Os emigrantes voltam à terra e há festa e há negócio

Em Queiriga, fala-se francês, a taberna está cheia, a população quintuplica. Em Coelhoso, a hora de deitar estende-se pela madrugada. Em Santulhão, os carros com matrícula estrangeira encostam-se às casas de pedra. Em Lamas, há fitas a anunciar música e bailarico. São saudades, são férias, é diversão, é a economia a girar. Um sopro de vida em quatro aldeias do país.

É o primeiro dia de agosto, montam-se os ferros das barracas no quintal do padre para as festas, a do emigrante foi quinta-feira passada com Quim Barreiros a fechar a noite, este domingo é a de Nossa Senhora da Saúde, há missa e procissão, romaria e música. O palco será montado na estrada, 12 metros de largura por 12 metros de comprimento, trânsito cortado. A meio da manhã, está quente e a temperatura há de bater nos 40º graus em Queiriga, a aldeia mais francesa do país, concelho de Vila Nova de Paiva, distrito de Viseu, centro do país. Com a chegada dos emigrantes, a população de 500 residentes quintuplica, ou até mais, provavelmente chegará aos três mil. E só se fala uma língua.

“Agora é preciso falar francês”, avisa Augusto Costa, o único taxista e o único sapateiro em Queiriga. O táxi está estacionado à porta da sua oficina-sapataria com máquinas antigas, tudo a funcionar, garante. É um verão de muito trabalho. Trazer e levar emigrantes ao aeroporto, 160 quilómetros, uma hora e quarenta e cinco minutos até ao Porto, telefonemas de França para combinar horários, um leva e traz constante. “É muita malta, 70% da população está emigrada, sobretudo em França. Muita gente vem de avião, muitos vêm de carreira, multiplica-se o serviço do táxi, aumentam os consertos dos sapatos, trazem às sacadas para arranjar aqui.” As prioridades estão definidas. Primeiro, o táxi, depois, os consertos. “Os sapatos podem esperar.”

Augusto Costa também foi emigrante, 16 anos em França, voltou de vez em 1986, trouxe os filhos, dois rapazes e uma rapariga. Queiriga aquece com os emigrantes. “É um convívio, perde-se muito sono. Este ano, é especial.” O regresso das festas depois da pandemia.

Augusto Costa é taxista e sapateiro em Queiriga, a aldeia mais francesa do país. Em agosto, não pára

Maria do Carmo levanta-se todos os dias às cinco da manhã para fazer a limpeza ao café-restaurante Avenida, em Coelhoso, para abrir por volta das sete. No primeiro de agosto, não foi bem assim, às seis da manhã tinha gente à porta, emigrantes sobretudo, para tostas e torradas em pequenos-almoços fora de horas. “Antes de abrir, já tinha clientes”, conta. Alexandre Pais, o marido, deitou-se por volta das três e meia da manhã. O casal, dono do Avenida, gere os horários com a ginástica necessária para que tudo funcione. Café com esplanada e com o que é preciso ali no centro de Coelhoso, aldeia de Bragança com pouco mais de 300 habitantes. Duas ruas centrais paralelas mais largas das que serpenteiam as casas antigas, habitações de emigrantes, dezenas de automóveis de matrícula francesa, alguma agitação com motos-quatro para cima e para baixo nos paralelos. “Agora, no verão, é outra coisa, é claro que a gente triplica”, admite Alexandre Pais. Mais pessoas, mais negócio, mais receita, e mais trabalho.

Alexandre Pais e Maria do Carmo abrem o café Avenida bem cedo e fecham tarde. Os filhos da terra estão de volta para visitar a família e brindar com os amigos

A coluna da música está a descansar da noite anterior para voltar ao serviço. Quando o sol começar a bater, pela tardinha, liga-se o ar condicionado. “Os emigrantes fazem a festa, se cá morassem, abriam a escola em Coelhoso.” O comerciante sabe do que fala. “Sei o que é ser emigrante, a gente quando apanha um mês de férias, aproveita.” O casal esteve emigrado em França durante quase 30 anos, voltou há quatro. Na parede do Avenida, por trás do balcão e como recordação, guarda a matrícula francesa da mota que legalizou em Portugal.

