Raiz. Horta vertical. Menos espaço, menos água

A horta cresce em altura, como “concept farm”

Agricultura, urbanismo e sustentabilidade são as bases da startup Raiz, que quer mostrar ao país o que é capaz de fazer. O primeiro passo está dado num contentor, no Beato.

Não é um sistema comum. É uma horta vertical num contentor abandonado com capacidade para produzir mais de 9600 plantas com menos 95% de água, menos 95% de uso de terra, menos 50% de fertilizantes, nada de pesticidas, um sistema de energia híbrido com 36 metros quadrados de painéis solares, sensores conectados ao telemóvel. Nos Arroz Estúdios, no Beato, em Lisboa, ergue-se uma instalação completa do que a startup Raiz quer fazer pelo país.

A horta surgiu no início deste mês com ervas aromáticas. A ideia é expandir o conhecimento, plantar vegetais sazonais, explorar outros lugares. “A ambição é sermos capazes de aplicar esta fórmula em outros espaços. Queremos criar uma rede que consiga produzir alimentos para a população”, revela Lucía Salas, espanhola, responsável pelas operações da horta, “obcecada pela Natureza desde os três anos”, sempre à cata de insetos e plantas, formada em Marketing e Comércio Internacional. “A horta que criámos é uma demonstração do que nós somos capazes de fazer”, adianta.

A equipa de seis fundadores tem várias nacionalidades: portuguesa, espanhola, britânica, húngara, mexicana e italiana. O grupo juntou-se em 2021, analisou possibilidades e oportunidades, recursos e conceitos, e avançou com uma campanha de crowdfunding. Correu bem.

A horta cresce em altura, como “concept farm”, está aberta ao público, pode ser visitada, e o que é produzido pode ser comprado no local, além de ser vendido em mercados de bairro, feiras e a restaurantes. Tudo criado com menos custos na cadeia de valor. Lucía Salas não tem dúvidas. “É um sistema interessante em termos de tempo e de espaço, é um sistema económico mais resiliente.” E a verticalidade permite uma melhor organização espacial, uma maior arrumação.

“Acreditamos que a agricultura vertical é um complemento muito bom para o sistema alimentar dadas as circunstâncias, as mudanças climáticas, a maior dificuldade em produzir alimentos, a seca na Península Ibérica é terrível”, observa Lucía. “Com esta conjuntura económica, social e ambiental, a agricultura vertical faz mais sentido”, acrescenta.

A Raiz quer contribuir para cidades mais inteligentes e sustentáveis com uma agricultura moderna, cosmopolita, diferenciadora. Onde seja possível e onde faça sentido. Em setembro, a startup abre uma campanha para captar investidores, angariar um milhão de euros, para colocar em marcha alguns projetos que o grupo anda a preparar. Ideias não faltam.