Rishi Sunak, Bolsonaro, Lula e o Just Stop Oil
Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.
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É um proforma comum na imprensa escrita: para este texto chegar até si no domingo, eu tenho de o entregar alguns dias antes. Há um risco: será que o Reino Unido ainda tem o Rishi Sunak como primeiro-ministro ou será que neste momento já é uma das Spice Girls ou um prato de baked beans?
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A ser Sunak, este é o primeiro-ministro mais rico de sempre em Downing Street, sendo mesmo mais abastado do que Carlos III. Aposto que nem tem de gritar com as canetas, tem quem grite por ele.
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Este é o terceiro primeiro-ministro conservador em poucos meses, mas algumas sondagens, como a do instituto YouGov, indicam que a vontade dos ingleses é a de terem eleições antecipadas. É que nesta lufa-lufa nem há comícios, nem esferográficas grátis nem autocarros com mentiras #saudades.
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Esta madrugada, os relógios atrasaram uma hora. É pegar nessa sensação de jet lag e nos 125 euros do Costa e brincar aos ricos durante um dia. Tipo férias em Capri, mas em Cedofeita.
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Desde 2019 que existe uma proposta da Comissão Europeia para acabar com a mudança da hora. Aposto que foi feita por uma daquelas pessoas que nunca tem pachorra para acertar o relógio do carro ou do micro-ondas e ficam com ele errado seis meses.
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Quem pode atrasar mais umas décadas é o Brasil, que tem hoje a segunda e derradeira volta das eleições presidenciais. Tudo pode acontecer, segundo as sondagens. Vai dar ótimos filmes daqui a uns anos, para já dá só uma péssima realidade.
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A Just Stop Oil continua a sua senda de alimentar obras de arte. Depois da sopa de tomate para Van Gogh, agora foi puré de batata para Monet. Segue-se bacalhau à Gomes Sá para Picasso e bolo de bolacha para Gauguin. Comem melhor do que muitas famílias.
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Circulou muito uma fotografia do “Expresso” com imagens de latas de atum num supermercado com alarme. Muitas pessoas acharam que a foto foi manipulação. Só que, infelizmente, a pobreza não é ficção científica com CGI (animação digital). É mesmo de carne (pouca, muito pouca) e osso.
[Artigo publicado originalmente na edição do dia 30 de outubro – número 1588 – da “Notícias Magazine”]