Toda a alma no papel

Patrícia Brissos, criadora da Alma em Papel

Patrícia Brissos voltou a pintar e ilustra cadernos e blocos de notas no seu projeto que de um sonho se tornou carne e osso. A inspiração vem de memórias e do ambiente que a envolve. E é no detalhe que se diferencia.

Era miúda e guardava pedaços de papéis bonitos, folhas que cheiravam bem, envelopes que não mereciam ser deitados fora. Cresceu, formou-se em Educação do Ensino Básico, em Português e Inglês, não exerceu, trabalhou em livrarias durante anos. Entretanto, recuperou o prazer de pintar, gosto de menina, e percebeu que era altura de fazer o que lhe dava realmente prazer. “Uma marca de papelaria com as minhas ilustrações”, conta.

Patrícia Brissos começa a criar padrões, a trabalhar com uma designer, a passar para o papel o que lhe enchia o peito. “Alma em Papel” nasce em outubro do ano passado com cadernos de capa dura e capa suave, com e sem argolas, blocos de notas, planners de secretária, to do lists. Artigos que alimentam a paixão pelo papel.

O projeto foi mastigado durante dois anos. Era necessário dar-lhe forma, preenchê-lo de identidade e personalidade. “Sonhar, projetar, planear, pensar nisto e naquilo. Passar tempo numa gráfica a mexer em papel, a senti-lo, a cheirá-lo, a escrever, a ver como se comporta na mão.” É um papel robusto, de 90 gramas, mais grosso do que o habitual, tonalidade creme. Tudo lhe interessa porque tudo é importante. As cores, as texturas, os pormenores, o formato. O papel, sempre o papel.

A inspiração vem de vários lados. Do limoeiro que tinha nas traseiras de uma casa onde viveu e que era parte do cenário enquanto pintava. Das flores silvestres que apanha com as filhas nas caminhadas que fazem em conjunto. Da identidade dos azulejos portugueses. Do azul do nosso mar e das nossas gentes. “Gosto da ideia de um padrão e de criar uniformidade”, confessa. Os desenhos e motivos criam coleções. E cada pormenor merece a máxima atenção. “O detalhe vai fazer a diferença entre um caderno qualquer e o da ‘Alma em Papel’”, destaca. Os cadernos têm uma bolsa dentro da contracapa, os acabamentos são feitos à mão e individualmente, os elásticos são colocados manualmente. Os cadernos de capa grossa têm uma folha solta com linhas e quadrículas para servir de decalque e dar liberdade para páginas com ou sem linhas, com desenhos, palavras, o que se quiser.

Patrícia Brissos quer que os seus artigos sejam uma experiência, nessa ligação emocional com a escrita, com o papel, com o cheiro de um caderno novo, com o toque. Os artigos “Alma em Papel” estão à venda no site da marca, em livrarias Bertrand, em algumas Fnac, em pequenas lojas e papelarias espalhadas pelo país. Os preços vão dos 3,95 aos 14,95 euros.

O projeto tem poucos meses. “Os inícios são todos desafiantes e valem a pena”, confessa Patrícia, que tem novos artigos em perspetiva. Papel de carta, envelopes, planners semanais, cartas de receitas como a avó tinha e guardava numa lata. “Acredito que a vida tem de ser vivida com prazer e que podemos trazer coisas bonitas para a nossa vida.” Alma em Papel quer ser isso mesmo, uma viagem sensorial e harmoniosa entre papéis.