Torna-se difícil dizer quando nasceu a Festa dos Tabuleiros. Começou por ser uma comemoração das colheitas em honra de Ceres, a deusa romana da agricultura e da fertilidade, e crê-se que algures no século XIII foi incorporada como momento de celebração cristã.
Nos nossos dias, de quatro em quatro anos, Tomar sai à rua em forma de cortejo com centenas de tabuleiros, enfeitados com as cores das 16 freguesias do concelho. São transportados por mulheres acompanhadas por homens, que as ajudam quando a tarefa se torna impossível. Percorrem ruas ornamentadas pelo esforço combinado de quem lá vive. Um trabalho de amigos e vizinhos que se juntam em comunhão e que começa muito antes destes dias quentes de julho.
Neste domingo, dia 2, a festa dá os primeiros passos com crianças a participar no cortejo dos rapazes, momento iniciático que antecede o evento principal, que ocorre daqui a uma semana. A cidade torna-se numa grande comunidade, unida e popular, que se junta para criar um momento único, celebrado por milhares e milhares de pessoas que assistem a uma explosão de cor ou, melhor, a um “hino de cor”, como lhe chamou o historiador Nini Ferreira. Neste dia, os tabuleiros com 30 pães, tantos como as chagas de Cristo, e com uma altura igual à da rapariga que os carrega, são içados para um cortejo de fé, alegria, choro, sorrisos, amizade, esforço e amor até chegarem à bênção dos Tabuleiros, na Praça da República, sob o olhar de populares e individualidades.
Mas esta é uma festa do povo. E no dia 9, quando os tabuleiros coloridos derem a última curva do longo percurso até à Várzea Grande, entre gritos de “viva a festa!”, só um pensamento importa às mulheres e homens que os carregam – quando é a próxima Festa dos Tabuleiros?