Wandson Lisboa: “Fico triste quando me chamam de influencer”

Cresceu com a TV Globo e virou fenómeno no Instagram, num perfil colorido que levou o “The Huffington Post”, em 2015, a considerar a conta de Wandson Lisboa uma das dez mais criativas do Mundo. Há doze anos que o brasileiro adotou a Invicta como casa. É designer, repórter, apresentador. E agora é Leandro, protagonista na série da RTP Play “iM LOVE - O hacker do amor”.

O ponto de encontro é no Aduela, o bar no Porto (que compara ao Central Perk da série “Friends”) onde é quase sempre certo encontrá-lo. Wandson Lisboa já lá está, na esplanada, chegou de bicicleta elétrica. Não conduz carro em Portugal. E não há finos na mesa. Mas só porque trouxe uma amigdalite dos três dias que passou em reportagem para a RTP no Nos Alive. Caso contrário, a cerveja era uma certeza. Carrega uma mala da Levi’s, de mulher, ao ombro, comprada em saldos. “Vi e pensei: não é de mulher mais não.” Sandálias nos pés, camisola amarela a combinar com os óculos, Wandson parece saído de um filme da Disney, da Pixar ou da Marvel, daqueles que idolatra e dos quais coleciona bonecada. É alegria e carisma. E sente-se o histerismo de quem estava prestes a pisar o Parlamento Europeu a convite da Comissão Europeia. Afinal, doze anos depois de aterrar no Porto, sozinho, sem rede, o brasileiro nascido no dia da Independência do Brasil e criado em São Luís do Maranhão está a “brilhar na Europa”, como tanto sonhou. Tem um lado magnético, diz ‘oi’ a meio mundo, criou raízes cá. E vive sem Photoshop, tudo à escala real, tal e qual no Instagram.

Quantos finos já lhe rendeu a brincadeira do “Paga finos”?
Começou aqui no Aduela o “Paga finos”, que é o maior desbloqueador social do Mundo. Porque, na verdade, ninguém paga finos a ninguém. Se eu te pago um fino, tu depois pagas-me um fino a mim. Vira um ciclo. Já lá vão muitos finos e conheci mesmo muitas pessoas à conta disto.

Transportou isso para o Instagram e até criou merchandising.
O Instagram do “Paga finos” começou no Milhões de Festa com dois amigos meus, que criaram a página. E aí pensei: isto pode ter umas ilustrações, uns brinquedos, uns pins. Assim fiz. Sinto que é uma espécie de um “eu te amo” dos tempos atuais.

Publicou, por estes dias, um vídeo em que recorda que foi em 2010 que veio para Portugal fazer pós-graduação em Design Gráfico. Porquê Portugal?
Primeiro, porque o meu inglês nunca foi bom. Estou a melhorar agora. E Portugal fala a minha língua. Cheguei a ir à Argentina com o meu pai procurar mestrados, mas quando pensei em Portugal, na Faculdade de Belas Artes do Porto, pelo valor das propinas e da renda, naquela altura pareceu-me adequado. Queria muito sair do Brasil, ter novas experiências.

Os primeiros tempos não foram fáceis e escondeu isso dos seus pais.
Claro. Se me tinha metido nisto, tinha que sair disto sozinho. Foi a força que me ajudou a tentar procurar trabalhos em todo o tipo de lugar, até fui a um casting do “Curto Circuito” que vi anunciado na televisão. Os amigos motivaram-me, diziam-me que tinha jeito. E eu a reclamar de dinheiro o tempo todo. Não fiquei, fui eu e a Cláudia Pascoal. Nenhum dos dois ficou e olha onde estamos agora (ri). Aí, surgiu o Canal Q, onde tive uma rubrica chamada “Tropicalíssimo”, depois a RTP onde continuo. As dificuldades deram-me forças para dar valor a muito do que tenho agora. Quando cheguei aqui não tinha nada.

