O "Consultório Médico" desta semana, por Dinis Brito.
Tenho lido que com o regresso ao trabalho as pessoas deviam ir ao médico de família fazer um check-up. Tendo eu já 40 anos, que exames deveria começar a fazer com regularidade. Tenho antecedentes na família de diabetes, problemas cardíacos e cancro. Da última vez, o meu médico disse-me que se não me doía nada, então não havia necessidade para fazer exames…
Maurício Santos, pergunta recebida por e-mail
Caro leitor,
As férias não acrescentam nenhum risco à sua saúde, muito pelo contrário. Aquilo que deve ser considerado são os comportamentos em saúde. Sabemos que as férias são propícias a alguns excessos. Nunca entrando em fundamentalismos, o esforço deve incidir sobre preservação das rotinas promotoras de saúde e de bem-estar. Por outro lado, pode já ter ouvido falar ou lido sobre a síndrome depressiva pós-férias, contudo, trata-se de uma entidade sem critérios clínicos definidos que lhe permitam ser reconhecida no mundo médico. Assim sendo o regresso de férias não obriga a uma consulta médica, não deixando de ser, contudo, uma excelente altura para o fazer.
A realização de check-ups anuais é desaconselhada pelas principais entidades que se debruçam sobre atividades preventivas. A consulta médica vai muito para além da prescrição de meios complementares de diagnóstico (exames clínicos). Para além da colheita da sua história pessoal e familiar, o médico poderá realizar outras avaliações importantes (pesagem, medição da pressão arterial, auscultação cardiopulmonar, entre outros). Poderá também aplicar alguns inquéritos que permitam quantificar o risco de desenvolver diabetes, o seu risco cardiovascular, o seu risco oncológico ou outras ferramentas de apoio à decisão clínica que sejam consideradas pertinentes. Mediante o resultado desta avaliação poderá ser necessária a prescrição de análises.
Num indivíduo de 40 anos saudável e sem queixas, a prescrição de exames é, regra geral, desnecessária ou, a acontecer, deverá ser muito criteriosa (tal como o despiste de infeções sexualmente transmitidas). Isto não invalida a necessidade de uma avaliação individualizada onde se integrará toda a informação disponível. A periodicidade que recomendamos para este tipo de avaliação no adulto saudável e sem história familiar importante varia de uma consulta anual a uma consulta a cada três anos, até aos 65, e depois dos 65 anos, uma consulta anual.
Aproveito para desejar um bom e (dentro do possível) prazeroso regresso ao trabalho.
Até breve!
*A NM tem um espaço para questões dos leitores nas áreas de Direito, Jardinagem, Saúde e Finanças pessoais. As perguntas para o Consultório devem ser enviadas para o email [email protected].