A rubrica "Máquina do Tempo" desta semana recorda os primórdios da Portugal Telecom que deram origem à Altice
Nasceu em 1994, resultado da junção das empresas que tinham os ativos das telecomunicações. TLP (Telefones de Lisboa e Porto), Telecom Portugal, TDP e Marconi (com acionistas privados). Empresas autónomas, mas de capital público.
A Portugal Telecom (PT), assim se chamava, era o grande operador nacional de telecomunicações. O nome figurava num grande edifício em Picoas (Lisboa), em agendas, publicidades e nos cartões pré-pagos que inseríamos nas cabinas telefónicas para fazer chamadas (tal como o da imagem). Mas, já nessa altura, apesar de ter capital público, se pensava nas várias fases de privatização e de uma operação internacional.
O caminho foi preparado. O que começou a acontecer em 1995, terminando em 2000. O Estado deixou de ter uma participação, ficando apenas com uma “golden share” de 500 ações. Os anos seguintes viram nascer a TV Cabo e a Netcabo.
Em 2006, houve uma OPA (oferta pública de aquisição) da Sonaecom sobre a operadora – sem sucesso – e pouco depois a PT cria a MEO. Não tardaria muito a que esta marca (uma oferta integrada de voz, vídeo e dados móveis) fosse a carta forte do grupo, pondo fim à TMN, criada em 1992. Mas antes disso, em 2009, arrancou o negócio da fibra ótica. Mudou tudo, até a identidade da PT. As cores de tijolo deram lugar ao azul.
O tempo passou. Chegou 2013. Zeinal Bava (então presidente executivo da PT), ao lado de Henrique Granadeiro, anunciou o meganegócio: PT e Oi iriam juntar negócios e criar um megaoperador luso-brasileiro. Não aconteceu. A queda do Grupo Espírito Santo tirou a “rede” à PT, que caiu com o seu acionista de referência.
A PT precisava de ser vendida. Compraram-na os franceses da Altice, por mais de sete mil milhões de euros, em junho de 2015 – embora a Comissão Europeia desconfiasse que eles já mandassem na casa antes de a controlarem – o que só veio alimentar mais polémicas.
As suspeitas sobre os negócios nas mais diversas áreas estão patentes nas notícias ao longo dos anos. Criação de empresas para substituir os fornecedores tradicionais, negócios imobiliários, alienação de património, inúmeras tensões laborais, falhas no sistema SIRESP durante os grandes incêndios de 2017. Mas, entre casos e polémicas, a empresa foi sobrevivendo.
Veremos o que acontece agora.