O aeroporto ainda não descolou, mas já houve uma colisão

PAULO SPRANGER / Global Imagens

Discussão dura há meio século, mas continua a faltar consenso. Recentemente, deu até lugar a uma inverosímil desavença entre dois membros do Governo. E enquanto isso a Portela continua a agonizar.

Nuno Santos diz sim, Costa diz não
A novela conheceu recentemente um episódio estridente. Primeiro, Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, anunciou uma nova solução, com a construção de um aeroporto no Montijo até 2026 e outro em Alcochete até 2035. Depois, António Costa revogou a decisão. Por fim, o primeiro fez o mea culpa e manteve-se em funções.

Novela interminável
Passaram 53 anos desde que se começou a discutir a relocalização do Aeroporto Humberto Delgado. Na altura, com Marcelo Caetano no poder, foi mesmo criado um Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa. Mas com o 25 de Abril e a crise petrolífera a decisão ficaria em standby. Desde então, a questão tem voltado ciclicamente a ser debatida, sempre sem resultados práticos. Fonte da Telha, Porto Alto, Ota ou, mais recentemente, Montijo e Alcochete, foram algumas das opções aventadas ao longo dos anos.

A rebentar pelas costuras
Se a necessidade de um novo aeroporto já surgiu há mais de cinco décadas, a proliferação das companhias low-cost, com um incremento óbvio no total de passageiros, tem colocado crescentes dificuldades. A Portela vive no limite da sua operacionalidade e a incapacidade de resposta é incontornável, como voltou a ser notório no último fim de semana, com dezenas de voos cancelados. O que é particularmente inquietante para um país que vive do turismo.

600 milhões de euros
O impacto estimado de perda de receitas, só no setor do turismo, por cada ano de adiamento do Aeroporto do Montijo, segundo a avaliação da Agência Portuguesa do Ambiente, divulgada em 2019.

“Penalizo-me profundamente”
Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação