Modernizar as vinhas é sinónimo de poupança

O estudo teve boa aceitação dos agricultores

Um novo sistema de inteligência artificial pretende ser a rampa de lançamento para a implementação extensiva da agricultura de precisão. Vantagens? Gastar menos recursos financeiros e ajudar o planeta.

“À entrada há plantas. E câmaras que recolhem informações sobre essas mesmas plantas. Pelo meio temos algoritmos que processam estes dados em bruto. No final, obtemos informação útil.” É com este esquema temporal que Tiago Barros sumariza o trabalho que tem desenvolvido ao longo do último ano com uma extensa equipa multidisciplinar que incluiu peritos na área da agronomia e do comando de drones. O investigador do Instituto de Sistemas e Robótica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra continua: “Quando estamos a falar de informação útil referimo-nos a saber o vigor das plantas, o seu estado de saúde, se lhes falta água, qual será a produção que vamos obter”, entre tantas outras referências.

O sistema inteligente que esteve em testes em três vinhas do centro do país é um “previsor de futuro” para os agricultores poderem agir no local preciso dos problemas e antes até de eles aparecerem. “Em vez de colocar pesticida em toda a vinha, por exemplo, pode-se tratar com produto a planta exata que está doente.” Chama-se agricultura de precisão. Além de poupar recursos financeiros, salva o planeta. Aliás, a ajuda ao ambiente foi um dos pilares do plano, realizado no âmbito do projeto “AI+Green”, financiado pelo MIT Portugal.

Do papel à prática, o estudo teve boa aceitação dos agricultores. “Trabalhamos com pessoas novas, com conhecimento na área e com vontade de evoluir, pois sabem que só com informação podem aumentar a rentabilidade.”

E como é que o sistema funciona? Sendo aplicado em imagens de drones ou de satélites. Segundo Tiago Barros, neste momento, a primeira opção é a mais viável. “Sabemos que alguns produtores já têm este tipo de equipamentos não-tripulado para avaliação”, pois, até agora, o trabalho de monitorização das vinhas era feito por uma pessoa. Já o recurso a imagens de satélite ainda é muito dispendioso. “Mas acredito que, no futuro, as duas tecnologias possam vir a ser complementares.”

O perito explica que o objetivo atual é passar essa tecnologia para todos os campos agrícolas do país. “Na investigação trabalhamos para gerar conhecimento. Depois, queremos pegar nele e comercializá-lo.” Se acontecer, será o primeiro passo na agricultura de futuro em Portugal.