A aldeia de Coelhoso, em Bragança, está cheia de emigrantes

Santulhão é a primeira aldeia de Vimioso do litoral para o interior, terra de olivais, no nordeste transmontano. A população de 330 habitantes residentes triplica no verão com os emigrantes que chegam sobretudo de França. Só há dois cafés, um ao lado do outro, separados por um pequeno estacionamento, o restaurante fechou, não há talho, nem peixaria. Casas restauradas, casas sem gente, uma fonte num largo, dois burros que matam a sede num bebedouro, uma mulher de preto dos pés à cabeça guia os animais, um casal de velhotes descansa à sombra, um homem num trator anda na sua vida, há carros de matrícula estrangeira que reluzem ao sol estacionados junto a fachadas de pedra e xisto, recupera-se um antigo lagar com máquinas para abrir um museu dedicado ao azeite. A aldeia tem um lar de idosos, o maior empregador dali. E está muito calor.

Em Santulhão, Vimioso, os cafés têm mais movimento

Carlos Ramos e Elisa Martins são emigrantes, ele é de Santulhão, ela de Chaves, moram e trabalham em Pamplona, Espanha. Entram no café a meio da manhã, chegaram há três semanas, dentro de dias estão de volta a Espanha, o trabalho espera-os, Elisa tem de estar na creche, Carlos é motorista. Um mês de descanso na aldeia, sem andar de um lado para o outro, aproveitar a Natureza. “Passear, comer, beber e dormir”, resume Carlos com um sorriso. Aos 20 anos partiu para Pamplona onde estava o irmão. Elisa fala de sossego e descanso, nada de férias dentro do carro a saltitar de lugar em lugar. “Passear pelo monte, ver a horta, o que tem lá”, descreve. Carlos explica que é a terra e o carregar energias que o fazem voltar e é com gosto que vê a aldeia “crescer” no verão. “Tem três ou quatro vezes mais gente.”

Carlos Ramos e Elisa Martins estão emigrados em Pamplona, Espanha

Josy Silva atende o casal e a clientela no café snack bar O Caçador. “As expetativas são boas.” Josy passa mais tempo no café do que em casa, há mais pedidos, mais tostas, lanches, pizas e moelas a sair para a mesa. “Totalmente diferente, agora vê-se mais gente.”

De Satão, distrito de Viseu, a Lamas de Ferreira de Aves não são muitos quilómetros de distância, há um caminho pela estrada de paralelos com a igreja do antigo convento de Nossa Senhora da Oliva à esquerda. À entrada da aldeia, com cerca de 600 habitantes, a mais composta da freguesia, está um cartaz à beira da estrada com o programa das festas que começaram quinta-feira e terminam neste domingo com um torneio de sueca, folclore do rancho da terra e mais música pela noite dentro. Há também fitas de várias cores em fios no ar na rua que atravessa a aldeia que tem algum movimento, farmácia, pronto-a-vestir, cafés, restaurantes.

Em Lamas de Ferreira de Aves, Amândio Lemos Chaves tem um minimercado à moda antiga

Amândio Lemos Chaves tem um minimercado à moda antiga com tudo o que se possa imaginar, deste e doutros tempos. Carrinhos de linhas, cabides, peneiras, frutas, enlatados, produtos alimentares, congelados, meias de licra, roupas e calçado, cachecóis de clubes, bolas de basquetebol, fogareiros, panelas de ferro fundido de três pernas, boinas e chapéus. Tudo, quase tudo. Não consegue ter as prateleiras vazias, a descoberto, levanta-se cedo para fazer as compras necessárias, meia hora de Viseu, onde mora, até Lamas, onde tem o negócio. Clientela habitual e, nesta altura, já se sabe, mais rebuliço com os emigrantes, só fecha a porta quando atende o último cliente. “Vai dando para os gastos”, confessa, lembrando que os emigrantes preferem as grandes superfícies, mas num aperto vão ao seu Minimercado Central Lemos Chaves. “Lá vai parando gente aqui, nota-se no trânsito na estrada, são mais os carros estrangeiros do que os portugueses”, refere.

