Um lar poupado e aconchegado

A arquiteta Bárbara Dias assegura que é “obrigatório” incluir “elementos texturados que trarão mais calor ao ambiente”

Com qualidade térmica deficitária, grande parte das habitações portuguesas é sinónimo de desconforto no inverno. Em tempos de crise energética, recolhemos dicas práticas (e menos dispendiosas) para uma casa quente e mais eficiente.

Não é de agora que ouvimos dizer que a qualidade térmica das habitações portuguesas deixa, na maioria dos casos, muito a desejar. O frio e a humidade são, para várias famílias, uma constante. Quer seja uma casa isolada na aldeia ou um apartamento citadino, as habitações em Portugal estão, na generalidade, classificadas como sendo pouco eficientes em termos energéticos. E em tempos de crise, quando se aproxima um inverno rigoroso misturado com aumentos dos preços da eletricidade e dos combustíveis, importa conhecer alguns truques.

Para a arquiteta Catarina Alves, são dois os grandes problemas a destacar: “A falta de eficiência energética nas paredes das habitações e a fraca qualidade das caixilharias de portas e janelas”. Não havendo possibilidade para obras estruturais de maior, a profissional recomenda que, quando acessível, estes devem ser os dois primeiros focos de melhoria. Trocar as caixilharias por “soluções mais atuais e com melhor desempenho térmico” ou aplicar “isolamento no interior ou exterior” da construção são soluções que, ainda que exijam maior investimento, têm, garante Alves, “retorno em poupança de energia”.

A arquiteta explica que, “em Portugal, a preocupação e o cuidado com as condições térmicas são temas que surgem apenas no século XXI”, não havendo, ainda, grande remodelação e melhoria nas habitações mais antigas. “Durante décadas a construção desenvolvia-se com base no senso comum de que ‘Portugal é um país quente’ e, por isso, não se apostou em matéria de conforto térmico, ao mesmo ritmo de outros países.”

Pequenas diferenças

E é olhando para outros países que também podemos adaptar pequenas soluções que melhoram a sensação térmica da casa. Quem o diz é Bárbara Dias, também arquiteta. O primeiro passo é “evitar ter um espaço vazio, com pouco mobiliário, tapetes, almofadas, entre outros acessórios de têxtil”. Ou seja, é “obrigatório” incluir “elementos texturados que trarão mais calor ao ambiente”. “Decorar o espaço com cores quentes, evitando as frias, e preferir a luz amarela à branca, uma vez que as luzes mais amareladas transmitem sensação de calor” são também opções acessíveis e de rápida aplicação.

Catarina Alves corrobora, explicando que “a colocação de tapetes de grandes dimensões ajuda a ‘quebrar’ o frio de alguns materiais como as cerâmicas ou a pedra”. Seguindo estas dicas, não será necessário ligar tantas vezes a lareira ou colocar o aquecedor em temperaturas tão elevadas, poupando dinheiro nos gastos energéticos.

Também há que saber o que não se deve fazer. E Catarina Alves lembra que “as soluções mais dispendiosas são sempre as que recorrem a energia elétrica em exclusivo, por exemplo, o ar condicionado e os aquecedores”. Se possível, “devemos, cada vez mais, recorrer a energias renováveis, sobretudo através do aproveitamento de coberturas para sistemas de painéis solares, tanto para energia elétrica como para aquecimento de águas”.

Bárbara Dias, fundadora e responsável da empresa Pistachio, reforça que um projeto de interiores é muito mais do que estética, já que “visa dar resposta a problemáticas do espaço”. Um ambiente “funcional, prático e confortável” é o foco de qualquer estudo de um decorador, designer ou arquiteto.