Pelo caminho, virou estrela do Instagram. Mais de cem mil seguidores. É um fenómeno.
Tenho usado o Instagram como portefólio. Publico os trabalhos de direção de arte que faço para empresas. Quase tudo o que publico é de campanhas. E não uso Photoshop, trabalho com os objetos reais, sejam garrafas, limões. Fico triste quando me chamam de influencer, acredito que não influencio ninguém e o termo reduz muito o trabalho que não só eu faço, tem muita gente por trás a trabalhar. Na montagem de cenários, na fotografia, na edição. No fundo, estamos a criar uma pequena grande empresa.

Já tem o seu próprio estúdio?
Sim, abri o meu estúdio e estou a trabalhar por conta própria na minha empresa.

Mas as suas stories vão além de trabalho, são um autêntico storytelling digno de curtas-metragens.
Sim. Acordo de manhã e penso: porque não criar uma história hoje? O storytelling ajuda-me a concentrar, a criar mais coisas, cresci com a Globo, com o mundo da televisão brasileira, e tento transformar as minhas stories num canal de televisão do Wandson (ri).

Como quando o frigorífico avariou, em que relatou o drama de forma divertida?
A ideia é essa. Temos que rir das coisas. Sempre que um eletrodoméstico meu avaria, acho engraçado mostrar. Divirto-me com isso. E não levo tempo nenhum. Estou aqui e estou a gravar. É a chamada jornada do herói.

O que é que explica este sucesso virtual?
Talvez a palavra vulnerável. Sou o mais vulnerável possível. Acho que temos que passar verdade para quem assiste. Porque há tanta Internet de merda. Por isso, quando não estou bem, não gravo. Mas se quero realmente mostrar uma coisa que sinto que é boa, faço-o e acho que funciona e que as pessoas sentem isso.

Wandson Lisboa reconhece: “O calor humano no Porto é maluco, é lindo”

A nível do design, já tem grandes marcas no currículo. Como o festival Primavera Sound, um dos seus primeiros projetos.
E até hoje estou lá. A cada ano que passa, a responsabilidade aumenta. Comecei no primeiro ano a divulgar o festival, a fazer posts com os meus brinquedos e agora sou uma das pessoas responsáveis pela comunicação na parte digital. É incrível. Só que não vejo nenhum concerto. A parte mais fixe é poder estar nos bastidores com os artistas e pedir para mandarem beijos para o Maranhão.

Qual é, afinal, a sua profissão?
Sou um comunicador. Um comunicador que é ator, repórter, designer gráfico, pagador de finos, beijador na boca, brasileiro, português, do Porto, de Lisboa. Acho que nós, seres humanos, podemos ser muitas coisas. É muito bom ser um designer que apresenta um programa na RTP, que faz uma campanha para a Disney+. Ou que vai ao Parlamento Europeu. A Comissão Europeia convidou-me e fiquei muito feliz. Sou um luso-brasileiro numa visita ao Parlamento Europeu. Aceitei logo. Se é para brilhar na Europa, eu estou lá.

Cresceu com a Globo. E trabalhou lá…
Sim, passei a minha adolescência lá. Antes de vir, trabalhei na rádio, na filial da Rede Globo no Maranhão. E acho que ver os artistas passarem, aquela cena da televisão, os bastidores, é tudo muito aliciante, muito bonito. Crescer com isso, perceber como se faz uma novela, estar atento a guionistas brasileiros. Adoro o João Emanuel Carneiro, que é um grande guionista de novelas, o Manoel Carlos também. São grandes referências no meu dia a dia.

Foi criado pelos avós em São Luís do Maranhão. De que forma isso o moldou?
A mãe da minha avó era atriz. A minha avó é pintora. O meu pai Cadinho é químico, mas na verdade é um ator e publicitário frustrado. O meu tio é ator profissional. Cresci num mundo onde tudo era possível, tudo era muito mágico. A minha infância foi passada a estragar os fantoches do teatro do meu tio, as perucas, as indumentárias. Porque cresci com isso tudo lá em casa. E não estou a romantizar.

