
O objeto escolhido pela poetisa.
“Sempre adorei canetas de tinta permanente, fascinam-me desde criança. Tenho várias. Esta, que me foi dada por uma grande amiga chamada Cristina, é uma Pelikan de aparo macio. E é linda, nas suas linhas e cores tradicionais. Com ela tenho escrito o menos convencional. Sempre que viajo, ela vai comigo e, a seu lado, viaja um tinteiro de tinta preta. Tem de ser preta, a tinta. Preciso dessa cor para um poema, tal como não sou capaz de escrever diretamente no computador: preciso de sentir essa espécie de romance entre a mão, a caneta e o papel. Uma vez, fiz um poema chamado ‘As soluções perfeitas’, que diz assim: ‘As munições:/perfeitas://Papel quase timbrado, /caneta de um aparo muito leve, /e a noite em madrugada/ ou equilíbrio//Com um amparo/assim, /pode o sol desistir/e os ramos verdes tornarem-se/mais perto//Com munições tão fartas, / está a solução/pronta//e alcalino: o/verso’. É claro que o poema foi escrito com esta caneta.”
Poetisa
66 anos