O objeto escolhido pela escritora, economista e jornalista Helena Sacadura Cabral.
“Pediram-me umas palavras sobre algo que trouxesse sempre comigo. A pergunta contém logo em si própria, a noção de que deve tratar-se de algo especial, que nos acompanhe. E, no meu caso é, de facto, verdade. Mas devo confessar que tive dúvidas em escolher entre dois objetos que me acompanham diariamente. Acabei por escolher um deles, porque entendi que o seu significado tinha, talvez, maior importância. O outro era uma pequena medalha, em forma de concha, que o capelão do hospital onde o Miguel faleceu teria deixado sobre o seu corpo e que também me acompanha para todo o lado.
De que se trata então? De um rosário lindo, turquesa, benzido e que me foi dado por uma mulher especial, de quem me orgulho de ter por amiga, que se chama Maria Manuela Eanes. Foi-me oferecido numa época mais turbulenta da minha vida, e desde então, tem sempre um cantinho meu onde se anichar. Não só rezo passando as suas contas luzidias pelos meus dedos, como me dá confiança mantê-lo guardado na minha mão, uns momentos, durante o dia. Muito possivelmente, sentir-me-ia menos acompanhada, sem ele. Daí o valor que lhe atribuo!”
Escritora, economista, jornalista
88 anos