O objeto escolhido pela designer de moda Katty Xiomara.
“Pensar num objeto que faça parte de mim desencadeia uma longa lista de pequenas coisas que ajudam a manter frescas algumas memórias. Por isso, não foi uma tarefa fácil encontrar apenas um, contudo cheguei até ele, pois percebi que neste meu universo existe um objeto que quase sozinho conta a sua história. Um casaco do uniforme militar venezuelano dos anos 1980, comprado no “mercado negro” e tingido de preto para disfarçar a ilegalidade. Este casaco era do meu marido e foi sendo preenchido de emblemas e pins de bandas de que ele gostava. O meu marido conheceu-me e eu a ele e pelo caminho apareceu o casaco, que acabei por herdar e assim o casaco ganhou mais pins e mais emblemas de outras bandas e de personagens ficcionais. Depois eu amadureci e o meu guarda-roupa tornou-se um pouco mais sério, então, leguei-o à minha filha e o casaco ganhou mais emblemas e mais pins de bandas, de comics e de slogans feministas. O casaco tem agora quatro décadas e já não é preto, à medida que ia ganhando emblemas ia perdendo a cor que o camuflava. Este é o meu objeto, porque lembra-nos a vida longa que uma peça de vestuário pode ter, as histórias que pode contar e as memórias que pode acumular.”
