André Luís Martins é especialista e consultor de vinhos, aprendeu tudo em Londres, trabalhou em clubes exclusivos. Neste momento, está num wine bar que só serve produtos portugueses.
Nasceu na aldeia de Tronco, Chaves, mudou-se ainda criança para a Gafanha da Nazaré, Ílhavo, andou em alto-mar na pesca do bacalhau, fazia uma perninha na hotelaria, mudou-se para Londres em 2006, e apaixonou-se pelo mundo dos vinhos. “Cada garrafa tem uma história para contar”, garante. O conhecimento e a experiência colocam-no na linha da frente de quem percebe da matéria. Foi sommelier num dos clubes londrinos mais exclusivos, não passou despercebido. Neste momento, está no OPS Wines Bar, em London Bridge, que só serve vinhos portugueses e petiscos com sabor e cheiro a casa, pataniscas de bacalhau, bife da vazia, bifanas, feijoada, queijos. Provas temáticas, num ambiente mais relaxado, está nos planos deste bar.
“Vinhos são uma história. Cada garrafa, cada produtor conta a sua. Podemos falar de famílias que começaram agora com projetos muito pequeninos, podemos falar de famílias históricas, com séculos de tradição.” É um mundo com muita coisa dentro. O clima, o solo, as vindimas, as adegas, as políticas da região. “Há vinhos desde a Patagónia ao Alasca, há vinhos em toda a parte do Mundo, é um produto que não é estático, sempre a reinventar-se. Quando a gente acha que sabe tudo o que está a acontecer no nosso Douro, 10 anos depois está tudo completamente diferente”, comenta. André Luís Martins lê, estuda, pesquisa, investiga, viaja, vai a provas, quer entender tudo o que se passa no setor. Em Portugal, não se deve mexer muito. “Investir na nossa individualidade, apostar nas nossas castas, no bom que a gente tem e no bom que a gente sabe fazer”, aconselha. Um bom vinho, diz, não precisa de gritar, impõe-se pelo aroma, pelo paladar, pela história, pelo prazer que dá.
Aos 13 anos, o primeiro trabalho de verão foi numa oficina de automóveis, depois na seca do bacalhau, queria ir para o mar, tirou o curso de ajudante de motorista. Em 2003, passou o ano todo embarcado como maquinista. Pelo meio, entrava na hotelaria, empregado de mesa, bartender por Aveiro e pelo Algarve. Em 2006, partiu para Londres. Começou como gerente de um bar-restaurante que tinha um pequeno hotel, veio a recessão económica, juntou-se a um dos clubes exclusivos, e aí começou a sua carreira pelo mundo dos vinhos. “A paixão pelos vinhos foi instantânea”, confessa. E sempre a investir, provas, cursos, viagens. “Não é só um trabalho, é também uma paixão.”
Nos próximos cinco anos, quer voltar para Portugal. Gostaria de partilhar o que aprendeu, tanto em escolas de hotelaria, como num espaço que possa abrir, ou fazendo parte de uma equipa de uma empresa. “Sou muito grato a algumas das pessoas que me ensinaram alguma coisa quando comecei na hotelaria em Portugal. Foram essas pessoas que criaram esta paixão que tenho até hoje, acho interessante criar essa paixão nas novas gerações.” A rematar a conversa, André Luís Martins lembra o sábio ditado: “A vida é curta de mais para beber vinho de má qualidade”.
André Luís Martins
Localização: Londres, Inglaterra 51º 30’ 26’’ N 0º 07’ 39’’ O (GMT+0)
Cargo: consultor de vinhos
Idade: 41 anos