Mais de 780 casos em 27 países não endémicos em poucos meses. Portugal tem mais de 160 (166 na última terça-feira). Esta é a primeira vez que as cadeias de transmissão são reportadas na Europa, sem ligações epidemiológicas conhecidas à África Ocidental e Central. As campainhas soaram e as instituições internacionais de saúde continuam atentas à situação. Não há mortes, há muita preocupação.
1958
Ano em que são descobertos, pela primeira vez, dois surtos de uma doença semelhante à varíola em colónias de macacos. O primeiro caso em humanos foi reportado em 1970 na República Democrática do Congo.
Um vírus, uma infeção
Transmite-se de animais para humanos e de pessoa para pessoa por contacto próximo através de lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados. Febre, dores de cabeça, nas costas e nos músculos, cansaço, aumento dos gânglios linfáticos com o aparecimento de erupções que atingem a pele e as mucosas são os sintomas mais comuns. As lesões cutâneas podem ser planas ou com uma ligeira protuberância, com líquido claro ou amarelado, e acabam por ulcerar e formar crostas que secam e caem.
“É uma doença autolimitada que tem de esperar o tempo de resolução. Esses doentes devem autoisolar-se até que as crostas e as pústulas desapareçam”
António Lacerda Sales
Secretário de Estado Adjunto e da Saúde
Vacinar ou não vacinar?
Há especialistas que dizem que não se justifica, há responsáveis de saúde pública que garantem que o esforço vacinal não será de grande escala. O Centro Europeu de Controlo de Doenças refere que a inoculação de contactos de alto risco deve ser ponderada depois da análise da situação e caso haja vacinas contra a varíola disponíveis.
Incubação e proteção
Sete a 14 dias é, geralmente, o tempo de incubação. As autoridades de saúde aconselham a evitar contacto, a não partilhar objetos de uso pessoal, a lavar roupa e têxteis a mais de 60 graus, abstinência sexual durante esse período. As infeções confirmadas são em homens entre os 19 e os 61 anos, a maioria com menos de 40.
Alteração do ADN?
Há uma teoria em análise quando, nos últimos quatro anos, se verificaram mais de 40 mutações genéticas do vírus. O biólogo Richard Neher, da Universidade de Basileia, na Suíça, coloca a hipótese de uma enzima das células animais estar a alterar o ADN do vírus. Daí as mutações e os casos registados na Europa.