O pico da inflação

Os preços aumentam, os salários e pensões mantêm-se, o dinheiro não estica, a inflação trepa

Os preços disparam, o poder de compra diminui, o custo de vida aumenta. E a percentagem que mostra como bate o coração económico do país atinge um valor nunca antes visto (pelos piores motivos). Os portugueses fazem contas e estão preocupados.

Ascensão pronunciada
A taxa de inflação do nosso país está a aumentar. Uma escalada que causa apreensão. Em abril, acelerou para os 7,2%, atingindo o valor mais elevado desde de 1993. Em maio, subiu para os 8%. Em junho, esticou mais sete décimas até aos 8,7%. O Instituto Nacional de Estatística (INE) olhou para os números dos Estados-membros da UE e deixou o aviso à navegação. “Portugal apresenta um perfil ascendente muito pronunciado nos últimos meses, situando-se acima da média da área do Euro desde janeiro de 2022.”

1,9%
Foi a meta para o défice fixada no Orçamento do Estado de 2022. Segundo a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, a inflação poderá colocar o resultado final abaixo desta fasquia, graças à receita fiscal adicional de IVA, que já vai em três mil milhões de euros.

“Seria uma ilusão responder a cada aumento nominal da inflação com aumentos do ponto de vista da despesa pública da mesma dimensão. Isso seria um erro”
Fernando Medina
Ministro das Finanças

A moeda perde valor
A taxa de inflação está diretamente relacionada com o Índice de Preços no Consumidor (IPC), analisado pelo INE. Bens e produtos mais consumidos pelas famílias têm um maior peso no cálculo do aumento médio dos preços – e, neste momento, a energia tem sido o fator de maior pressão. Se os preços aumentam, a inflação sobe. Com um euro compra-se menos hoje do que ontem. A lógica é esta. E, desta forma, a inflação vai reduzindo o valor da moeda ano após ano.

Os custos da economia de mercado
A economia de mercado vai oscilando e variando e é assim mesmo. Os preços aumentam, os salários e pensões mantêm-se, o dinheiro não estica, a inflação trepa. Todos são atingidos, ninguém escapa, basta fazer contas. As gerações mais jovens andam preocupadas com o aumento do custo de vida. O futuro é incerto e as projeções não animam. O Governo chegou a prever uma inflação de 4%, mas em junho passou os 8%. Se os preços não continuarem a subir até ao final do ano pode ser que fique pelos 7%.