Romarias, torneios, rojões, rodadas com amigos

Maria Cândida ainda tem no contador o valor da última chamada feita para França no telefone público, uma cabine improvisada que instalou num canto do seu minimercado situado no miolo de Queiriga onde as casas são de aldeia e a rua de paralelos. O telefonema foi há instantes, agora atende duas mulheres com duas meninas, todas falam francês, pouco depois um cliente estaciona à porta, não sai do carro, vai buscar o que pede, mostra-lhe, não são iogurtes, afinal são compotas, compras tratadas, entregues pela janela do automóvel, contas feita, troco dado. E o senhor vai à sua vida. Maria Cândida trata de outras tarefas no seu minimercado, tem uma caixa de correio na fachada, avia quem quer pagar a luz, o gás, o telefone, e ainda trata do pagamento de reformas. O negócio do minimercado triplica com os emigrantes, em agosto estica o horário de funcionamento para lá das seis da tarde, quando se justifica, por volta das 8.30 horas já tem a porta aberta. “Falamos a mesma língua e é mais fácil, principalmente para os miúdos que vêm cá sozinhos.” Maria Cândida nasceu em França, vinha à terra dos pais todos os verões. “Gostava de vir para aqui.” Há 12 anos, cumpriu o desejo, instalou-se na aldeia dos pais, abriu o minimercado, o único atualmente em Queiriga.

Maria Cândida gere o único minimercado de Queiriga com um pouco de tudo. Tem telefone público, numa cabine improvisada no seu estabelecimento, trata das faturas da luz, gás e telefone, e paga as reformas aos mais velhos

A rua principal de Queiriga atravessa a aldeia, corta-a a meio, ainda há sinais de obras no asfalto, várias casas de emigrantes, mármores em fachadas, lacados brancos, estores de metal. É quase meio-dia e não se consegue estacionar à porta da Taberna do Fisga, há carros de matrícula francesa dos dois lados da rua. O café que é restaurante, o único em Queiriga, tem bastante gente que apaga a sede, que espera pelo almoço para levar para casa ou pela mesa reservada. O prato do dia são rojões com batatas cozidas. A esplanada à entrada está a esvaziar, a das traseiras está composta, tem um pequeno parque infantil e campos para malha e petanca.

Em fevereiro deste ano, Luís Gomes tomou conta do negócio, batizou a taberna com a alcunha do pai que é também sua, Fisga, a mãe está aos comandos da cozinha. “Queiriga estava a morrer pouco a pouco, falámos em família, dissemos ‘vamos ficar com aquilo’, não havia risco nenhum, não havia restaurante”, recorda. Serve almoços com um único prato do dia, 7,5 euros com sopa, prato, bebida, sobremesa e café, tem mais três pratos na carta, à noite, só se for alguma coisa de cozinha rápida. “No tempo em que estamos hoje, não fazemos para gastar.”

O negócio está a correr bem, média de 40 almoços por dia, muito take-away, na última sexta-feira de julho chegou às 80 refeições com o bacalhau à Brás a ter bastante saída. Muito trabalho, à noite tem a taberna cheia, fecha apenas para fazer limpeza.

Continua a entrar gente na Taberna do Fisga, um miúdo com o equipamento da seleção nacional, todos se conhecem, todos falam a mesma língua, francês naturalmente, Luís anda de um lado para o outro a ver se está tudo bem. “Queiriga é um mundo, só estando cá para ver, a juventude é unida, tudo junto, não há idades, e isso é que é bonito”, diz. Luís Gomes emigrou com 16 anos por amor (e valeu a pena) e está há 27 anos em França. Talvez a taberna o faça ficar. “Queiriga foi sempre a minha aldeia”, confessa.

