A rubrica "Máquina do Tempo" desta semana recorda a história de crescimento turístico da praia do Tamariz, no Estoril.
Ao fundo da Alameda do Casino do Estoril, o areal do Tamariz foi em tempos rotulado como a Praia Elegante. Ao mesmo tempo causa e consequência. Tanto era elegante por ser frequentada pela alta sociedade, como a alta sociedade só a frequentava por ser assim conhecida.
Ali passavam os verões, junto à linha do Estoril, espaço que refletia a vanguarda do Turismo em Portugal. Um espelho requintado, afamado, um belo quadro de céu azul, brancura, edifícios bonitos, fineza, um postal para fora, o estrangeiro.
No século XX implementou-se esta ideia, o de turismo de luxo na “Costa do Sol”. Sim, o que vemos hoje não é novo. Em 1930, após a inauguração do Palace Hotel, veio a linha férrea. O Sud-Express passou a terminar viagem na estação do Estoril, não em Lisboa.
O Casino foi inaugurado no ano seguinte. Não demorou muito para que a Marginal permitisse fazer a viagem de carro entre a capital e Cascais, junto ao mar, a bela paisagem. Na Segunda Guerra Mundial, o Estoril foi um resort para os europeus mais ricos.
Fizeram-se “cartazes”, promoção. Veio o jazz. Uma outra realidade. Nova gente, novos hábitos. Fatos de banho pequenos. Um mundo paralelo. Furor nas praias, o que terá levado a que, em 1941, fosse promulgada legislação sobre as roupas a usar pelos banhistas, o “sistema de fiscalização e sanções a aplicar aos transgressores”. Isto numa época sem barrigas e nádegas à mostra.
Em 1949 a Santini abriu a primeira casa de gelados ali, no Tamariz. Aos poucos, a zona democratizou-se. Passou a ser de todos. Dos de cá, dos de fora. Mas continua a figurar na história do país como uma das praias mais concorridas de Portugal.