A rubrica "Máquina do tempo" desta semana recorda os brincos da Matutano.
Se foi adolescente na década de 1990, é bem provável que recorde com saudade a excitação de abrir um pacote de Matutano. Não tanto pelas batatas fritas, mas pelos brindes. E se era rapariga deve lembrar-se dos brincos de plástico, em cores berrantes, que era impossível resgatar do interior das embalagens sem ficar com os dedos irremediavelmente gordurosos. Mas até isso fazia parte de um ritual que agora nos parece tão distante quanto infantil. Antes de mais, era preciso convencer a mãe, o pai, a tia ou avó que era imperativo comprar mais um pacote daquele snack em concreto ou então ir diretamente à mercearia ou ao bufete da escola (que nessa altura podia vender aos alunos o que agora é considerado fast-food). O passo seguinte era esgaçar a embalagem e perscrutar entre as amarelas rodelas de batatas fritas o invólucro com a oferta e descobrir se continha uma peça que ainda não constasse do espólio pessoal. Sim, porque escavando na arqueologia do marketing, houve tempos em que os brindes eram objetos de coleção – os pegajosos pega-monstros, os tazos, os matutolas, e tantos outros. E, claro, as argolas coloridas que, na era pré-democratização dos acessórios de moda, eram uma preciosidade para as adolescentes. Para usar, guardar e colecionar. Joias, portanto.