Acelerar regeneração de feridas de cães e gatos

Atualmente o produto tem de ser feito na hora, mas os investigadores querem evoluir para um que esteja “pronto a usar”

Produto biológico a ser desenvolvido na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro permitirá também diminuir a quantidade de resíduos gerados pelos tratamentos.

Há uma equipa de investigadores e veterinários a trabalhar numa forma de ajudar cães e gatos a recuperarem mais rapidamente de feridas provocadas por acidentes, mordidas, quedas ou outros traumas. Ao mesmo tempo que se reduzem os custos e resíduos gerados nos tratamentos.

Esta nova terapêutica veterinária biológica está a ser desenvolvida na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e destina-se a tratar feridas cutâneas de cães e gatos. O projeto, inicialmente denominado P4Regenera, passou entretanto a designar-se Platgen e está a ser patenteado. Decorre da tese de doutoramento de Carla Soares e envolve, também, a investigadora da UTAD Maria dos Anjos Pires, assim como os clínicos Pedro Carvalho e Luís Barros.

Carla Soares e Maria dos Anjos Pires, da UTAD

Este novo produto é derivado do sangue, biológico e biodegradável e, “mais do que cicatrizar, estimula e acelera os mecanismos de regeneração tecidular dos animais”, explica Maria dos Anjos Pires. “Percebemos que estas soluções terapêuticas podem servir para acelerar e tornar mais económica a cicatrização de feridas”, acrescenta a investigadora, adiantando que, como o produto é aplicado diretamente na ferida, permite reduzir o uso de antibióticos e antisséticos, assim como os resíduos gerados durante a mudança de pensos e outros tratamentos.

Atualmente o produto tem de ser feito na hora, mas os investigadores querem evoluir para um que esteja “pronto a usar” e os veterinários possam aplicar rapidamente quando precisarem, dando assim resposta aos casos de feridas que aparecem nas clínicas veterinárias.

A investigadora Carla Soares a administrar o fármaco na pele de um gato que, por estar ferido, foi parar a uma clínica

A equipa está a tentar conseguir financiamento para dar continuidade ao trabalho e ter um produto estabilizado e pronto a usar. Espera-se que possa chegar ao mercado nos próximos três anos. Ao mesmo tempo, os investigadores pretendem fazer a “trasladação, com toda a segurança, para outras espécies, nomeadamente para o Homem”, revela Maria dos Anjos Pires.

O produto foi um dos vencedores do programa Born from Knowledge Ideas 2022, promovido pela Agência Nacional de Inovação. No ano passado conquistou também o 3.º lugar na final do Concurso de Ideias do projeto UI-Can – Universidades como Interface para o Empreendedorismo e o 1.º prémio do Concurso de Ideias da UTAD.