Alfarroba para bebidas, massas e preparados

A massa de brigadeira é um dos produtos disponibilizados pelo projeto Alphamais

Projeto Alphamais uniu empresa Decorgel, Universidade Católica Portuguesa e Universidade do Algarve. Valoriza fruto rico em fibras e antioxidantes e não desperdiça nada.

Se em breve encontrar numa pastelaria uma bola de Berlim com creme de alfarroba, não se admire. Este é um dos vários ingredientes desenvolvidos no âmbito do projeto Alphamais que ajuda a valorizar aquele produto na íntegra e torna a sua utilização por industriais de pastelaria mais fácil.

A ideia partiu da Decorgel, uma empresa “vocacionada para a inovação”, que tem procurado “criar novos produtos tendo por base a produção nacional” e viu na alfarroba uma oportunidade, conta o administrador António Nunes. A empresa aliou-se ao Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa e ao Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve e avançaram com o projeto Alphamais.

O resultado está agora à vista, com a criação de quatro produtos: um creme de alfarroba para bolas de Berlim, uma massa brigadeiro, um recheio de alfarroba e figo e um preparado de alfarroba para misturar com massas de pão, croissants e outra pastelaria. A sua apresentação ao mercado profissional, ou seja, aos industriais de pastelaria, está prevista para breve.

A alfarroba, explica Manuela Pintado, da Católica, tem “um valor nutricional elevado, tem muita fibra, não tem glúten, tem alguma proteína e muitos antioxidantes”, o que faz com que a procura esteja a aumentar. Através do projeto Alphamais, desenvolveu-se “tecnologia que permite moer tudo junto para não se desperdiçar nada, portanto, ter um produto integral com resíduo zero e elevada sustentabilidade”, acrescenta.

Margarida Vieira, da Universidade do Algarve, sublinha que a grande novidade é precisamente este “aproveitamento total” da alfarroba, uma vez que a semente já está a ser rentabilizada para a extração de goma (usada como espessante de gelados e outros produtos alimentares) e a polpa tem servido para fazer farinhas, chocolates, cremes e bebidas, entre outros.

Para as investigadoras, este pode ser um incentivo para que mais agricultores, sobretudo do Algarve e Alentejo, apostem na produção de alfarrobeiras, que não têm necessidade de grandes quantidades de água, uma vantagem numa altura em que a subida de temperatura, a escassez de água e alterações climáticas trazem preocupações acrescidas ao setor agrícola.