Sensores de papel detetam ácido úrico de forma eficiente e barata

O sensor já foi testado em amostras de urina humana e revelou ser eficiente

Descoberta foi feita por investigadores da Universidade de Aveiro, que já estão a trabalhar com empresa para desenvolver o produto.

Investigadores da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveram sensores de papel que permitem, de forma eficiente, rápida e barata, detetar ácido úrico em amostras de urina, que em excesso pode provocar gota, pedras nos rins e problemas cardiovasculares, entre outras doenças. E já estão a trabalhar com uma empresa para fazer chegar a inovação ao mercado.

Neste projeto, a equipa de investigadores do Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação (i3N) da UA utilizou espuma de grafeno, obtida através de uma técnica que consiste em irradiar o papel com um feixe laser de forma a transformar a sua superfície (celulose) na tal espuma.

Esta espuma de grafeno “tem propriedades físicas (eletroquímicas) que, em contacto com o ácido úrico, sofrem alterações que podem ser medidas”, conta Florinda Costa, que liderou a investigação, adiantando que a intenção é usar o mesmo princípio para virem a detetar a presença de outros marcadores (como o neurotransmissor dopamina) na urina e noutros fluidos corporais. É que estes sensores, sublinha a investigadora, “são fáceis de fazer e baratos, por isso interessa-nos potenciar as aplicações e procurar outros compostos que estejam na urina ou noutros fluidos”.

Estes sensores são flexíveis, sustentáveis e têm um baixo custo de produção. Podem “ser usados em casa” ou em situações em que o acesso ao diagnóstico é uma dificuldade. Ao ajudarem a “detetar alterações no organismo, de forma precoce”, as pessoas poderão mais rapidamente realizar exames específicos e procurar tratamentos adequados, acrescenta Florinda Costa.

O sensor já foi testado em amostras de urina humana e revelou ser eficiente. Atualmente os investigadores estão a “começar a trabalhar, no âmbito do PRR, com uma empresa que pretende aplicar estes e outros sensores”, revela a docente.

Os sensores em papel foram desenvolvidos a propósito da tese de doutoramento de Bohdan Kulyk, financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, com a parceria da Universidade Nova de Lisboa. Os resultados foram publicados recentemente na “Carbon”, uma revista científica internacional sobre materiais de carbono. Para além de Bohdan Kulyk e Florinda Costa, o artigo é assinado por Sónia Pereira, António Fernandes, Elvira Fortunato e Nuno Santos.