O objeto escolhido pelo apresentador de televisão, locutor de rádio, autor, produtor, escritor de livros infantis.
“O menino Julinho tinha muitos brinquedos, um carro de bombeiros, outro de corridas, avô dos fórmula 1, um tanque de guerra e um avião, todos em lata e de corda, porque a pilhas ainda estavam para ser inventados. Tinha, mas não tinha porque lá em casa achavam que eu os podia estragar, brincando com eles. Para tanto, mandaram fazer uma prateleira por cima da minha cama, alta e inacessível, para exposição dos brinquedos com que não brincava. O exército de soldadinhos de chumbo, por tal sinal em massa, desfilava parado em cima do guarda-fatos. Mesmo sem irem à guerra, o espanador da empregada foi-lhes arrancando cabeças e braços. Que prazer orgulhoso tinham as minhas avós quando mostravam às visitas o ‘museu’ do netinho. Com o tempo, enferrujaram, as cordas partiram-se e foram dados à filha da porteira do prédio. Resta-me este varredor com a corda ainda a funcionar. Assim, com este ‘Almeida da Câmara’, assim apelidavam os funcionários de limpeza das ruas, sempre presente no meu escritório, estas memórias de infância, não se me varrem da cabeça.”
Apresentador de televisão, locutor de rádio, autor, produtor, escritor de livros infantis
77 anos
