Um pavilhão polémico e Miguel Alves em apuros

As justificações apresentadas por Miguel Alves a propósito do pavilhão não convenceram

Ministério Público está a investigar alegado pagamento sem garantias, no tempo em que Miguel Alves, atual secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, era presidente da Câmara Municipal de Caminha. Socialista tentou justificar-se em entrevista, mas não estancou contestação.

Os contornos
O caso remonta a outubro de 2020. Na altura, em nome de um futuro Centro de Exposições Transfronteiriço, que o autarca defendeu como um projeto “absolutamente revolucionário”, a autarquia fez um adiantamento de 300 mil euros a uma empresa que não é conhecida publicamente e a um empresário que tem informações falsas no currículo. Dois anos depois, o projeto continua na gaveta.

A PGR, o cargo, a “corte”
Depois de um prolongado (e muito criticado) silêncio, Miguel Alves deu uma entrevista ao JN e à TSF, em que garantiu não ter falado antes por entender que “as primeiras palavras deviam ser junto da PGR”. Defendeu ainda que o caso só existia por ter passado a secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro. E por haver “preconceito” em relação a quem está fora da “corte” mediática de Lisboa.

“Esta narrativa de suspeições veio criar um anátema e provavelmente 90% das pessoas entendem que sou um tolo ou um bandido”
Miguel Alves
Secretário de Estado Adjunto de António Costa

Contestação até no PS
As justificações apresentadas por Miguel Alves não convenceram, engrossando uma onda de contestação, mesmo entre figuras da área socialista. Os ex-ministros Alexandra Leitão e João Cravinho e a deputada socialista Isabel Moreira estão entre os políticos que manifestaram publicamente desagrado e incompreensão face ao caso.

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Para lá da polémica com o Centro de Exposições Transfronteiriço, Miguel Alves é arguido em dois processos. Num deles, a Operação Éter, que tem Melchior Moreira, ex-presidente do Turismo do Porto e do Norte, como protagonista, o Ministério Público está a investigar alegados contratos ilícitos e crimes de corrupção e abuso de poder com autarcas socialistas. Já a Operação Teia incide sobre alegados ajustes diretos na compra de sistemas informáticos por parte de autarquias do Norte.