Carlos Pequito encontrou na pintura a sua forma de expressão

Carlos Pequito é artista plástico

Participou em 40 exposições na Suíça, criou negócio de sapatilhas personalizadas e prepara novos projetos que unem diferentes formas de arte.

Pequito, que trocou o Alentejo por Lausanne, na Suíça, encontrou nas artes plásticas a forma de se exprimir. No currículo constam já cerca de 40 exposições, um negócio de sapatilhas personalizadas, ateliês para incentivar a criatividade dos mais jovens e muito mais. Agora, ultima um projeto em que vai unir a pintura à música e acalenta o desejo de expor em galerias em Portugal, onde regressa amiúde para matar saudades da família, da gastronomia e cultura.

O artista nasceu em Angola, mas aos nove anos, na sequência da Revolução dos Cravos, mudou-se com a família para Portalegre, a terra natal dos pais. Foi aí que teve o primeiro contacto com as artes. “Nunca tive um dom para o que é verbal, para a palavra. Encontrei a minha maneira de me exprimir através das imagens, da pintura”, conta.

Mas a forte dedicação às artes haveria de surgir mais tarde, depois de ter estado em França, de ter regressado a Portugal para cumprir o serviço militar, apesar de “detestar armas e violência”, de um casamento que não deu certo, de uma nova incursão ao estrangeiro em busca de uma vida melhor. Estava em França quando recebeu um convite para passar as festividades de Natal na Suíça. A viagem não teve volta. “Fiquei porque me apaixonei por este país, é bonito, limpo, gosto das pessoas, do sistema”, descreve.

Na primeira tela despejou dor, nomeadamente a de estar longe da primeira filha, que ficara em Portugal. Continuou a pintar e a evoluir. “É a minha linguagem. O que não consigo exprimir em palavras, exprimo pela arte”, insiste.

Autodidata, foi ‘beber’ conhecimento em livros, vídeos, no convívio com outros artistas. Depois foi “abrir o coração”. Começou por pinturas abstratas, seguiu por um estilo mais figurativo, voltou ao abstrato, mas agora em telas de grande dimensão, que não eram possíveis quando não tinha ateliê e usava a cozinha.

Há alguns anos, personalizou um par de sapatilhas de bebé para oferecer a uma amiga grávida. O sucesso foi tal que choveram pedidos até de outros países, nomeadamente do Brasil. A atividade de criar calçado desportivo único tornou-se rentável e durante algum tempo empenhou-se nela. Mas percebeu que queria fazer mais e voltou à pintura, relegando a arte no calçado apenas para “encomendas especiais”.

Entre a sua criação e os empregos que vai tendo para complementar rendimentos, encontra tempo para outras atividades. Chegou, por exemplo, a dinamizar oficinas para estimular os mais jovens a serem criativos, seja através da pintura, da decoração de sapatilhas ou do desenvolvimento de novas peças a partir do reaproveitamento de materiais.

Carlos Pequito tem dado a conhecer o seu trabalho em galerias na Suíça e é também naquele país que decorrerá uma performance que unirá a sua pintura à música de um amigo. Mas “adorava” expor em galerias em Portugal, um sonho que ainda espera cumprir.

Carlos Pequito
Localização:
Lausanne, Suíça 46° 31’ 20.7912’’ N 6° 38’ 7.1160’’ E (GMT+1)
Profissão: Artista plástico
Idade: 57 anos