Francisco Mendes, portuense, aprofundou a importância do tema durante a pandemia e aliou-se a Marcos Sponton, que criou índice de burnout.
Foi durante a pandemia, altura em que se aliou a Marcos Sponton para cofundar a Yerbo, uma startup que ajuda a lidar com questões ligadas ao bem-estar mental, que Francisco Mendes percebeu que o tema devia ser levado bem a sério. Formado em Marketing e a residir na Colômbia na sequência de outras experiências profissionais, alerta que quem se sentir à beira de um esgotamento crónico laboral deve procurar ajuda.
Até chegar aqui, a vida de Francisco, 37 anos, natural do Porto, deu muitas voltas. Um estágio ao abrigo do INOV Contacto da AICEP levou-o, em 2013, até à Colômbia, o país que lhe assoma à memória quando pensa em “casa”. Os primeiros passos que deu na Acsendo, a startup de software em Bogotá onde começou, foram de tal forma firmes, que chegou a ser sócio e colaborou no alargamento da empresa (entretanto vendido) a novas paragens, como Portugal, Brasil e outros países da América Latina.
No final de 2019 percebeu que precisava de mudar e, no arranque do ano seguinte, aceitou o desafio de uma empresa indiana que se estava a expandir na América Latina. Só que a covid-19 acabou por deitar os planos por terra.
E Francisco, que admite ter sentido algum “desgaste” durante a pandemia, aproveitou para aprofundar as investigações sobre saúde mental. “Sentia que estava mais áspero nas respostas e com menos capacidade de concentração, já não conseguia ler ficção à noite.”
Foi por essa altura que conheceu Marcos, o argentino que desenvolveu um índice de burnout, um mecanismo que não substitui um diagnóstico clínico, mas “permite a qualquer pessoa, de maneira gratuita e sem ter que entregar informação, fazer uma autoavaliação de risco”. Estava encontrado o próximo projeto.
Atualmente, a Yerbo – o nome é uma alusão à yerba (erva) mate, muito usada para fazer chá naquela zona do Globo – está direcionada para consultores, disponibilizando-lhes tecnologia para avaliarem e trabalharem questões diversas com as suas equipas. Podem estar relacionadas com o bem-estar mental, que esteve na base da Yerbo, mas não só, já que a jovem empresa alargou o âmbito de trabalho a outras áreas, como a transformação digital. Os clientes que os procuram estão sobretudo nos Estados Unidos e na Europa.
O índice continua de acesso livre, numa tentativa de ajudar as pessoas a reconhecerem e prevenirem o burnout.
“Estar sempre prestes a entrar em esgotamento é quase visto como uma medalha de que sou um bom profissional, mas isso não é bom”, diz Francisco Mendes. A quem não se sentir bem, o empreendedor recomenda que procure ferramentas para medir o que está a sentir e tente falar abertamente com alguém de confiança. “Se sentirmos que é demasiado, é preciso procurar ajuda.”
Quanto à Colômbia, e apesar de no último ano Francisco ter experimentado viver como nómada digital, acaba sempre por puxá-lo de volta.
Francisco Mendes
Localização: Bogotá, Colômbia 4° 36’′34’’ N 74° 04’′54’’ O (GMT -5)
Profissão: empreendedor
Idade: 37 anos