Luís Gomes está emigrado em França, em fevereiro abriu a Taberna do Fisga em Queiriga, a sua aldeia. Agosto promete, o espaço está cheio, serve almoços por reserva e tem take-away)

Na Taberna do Fisga, Hermínio Almeida Gomes conversa com emigrantes que também vieram de França, vai participar no torneio de petanca, a mulher vai chegar de França, a filha já chegou e foi para o Algarve. Conversa animada, fala-se de quem é o melhor na petanca, rodadas pelo balcão e pelas mesas, Hermínio aguarda pelo almoço para levar para casa. Emigrou com dez anos, foi ter com os pais, lá ficou, está reformado. Este verão, mês e meio na Queiriga, uma visita a Óbidos pelo meio. A vinda à aldeia é sempre uma certeza. “Nascemos aqui, temos cá família, temos primos. Visitamos a família, bebemos uns copos, vemos os amigos. Aqui é uma vida, lá é outra”, assinala.

Em Coelhoso, Ricardo Cordeiro não tem parança ao balcão do seu café e restaurante O Tardego, as funcionárias também, é a esplanada, é a sala, é o terraço que funciona como espaço de refeições ao ar livre e onde se procura escapar ao calor – estão quase 40º graus. É dia de lombo de porco com batatas assadas e arroz de forno, há outros pratos a sair e bebidas para calar a sede. “A chegada dos emigrantes traz movimento, sem dúvida alguma, a nível da economia sobe muito mais”, confirma o comerciante que esteve emigrado em Paris e voltou há dez anos.

Ricardo Cordeiro senta-se à mesa depois das duas da tarde para almoçar com amigos, com a família de José Rodrigues, emigrante em França há 35 anos. José veio da aldeia vizinha de Parada, três quilómetros de estrada, para um almoço com tempo, sem pressa, com conversa e rosé no gelo. O regresso só acontecerá no final do mês. A vinda, e são duas ou três vezes por ano que se faz à estrada para a aldeia, tem um ingrediente imbatível. “O coração é que manda: é o amor. A economia é o amor.”

Clemência Macedo sabe o que clientes habituais querem, entram, escusam de pedir no café Teixeira com esplanada para a rua mais moderna de Santulhão. Café para aqui, Martini com cerveja para acolá, as lides do costume. O movimento aumenta com os emigrantes. “Claro, este mês nota-se mais um bocadinho à tarde e à noite. No mês de agosto, dá para pôr mais um bocadinho de lado. Vai dando para viver”, comenta Clemência que esteve dez anos emigrada em França, há 23 voltou para Santulhão. Conhece-lhes os hábitos, as saudades que sentem. “Os emigrantes vinham na mesma, mesmo quando não havia festa. Estão habituados a ver a família.”

Vinho, azeite, queijo e salpicão

Os termómetros disparam, o calor não dá tréguas, Armando Aguiar e a irmã Manuela Aguiar, nascidos em Lamas, vêm ao café com a família depois do almoço, instalam-se na esplanada. Chegaram no último dia de julho, 14 horas de carro desde França. “Vimos cá todos os anos no mês de agosto, faz bem vir cá, temos uma casa aqui, mais acima”, indica Armando. A irmã concorda. “Gostamos de vir cá, o ambiente é diferente, mais descanso, a maneira de viver.” Mais calma, sem trabalho na cabeça, a família por perto, festa e bailarico na aldeia. “Para lá, a mala vai cheia”, revela Armando. Cheia com tudo o que couber: vinho, azeite, vinho do Porto, queijo, salpicão, farinha e o que mais apetecer.

O bar da Associação Os Queiringuenses está aberto, tem matrecos e uma esplanada virada para o quintal do padre, mais acima, a igreja e a junta de freguesia. A montra está repleta de cartazes a anunciar as festas, os torneios de petanca e de malha, o porco no espeto, uma caminhada. Thierry Chaves ocupa uma mesa cá fora com a mulher e o filho. Chegaram há três dias, vieram de carro, sete horas de viagem desde Pau, nos Pirenéus, perto da fronteira espanhola. Ficam quase um mês de férias. Thierry, filho de pais emigrantes, nasceu em França, regressa à aldeia do pai com gosto. “São as pessoas do que gosto muito porque a mentalidade é diferente. É muito agradável, a comida, a paisagem é diferente, até o ar que respiramos”, adianta. É o descanso do trabalho à volta de telhados e de alumínios num agosto que Thierry quer aproveitar até ao último minuto, todos os dias, em todas as festas até a música desligar. “E deixar algum dinheiro para a economia.”

