ponto de vista social, humano e empresarial.”

A Universidade do Porto (UP) acolheu-o e logo se envolveu no contexto estudantil e respetivos problemas e ansiedades. Antes de se aventurar numa candidatura à FAP, liderou os estudantes do seu curso. “Foi sempre muito trabalhador, dinâmico e afável. O que o destaca dos demais é a sua capacidade de agregar todos à sua volta”, elogia José Ribeiro, ex-presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito da UP, que conviveu de perto com Francisco Porto Fernandes em inúmeras reuniões.

Depois da licenciatura, que terminou no passado ano letivo, passou a frequentar o primeiro ano de mestrado com especialização em macroeconomia. Antes, deu os primeiros passos no empreendedorismo e com 16 anos lançou uma loja online de tecnologia, que ainda mantém mas que “deixou de ser prioridade” à medida que foi avançando na universidade.

Filho único de mãe licenciada em História e de pai ligado à área da hotelaria, é apreciador de uma boa francesinha e não se importa de correr diferentes templos da especialidade no Porto para as provar. Com boa companhia, de preferência. “Gosto imenso de me juntar à mesa com amigos, de conversar, de rir.” Como é próprio da idade, não dispensa uma ida a um bar, embora não seja de beber por aí além. “Não aprecio vinho nem cerveja, prefiro um gin tónico”, diz. Devora cinema, “A vida é bela”, do italiano Roberto Benigni é o filme favorito – “já o vi cinco ou seis vezes e emociono-me sempre” -, e, ao contrário de muitos da sua geração, tem predileção por literatura. “‘Os Maias’, de Eça de Queiroz, foi o primeiro grande livro que admirei em termos de mensagem e profundidade intelectual”, descreve. E vai à praia quando pode, em particular à dos Ingleses, na Foz do Douro. Continua também a jogar futebol por prazer, apesar de o associativismo lhe “roubar tempo” para fazer mais vezes o que gostaria. “Não dou nada por perdido. Trabalho por e para um melhor futuro dos jovens, que será, no fundo, um melhor futuro para Portugal”, assinala sem pestanejar.

Com posse marcada para o próximo dia 20, numa cerimónia que irá decorrer na Casa da Música, no Porto, Francisco Porto Fernandes quer deixar marca na FAP durante o ano de mandato que terá pela frente. “Aponto três linhas de ação bem definidas: o combate às desigualdades sociais entre estudantes universitários, a luta contra o flagelo da emigração jovem e a afirmação da educação como setor-chave no combate aos populismos que corroem as instituições na Europa”, enumera.

Francisco Diogo da Silva Porto Fernandes
Cargo:
novo presidente da Federação Académica do Porto
Nascimento: 13/12/2002 (21 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Póvoa de Varzim)