Susana Romana

A desarrumação de Marie Kondo, a estátua de Eunice Muñoz e as Jornadas da Juventude

Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.

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Esta semana foi o fecho do mercado e posso assegurar os mais inquietos que não, não foi desta que o “The Guardian” me levou. Ainda não sou o Porro do cronismo.

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Começam a circular vários anúncios de quartos para alugar aos visitantes da Jornada Mundial da Juventude, todos eles com preços pouco católicos. Por dois mil euros espero bem que inclua brunch com o corpo de Cristo coberto de abacate e ovo escalfado.

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Também se soube que vai existir um Parque do Perdão, com um total de 150 confessionários, cada um com um sacerdote para “acolher e escutar os jovens peregrinos”. É assim uma espécie de speed dating, que também acaba sempre com uma das pessoas a sentir-se muito culpada pelas suas escolhas.

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Ainda sobre a Jornada: depois do palco dos cinco milhões, foi a vez do palco no Parque Eduardo VII, que tem tido avanços e recuos. Para quem não conhece bem aquela zona de Lisboa, posso dizer que é muito pródiga em Marias Madalenas.

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Por razões logísticas, vai ter de ser retirada do parque a escultura de 90 toneladas feita por João Cutileiro. É uma estátua muito famosa porque, curiosamente, se parece muito com o sítio para onde estão a mandar o dinheiro dos contribuintes com esta Jornada.

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Por falar em estátuas: foi inaugurada uma estátua da atriz Eunice Muñoz, em Paço de Arcos. É uma bonita homenagem, já que como Eunice se transformava tanto para os papéis, fizeram uma escultura em que está irreconhecível.

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Foi uma semana fria, com alertas do IPMA por todo o país. Mesmo assim, o executivo da Câmara do Porto rejeitou a atualização do plano de contingência para as pessoas em situação de sem-abrigo. Querem aquecer-se? Façam como os especuladores imobiliários e peguem fogo a um prédio da Baixa.

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A organizadora profissional Marie Kondo, famosa por causa de uma série documental na Netflix, admitiu que ao terceiro filho desistiu: “A minha casa está desarrumada”. Ao ouvir isto, Costa terá olhado para o Governo e suspirado “ai, filha, a minha também”.

[Artigo publicado originalmente na edição do dia 5 de fevereiro – número 1602 – da “Notícias Magazine”]