E cresceu com as festas de aniversário que a sua mãe montava para si. Ainda a tenta homenagear através do seu trabalho?
A minha mãe fazia todos os anos festas de aniversário para mim. E era muito doido. Não compreendia como é que uma pessoa começava em fevereiro a cortar coisas e a guardar em caixotes para uma festa que ia acontecer em setembro. Ela ensinou-me a ser organizado, a planear. Ela perguntava-me o tema que eu queria, era sempre o que estava a bater na televisão, mas depois acontecia com um atraso de sete meses (ri). E a riqueza de detalhes que vejo, hoje, nas fotos das minhas festas é o que tento trazer para o meu trabalho para a homenagear. Com esse processo todo, de meses e meses, para montar um cenário que é usado num dia e no Instagram, onde as coisas são muito líquidas. Ela deve estar lá em cima a ver isso tudo.

O amor pelo Porto, como se explica?
Passei a vida toda a dizer que ia morar em Lisboa, desde pequeno, por causa do meu apelido. Quando era miúdo e fazia uma birra, dizia aquelas coisas clássicas de “eu vou é morar para Lisboa”. Afinal, vim morar para o Porto. Na verdade, o Porto foi uma espécie de grito. Vim tentar fazer um mestrado para depois voltar para o Brasil com mais currículo. Mas acabei por ficar. O Porto era só um lugar de passagem. E quando percebi já era um lugar meu, eu fazia parte da cidade. Sinto-me completamente daqui, parte deste ecossistema portuense.

Tem semelhanças com o Maranhão?
Muitas. É pequena e grande ao mesmo tempo. Todo o mundo se conhece. O calor humano aqui é maluco, é lindo. As pessoas ralham contigo, mas na verdade não estão a ralhar, estão só a dizer que te amam. E no Maranhão também é um bocado assim. Esse jeito de berrar, de falar alto. Cresci com ruas com nomes de Portugal, de reis, os vossos azulejos estão todos lá, melhor, os nossos azulejos estão todos lá.

Denunciou, recentemente, um caso que testemunhou de um revisor da CP que fez comentários xenófobos sobre uma passageira brasileira. Ainda sente o preconceito?
Claro. E só agora, com os meus 35 anos, é que percebi que não é necessário o medo. É necessário confrontar. Antes, não tinha coragem de falar nada, calava-me, baixava a cabeça, porque estava num país que não era meu. A partir do momento em que percebes que fazes parte do país, que pagas as tuas contas, IRS, Segurança Social, e mesmo assim ainda és maltratado, não te deves calar. A propósito desse episódio, recebi mensagens de muitos brasileiros a agradecer. Não é só na CP. Já me aconteceu até na porta do Consulado brasileiro, com um segurança português. Há todo um ecossistema. E temos que falar. Isto não me vai fazer menos ou mais brasileiro, ou menos ou mais português.

Já tem a cidadania portuguesa?
Não, estou a lutar muito por isso. Com o SEF não está fácil. Está em processo. Há muito tempo. Estou há anos à espera. Como outros amigos meus que também estão à espera.

Publicações como a que fez criam buzz, a própria CP abriu um inquérito interno. Aí sente que tem poder de influenciar?
Sinto que estou a usar as redes sociais para uma coisa certa. Não para uma coisa mais fútil. Posso dar voz a quem realmente não consegue ter voz. Senti-me muito triste, mas completamente fortalecido por perceber que ali podia dar um grito e dizer basta. Isto está a acontecer com o pica, com a pessoa que está ao meu lado, está a acontecer ao meu redor e posso gravar e mostrar a mais pessoas. E é importante mostrar.

É também graças a essa coragem que levanta a voz contra Jair Bolsonaro?
Completamente. Mas, quanto ao Bolsonaro, já levantava a voz muito antes. Fico feliz que alguns artistas brasileiros tenham finalmente conseguido falar. O meu voto é Lula. Acho que o Brasil tem muito mais a ganhar com o presidente Lula. E é horrível o que está a acontecer lá agora, o golpe dentro do sistema eleitoral, aquele circo todo, é degradante o que tem acontecido com o Brasil. E a solução para 2023 é Lula da Silva.

