Susana Romana

Dalai Lama, a mulher de João Galamba e o inquérito à TAP

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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É uma das imagens da semana: Dalai Lama a beijar uma criança na boca e a pedir para lhe “chupar a língua”. Não sei o que é mais aterrador: a situação em si ou o facto do líder tibetano ter as mesmas técnicas de engate do Nelson do 8.oA, na parte de trás de uma carrinha de uma visita de estudo.

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Em comunicado, o gabinete do monge assegurou: “Sua Santidade provoca frequentemente pessoas que encontra de forma inocente e brincalhona”. O que é uma péssima justificação, até porque “inocente e brincalhona” soa a manchete da revista “Gina”.

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Isto também mostra que nenhuma religião está a salvo dos escândalos de abuso de menores. Mas de certeza que houve padres católicos a ver o vídeo e a pensar: “Fazer aquilo em público? Mas os budistas não têm confessionários nem tendas de escuteiros?”.

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A mulher de João Galamba, ministro das Infraestruturas, trabalha no Ministério das Finanças, mas a nomeação nunca foi publicada em “Diário da República”. Este Governo lembra-me a emoção que foi descobrir que o Luke Skywalker era filho do Darth Vader e irmão da Leia. Adoro revelações de parentescos!

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E por falar em Infraestruturas: Costa estará furioso com Pedro Nuno Santos por este ter desaparecido durante a semana quente de inquérito à TAP. Na verdade, o ex-ministro não desapareceu, está só no porão por ter excedido as medidas de ego.

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O PM considera ainda gravíssimo o email que o ex-secretário de Estado Hugo Mendes enviou à presidente da TAP sobre a alteração de um voo de Marcelo. Eu considero ainda mais grave que tenha posto aquilo num mail, em vez de mandar um daqueles WhatsApp programados para se apagarem sozinhos.

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No meio desta confusão, Marcelo afirmou que “o Presidente não está no bolso, nem da Oposição, nem do Governo”. Faz sentido. Para haver bolsos é preciso ter umas calças, e parece-me que o país, citando o filósofo, está de tanga.

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Lembrete: já começou a entrega do IRS. Este ano o reembolso vai ser feito em ovos e cebolas, talvez umas coxas de frango com aquela etiqueta verde do fim de prazo.

[Artigo publicado originalmente na edição do dia 16 de abril – número 1612 – da “Notícias Magazine”]