A nova ponte sobre o Douro

Embarque do vinho da casa Ferreira, no cais de Gaia

A rubrica "Máquina do Tempo" desta semana recorda as travessias que unem Porto e Gaia, a que agora se vai juntar a Ponte Dona Antónia Ferreira, em homenagem à Ferreirinha.

Podiam estar separadas por um rio, mas decidiram estar ligadas por ele. Apesar da independência administrativa e da especificidade territorial, Porto e Gaia unem-se por pontes, físicas e não só, como abraços que se eternizam. Não é de hoje e nem sempre foi tudo assim tão romântico.

Mas as pontes, como se dizia, vêm de trás. Das gravuras de Henry Vizetelly, das fotografias de Alberto Cerqueira. Vêm dos fotogramas do Douro, da Faina Fluvial, do filme “Aniki Bóbó” de Manoel de Oliveira.

Vêm das palavras de Camilo Castelo Branco que retratou parte desta paisagem como a maior taberna do Mundo. Vêm das músicas de Rui Veloso.

Eram seis. Ponte da Arrábida, Ponte Luís I, Ponte Infante D. Henrique, Ponte Maria Pia, Ponte São João e Ponte do Freixo. Mas se tudo correr bem, até ao final de 2026, serão sete as travessias sobre o rio Douro. A nova estrutura ligará o Campo Alegre, no Porto, ao Candal, em Gaia, através da linha Rubi do metro.

Vai chamar-se Ponte Dona Antónia Ferreira, Ferreirinha. Por voto popular, em homenagem a Dona Antónia Adelaide Ferreira, empresária do Vinho do Porto. O anúncio foi feito no dia em que o “Jornal de Notícias” completou 135 anos.

A imagem que vemos nesta página mostra o embarque do vinho da casa Ferreira, no cais de Gaia. Uma fotografia a sépia, de Alberto Cerqueira, do início do século XX. Se olharmos bem, a ponte já lá estava. Roliça, feita de pipas. Uma epifania. Uma brincadeira.

O projeto que vai entrar em andamento não é consensual. Teme-se que comprometa o valor dos imóveis, a segurança das infraestruturas e a própria paisagem. O que se sabe é que, a cada dia que passa, nada é igual. Com ou sem pontes.