Wandson Lisboa afirma: “Só agora, com os meus 35 anos, é que percebi que não é necessário o medo. A partir do momento em que fazes parte do país, que pagas as tuas contas, não te deves calar”

Mantém que é o ídolo mais acessível de Portugal?
Acho que tenho que resolver essa coisa do ídolo acessível. Foi um feitiço que virou contra o feiticeiro. A brincadeira começou quando encontrei o Rodrigo Santoro e pedi para fazer um vídeo com ele a mandar um beijo para o Maranhão. E ele disse “claro, bora lá”. Aí eu falei “gente, que ídolo acessível”. E agora parece que sou eu.

Quantos “ídolos acessíveis” já filmou a mandar beijos para o Maranhão?
Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Anitta, Pabllo Vittar, Filomena Cautela, Beatriz Gosta, Mallu Magalhães, Nuno Markl, Vasco Palmeirim. Tanta, tanta, tanta gente. Sempre que vejo um famoso, peço para mandar um beijo para o Maranhão.

A incursão pela televisão, nomeadamente na RTP, como aconteceu?
A RTP foi muito gradual. Recebi alguns convites para ir ao “5 para a meia-noite”, para fazer coisas na RTP Memória, agora fiz reportagem no Nos Alive, como já tinha acontecido em 2019. Nunca fui tão feliz a trabalhar aqui como com o meu trabalho na RTP. E isso digo de coração cheio. As pessoas ali dentro têm um respeito muito grande. Ser brasileiro, com sotaque brasileiro, e trabalhar na estação pública portuguesa é muito bonito. Levo alguns “hates” com isso, mas acho que o amor que sinto das pessoas da produção, dos câmaras, do pessoal que edita, do realizador, é lindo, dá vontade de querer fazer mais e melhor.

E agora é protagonista de uma série. Como é que a “iM LOVE” lhe caiu nos braços?
Recebi um convite nas redes sociais que achava que era tanga. Não acreditei, eles tiveram que insistir. A verdade é que já tinha feito teatro no Brasil, mas nunca tinha dito isso a ninguém, nunca vendi essa ideia do teatro, e isto surgiu de uma forma muito maluca. Quando dei por mim, já estava desesperado na casa do Nuno Lopes a pedir dicas sobre como atuar, como ler um guião como gente grande. E num instante estava dentro dos estúdios com as falas decoradas e já estava a gravar.

Valeu a pena.
Nos últimos tempos, esta foi a melhor e maior experiência que tive como pessoa. É um projeto da RTP Lab, com um orçamento muito, muito apertado. É uma espécie de série de guerrilha. Que todos ali queríamos que vencesse, que tivesse muito sucesso.

A faceta de ator estava escondida?
Nem eu me lembrava que tinha formação. Fiz teatro na escola da universidade durante muito tempo. Fiz algumas peças meio a brincar do Miguel Falabella. Brincava muito no grupo de teatro. E a minha vida e adolescência toda foi no teatro.

É parecido com o Leandro, a personagem, em alguma coisa?
Talvez só na timidez. De resto não. Ele é muito mais fechado, tem uma vertente muito solitária, um pouco maquiavélica até. E é muito engraçado poder falar do Leandro, porque as pessoas não estão à espera que eu faça um papel mais dramático. Então?, perguntam-me. Vai dar para rir? Não, não vai. É para pensar.

A série foca-se numa aplicação, criada pelo Leandro, para encontrar a cara-metade. E decidiu entrar no Tinder para ter essa experiência.
Entrei no Tinder para entender as dinâmicas e percebi que não era para mim. Aquilo parece um frigorífico. As pessoas deixam de te responder e depois tu também páras de responder porque vais encontrando mais gente. E nunca encontras a pessoa certa, porque estás constantemente a descobrir novas pessoas. É um vício. Estás a gastar os teus dados a tentar encontrar uma pessoa que pode ser que já esteja ali e tu nem percebas. A “iM LOVE” é diferente. É a melhor aplicação que pode instalar no seu telefone, dá 99,99% de certeza de que você encontrou o amor da sua vida (ri). Mas como é que ela faz isso? Têm de assistir à série.

