Os pares não lhe poupam elogios. “Inteligente, íntegro, absolutamente excelente como diplomata.” O novo presidente da CAP é um homem autoconfiante, apaixonado desde a infância pela agricultura e pelo F. C. Porto . Apreciador do formalismo, tem muito sentido de humor.
Foi o homem certo no sítio certo. Pelo trabalho “excecional” nos corredores diplomáticos do então representante permanente de Portugal nas Nações Unidas, que ajudou, “e muito”, à eleição de António Guterres para secretário-geral da ONU. Pelo empenho, anos antes, como representante permanente de Portugal junto da União Europeia, no processo que levou à designação de Durão Barroso para a presidência da Comissão. Duas organizações diferentes, lógicas distintas, prova de que Álvaro Mendonça e Moura joga bem em todos os tabuleiros.
“O Álvaro foi a primeira pessoa que, para grande surpresa minha, me falou na hipótese de eu assumir a presidência da Comissão e na importância que tal poderia ter para Portugal”, recorda Durão Barroso, que apostou no diplomata para seu chefe de gabinete quando, no início dos anos 1990, assumiu a Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, e mais tarde a liderança do Ministério. “É um diplomata brilhante, inteligente, muito competente, pessoa íntegra e muito dedicada ao nosso país”, diz, para concluir: “Além do mais, o Álvaro tem, como eu, fortes raízes transmontanas e isso também nos deve ter aproximado. Hoje somos amigos”.
Os pares não poupam elogios. “Inteligente, íntegro, absolutamente excelente como diplomata. Na campanha de Guterres, em Nova Iorque, foi extraordinário”, comenta o embaixador jubilado Fernando Neves. “É uma grande figura, dos melhores diplomatas. Fez todos os postos muito bem, com extrema competência. É muito autoconfiante e tem razões para isso”, acrescenta Seixas da Costa.
Fernando, Francisco e Álvaro, o mais novo do trio – tinha 22 anos -, foram admitidos no Ministério dos Negócios Estrangeiros no mesmo dia – 13 de agosto de 1975. “Foi o segundo em cerca de 600 candidatos”, salienta Fernando Neves, que releva, também, os anos do amigo como embaixador na Áustria, corria 1995, função que acumulava com a de Representante-Residente junto da Agência Internacional de Energia Atómica e Representante-Permanente junto da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial e das outras organizações das Nações Unidas com sede na capital austríaca. “O trabalho em Viena foi magnífico.” Prestígio e percurso fazem dele, consensualmente, o mais experiente e qualificado diplomata português no âmbito multilateral e um dos diplomatas portugueses com maior currículo internacional.
O novo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal – eleito para o triénio 2023- 2026 sem oposição – é uma figura próxima do PSD. Um homem de centro-direita, católico praticante, tradição recebida da família conservadora. Nascido no Porto em 1951, herda da raiz transmontana a paixão pela lavoura. Nos períodos passados desde a infância em casa dos avós, acompanhava com gosto e interesse as atividades agrícolas e as ideias do pai sobre o desenvolvimento da atividade em Portugal e em particular em Trás-os-Montes, assistindo desde o início à criação e crescimento do Complexo Agroindustrial do Cachão.
Por isso, não surpreendeu a troca do cosmopolitismo das chancelarias pela vida rural. Os corredores do poder pelas amendoeiras e pela uva, pelos olivais e pelo azeite, merecedor de um prémio internacional.
Na verdade, há muito que Álvaro Mendonça e Moura planeava os anos da reforma, assumindo os negócios agrícolas da família, que converteu e modernizou. “Sempre lhe conheci uma enorme paixão pela agricultura, observa Fernando Neves. “No casamento da filha, serviu-nos um excelente vinho, feito por ele”, confidencia.
Porém, não se espera que dispa o fato de diplomata. “Raramente o faz. O Álvaro nunca fala antes de pensar. E pensa muito bem. Será o mesmo de sempre, com muito bom senso e muita ponderação”, projeta Fernando Neves. Contido e com apreço pela formalidade, “consegue ser muito divertido, muito simpático, com sentido de humor”, acrescenta Seixas da Costa, que encontra no amigo um único defeito: “É do F. C. Porto. Fanático”.
Álvaro José Costa de Mendonçae Moura
Cargo: presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal
Nascimento: 17/03/1951 (72 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Porto)