Certificados de aforro: era uma vez os 3,5%

A decisão foi vista por partidos da oposição e comentadores como um “favor” à banca

Uma série com taxa máxima que foi encerrada de rompante, uma outra que foi lançada com um potencial de ganho inferior, um Governo que vai sendo acusado de ceder à banca. Afinal, o que se passa com os certificados de aforro?

O que aconteceu
A 2 de junho, o Governo suspendeu a série E dos certificados de aforro, que tinha uma taxa máxima de 3,5%, dando lugar a uma nova série (a F), de regalias inferiores: a taxa de juro base tem agora um teto máximo de 2,5%.

1/2
Também os prémios de permanência foram cortados na nova série. Comparando os ganhos percentuais de ambos, conclui-se que os prémios foram reduzidos para metade nos primeiros nove anos de subscrição.

“A decisão […] confirma que o Governo está a acabar com a classe média em Portugal”
António Leitão Amaro
Vice-presidente do PSD

50
mil euros é o valor máximo de subscrição na série F, cinco vezes menos do que valor que estava estipulado para a série E (250 mil euros). O que significa que quem tiver aplicado o valor máximo na anterior série dos certificados de aforro não poderá subscrever a nova.

A banca
A decisão foi vista por partidos da oposição e comentadores como um “favor” à banca, que nos últimos meses tem perdido milhares de milhões de euros em depósitos. João Nuno Mendes, secretário de Estado das Finanças, recusou, no entanto, qualquer pressão da banca. Note-se que, apesar das mudanças, a taxa máxima da nova série de certificados de aforro continua a ser vantajosa face aos bancos. Em abril, a taxa média nos novos depósitos a prazo das famílias foi de 1,03%.