Uber Files. Apeados na ilegalidade

Investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas (ICIJ), que analisou mais de 124 mil documentos, revelou que a empresa norte-americana usou práticas ilícitas para expandir o negócio. E nem Portugal escapou.

Violência e “killer switch”
A investigação concluiu que, entre 2013 e 2017, a Uber levou a cabo uma estratégia de promoção da imagem da empresa junto da opinião pública que pretendia tirar partido da violência dos taxistas contra os seus motoristas. Para isso, estes terão sido incentivados a fazer frente aos taxistas, apesar do risco de serem agredidos. O ICIJ denuncia ainda uma prática reiterada de “killer switch”, um método para contornar a investigação judicial que consistia em cortar o acesso informático a dados da aplicação.

89,4 milhões de euros
O montante que a Uber terá dedicado a ações de relações públicas e lóbi, num só ano (2016). A empresa criou uma complexa teia de lóbi que ia desde magnatas dos meios de comunicação a primeiros-ministros. Emmanuel Macron, então ministro da Economia de França, Joe Biden, na época “vice” de Obama, e Mark Rute, na altura primeiro-ministro dos Países Baixos, são alguns dos nomes que surgem nos “Uber Files”.

Denegrir e vasculhar
Segundo mensagens citadas pelo “The Washington Post”, em 2015, Rui Bento, então gestor da empresa em Portugal, propôs criar uma ligação direta entre as declarações de Florêncio Almeida, presidente da ANTRAL (associação de taxistas), e os vários episódios de agressões contra motoristas da Uber. Tudo para denegrir a imagem do líder rival. O gestor da comunicação da empresa ainda acrescentou que seria importante vasculhar o seu passado. Para ter “algo sexy” para os media.

19 milhões
O número de viagens diárias feitas pelos motoristas da Uber em todo o Mundo.

“A violência garante sucesso. E há que resistir a estes tipos, certo?”

Travis Kalanick, antigo CEO da empresa (em mensagem citada pela investigação)