A família de Armando Aguiar numa esplanada em Lamas

As aldeias sentem a presença dos filhos da terra que um dia partiram à procura de uma vida melhor. Nas contas de Jorge Gonçalves, presidente da Junta de Santulhão, a população cresceu o triplo neste verão. A aldeia tem 330 habitantes e 450 casas, muitas delas desocupadas. “Os emigrantes, sobretudo os que têm à volta de 50 anos, têm alguma preocupação com as terras que herdam das famílias. Arranjam, limpam, tratam dos olivais”, sustenta o autarca. A desertificação do interior é acentuada, Santulhão perdeu 100 habitantes de 2011 para 2021, se antes as festas do concelho se espalhavam pelo ano, agora concentram-se na altura em que os emigrantes regressam. O calendário das festas e romarias foi ajustado por esse motivo. “É sempre melhor que haja mais gente.”

Nestes dias, há festa em Santulhão, hoje uma exposição de vinho Saint-Louis pelas 15 horas e noite dos anos 1980 a partir das onze da noite. Amanhã, caminhada às oito da manhã e noite dos anos 1990 às 23 horas; terça, noite branca e pingue-pongue de cerveja; quarta, jogos tradicionais e torneio do prego; quinta, torneio de petanca e futebol e jantar-convívio com concertina; sexta, procissão das velas e torneio de cerveja; sábado, missa em honra de São Cosme e São Damião e banda e DJ a partir das onze da noite; domingo, procissão e missa dedicada a São Lázaro e mais música a partir das 23 horas. O XX Festival de Música Tradicional e Celta de Santulhão acontece a 19 de agosto e a entrada é gratuita. Os emigrantes, claro está, juntam-se à festa.

A página do Facebook da Junta de Freguesia de Coelhoso anuncia a X Festa do Cordeiro, festa da terra, uma espécie de boas-vindas aos emigrantes. E informa que se disponibilizam espaços exclusivos para residentes interessados na venda dos seus produtos agrícolas. A festa é neste fim de semana, ontem foi a abertura oficial, o concurso de ovinos da raça churra galega bragançana, branca e preta, entrega de prémios, música a fechar a noite. Hoje, domingo, caminhada às oito e meia da manhã e mais música pelas cinco da tarde.

Queiriga também está em festa, a aldeia mais francesa de Portugal. O estatuto não é feito a olho. “Não somos nós que o dizemos, são os números”, salienta Cristóvão Chaves, presidente da junta de freguesia. “O comércio ganha mais força com a vinda dos emigrantes. E este ano é especial, tivemos dois anos de restrições. Nota-se muito mais gente, muito mais alegria, principalmente nos jovens. É um ano completamente diferente.”

Thierry Chaves e família em Queiriga, onde, no início da semana, se montavam as estruturas das barracas para as festas

Maurício Marques, secretário da Junta de Queiriga, explica onde fica o palco, onde as barracas têm de ser instaladas, traça o plano de montagem. A aldeia encolheu nos anos 1960 com a debandada da emigração, maioritariamente para França. No seu casamento, contou 32 sobrinhos emigrantes só do lado da mulher, neste verão, a família que está lá fora, mais de 20 entre cunhados, primos e sobrinhos, está em Queiriga. O negócio aumenta, a animação ganha um sabor especial depois de dois anos da vida em suspenso por causa de um vírus. “E aqui os preços são baratos”, realça.

Agosto, quatro pequenas aldeias do país, uma animação que não pára. Não podia ser de outra forma. A alegria do regresso, o amor à terra. E a economia, claro, agradece.