Voltar aos livros, voltar às aulas

Hábitos de trabalho são fundamentais. A programação do estudo é importante, um plano contínuo, não apenas a pensar na altura dos testes, das avaliações (Foto: AdobeStock)

O regresso à escola aproxima-se. Como estudar com eficácia? Como tirar boas notas? Como ter sucesso? Como ser aluno de topo? Instruções para não andar aos ziguezagues.

Saem os horários, verifica-se o material escolar, os livros e as mochilas. Em breve, os alunos voltam à escola. Antes disso, convém não esquecer a higiene do sono depois das férias, domesticar a hora de deitar e de acordar pelo menos uma semana antes de o ano letivo começar, bem como evitar a invasão de ecrãs nos espaços de descanso. Pormenores que interferem na aprendizagem.

Como estudar para ter sucesso? “Estudar não é uma capacidade inata, é uma capacidade que temos de adquirir, e não há fórmulas de sucesso. Cada um tem o seu perfil de aprendizagem, o seu perfil fisiológico”, assinala Renato Paiva, pedagogo, diretor da Clínica da Educação, autor de livros como “SOS Tenho de passar de ano” e “Ensina o teu filho a estudar”. O que funciona para uns não resulta para outros. Cada aluno tem de se conhecer a si mesmo. É um caminho útil e necessário. “Para uns apontamentos e resumos resultam, para outros nada disso. Para uns gravações e esquemas resultam, para outros nada disso”, exemplifica Renato Paiva.

Há, no entanto, regras e estratégias para aprender e tentar figurar no quadro de mérito. Com dedicação, concentração, disciplina e trabalho. “Um aluno para ter bons resultados tem de ter um método de estudo de acordo com as suas próprias características, mas que também dependerá do ciclo de estudo onde se encontra”, observa Jorge Rio Cardoso, professor, autor de vários livros na área da educação, entre eles, “Guia para seres o melhor aluno” e “Este ano vais ser o melhor aluno? ‘Bora lá?”.

“O aluno deve evitar pensar, em exclusivo, nas classificações e mais no processo que leva a essas notas”, garante Jorge Rio Cardoso, professor
(Foto: Filipe Amorim/Global Imagens)

Hábitos de trabalho são fundamentais. A programação do estudo é importante, um plano contínuo, não apenas a pensar na altura dos testes, das avaliações. É preciso sair desse registo. Ou seja, frisa Renato Paiva, estudar regularmente, consolidar conteúdos, rever a matéria, tirar dúvidas, cultivar a curiosidade. “Estudar de forma regular e atempada”, diz. E ler, ler, ter hábitos de leitura. “Não só adquirem novos conhecimentos, como saciam curiosidades a vários níveis e percebem que há outras formas de dizer e de escrever.” Ler para expandir conhecimentos, ler para interpretar, ler para saber.

Boa organização, método de estudo, criatividade, motivação. Estas são as quatro capacidades necessárias para ser bom aluno, segundo Jorge Rio Cardoso. Ponto prévio, antes de estudar, ter o material necessário, afastar tudo o que possa distrair, redes sociais, telemóvel. E um conselho. “O aluno deve evitar pensar, em exclusivo, nas classificações e mais no processo que leva a essas notas.” E há ainda as competências para aprender, absorver, perceber e aplicar. Ou seja, saber fazer apontamentos, resumos e esquemas com a matéria, organizar o estudo, compreender e memorizar, preparar as avaliações.

“Estudar não é uma capacidade inata, é uma capacidade que temos de adquirir, e não há fórmulas de sucesso. Cada um tem o seu perfil de aprendizagem, o seu perfil fisiológico”, explica Renato Paiva, pedagogo
(Foto: Paulo Spranger/Global Imagens)

Os alunos, considera Jorge Rio Cardoso, devem “habituar-se a classificar e a associar, mentalmente, conceitos novos e outros que já conhecem. Esta associação torna a memorização muito fácil”. E praticar, praticar, praticar. Fazer exercícios, aplicar a teoria à prática. “O aluno fica com a sensação de que está a resolver situações muito próximas daquelas com que se deparará em contexto de avaliação”, sublinha o professor. Um aluno de sucesso é um aluno crítico, que pensa e questiona, que relaciona matérias, que avança no conhecimento. E que nunca se acomoda.


Regras

  • Estudar todos os dias. Com um dia de descanso nos inícios de período.
  • Programar as sessões de estudo, dar-lhes uma dimensão temporal, 50 minutos, no máximo. Duas a três sessões por dia. Definir objetivos antes de começar.
  • Definir prioridades. Há disciplinas que exigem maior atenção e concentração.
  • Definir e escrever objetivos. Riscar à medida que são resolvidos. Não passar ao próximo sem resolver o anterior.
  • Fazer pausas. Descontrair.
  • Atenção aos limites. Respeitar horas de sono, não saltar refeições, praticar exercício físico.

Técnicas

  • Ler e reler.
  • Sublinhar.
  • Gravar apontamentos para ouvir a gravação quantas vezes se quiser.
  • Cartões. Pergunta de um lado, resposta ou explicação do outro.
  • Transcrições.
  • Dar uma aula, isto é, explicar a alguém determinada matéria.
  • Esquemas, diagramas, mapas, tabelas, para aprofundar conteúdos.
  • Apontamentos e resumos.
  • Pensar em voz alta, explicar o conteúdo a si mesmo.
  • Folha em branco. Escrever sem olhar para os apontamentos.
  • Fazer exercícios práticos.