A questão da proteção de dados, da cibersegurança está muito presente. É uma preocupação sua?
Sim. Em tudo o que fazemos na Internet, temos que passar os nossos dados. Depois de fazer a série, percebi que estamos a ser cada vez mais controlados e não vemos isso. Achamos muito bonito um controlo de voz em casa que liga e desliga à hora que quero, ou a porta em que podemos pôr a impressão digital e abre. Não percebemos que tudo é uma forma de os nossos dados, a nossa cara e a nossa vida estar exposta em todo o lado.

Curiosamente, à semelhança do Leandro, nunca tinha vivido um grande amor.
Estou a viver agora. Estou completamente apaixonado. E espero que consiga finalmente construir família neste país.

Como foi a experiência de gravar uma série?
Foram quase 15 dias sem parar, em 2021. Foi muito, muito forte. A minha primeira cena foi às seis da manhã a correr nas Virtudes e a gritar pela Marina (personagem por quem Leandro se apaixona). Imaginem o desafio que é para quem está a gravar uma série pela primeira vez. Havia uma certa vergonha, mas percebi, quando olhei ao meu redor, que estavam ali dezenas de pessoas a fazer parte daquilo, da gravação, da produção, da maquilhagem. Não estava sozinho.

Wandson Lisboa assegura: “A série foi uma espécie de taskmaster da vida real. Íamos com o guião decorado, mas depois o realizador mudava tudo. podíamos improvisar muito”

Houve liberdade, com guiões a mudar a toda a hora, espaço para improviso?
A série foi uma espécie de Taskmaster da vida real. Íamos preparados, com o guião decorado, mas depois o realizador mudava tudo. Queria que estivéssemos desligados do facto de estarmos a gravar e o processo que encontrou foi criar novos guiões para não nos agarrarmos muito ao texto. E nós a correr a ler. Isso tirava-nos a preocupação de termos um guião muito certinho para seguir. Podíamos improvisar muito.

Algum momento marcante?
A cena do interrogatório foi um gatilho de memória para mim. Tive situações muito complicadas com o SEF. Já fui expulso do país, nunca contei isto. Em 2010, quando a faculdade me obrigou a vir entregar documentos presencialmente em cima da hora. E o SEF expulsou-me. Estava matriculado como aluno da Faculdade de Belas Artes. E lembro-me muito bem de estar numa sala com o inspetor do SEF a dizer-me: “Desculpe, você não é jogador da bola, não é cantor, infelizmente você não tem condições para estar no país”. Fui para o Brasil, consegui os documentos e voltei para me matricular novamente na faculdade. Ao gravar a cena do interrogatório, comecei a chorar. Dá para ver na série que estou muito acanhado, inquieto. Foi a mais difícil.

E feedback?
Estava com muito medo, muito receio. Mas nunca recebi tanta mensagem boa, no Twitter, no Instagram. Já me sinto um pequeno grande ator.

Há mais projetos na manga?
Estou pronto, à espera. Usem o meu corpo (ri). Adorei fazer isto. É um processo de repetição muito bom. E de cada vez que repetes uma cena, fazes melhor. É um vício. Agora percebo os atores que querem fazer cada vez mais coisas. É muito cansativo, mas é uma arte genial. E estávamos só com uma câmara. Tivemos que gravar umas trinta vezes os planos do beijo, por exemplo. De cada vez que o fazíamos, tínhamos que voltar a maquilhar. Os bastidores da série são incríveis.

O Cadinho está orgulhoso?
Sim. E ficou muito feliz ao ver o “Easter egg” que deixei para ele (à semelhança do que acontece nos filmes da Marvel ou da Pixar) – deixei alguns. É numa cena, no primeiro episódio, em que estou com o telefone na mão e aparece a foto dele. Ele ficou louco. É muito bom em adulto poder homenagear o meu pai e mostrar-lhe que o esforço que ele fez para eu estar aqui, todas a voltas que demos, valeu a pena.