Jean-Luc Mélenchon: o irredutível gaulês

Jean-Luc Mélenchon é líder do movimento La France Insoumise (França Insubmissa)

Nasceu em Tanger, Marrocos, filho de uma professora e de um radialista. Com 11 anos, rumou com a mãe a França - primeiro, Marselha; depois, Normandia. Aluno brilhante, estudou Filosofia, tendo sido um dos líderes dos movimentos estudantis do Maio de 1968.

“Vão capitular, acomodando-se, ou vão resistir?”, provocava o candidato Jean-Luc Mélenchon, em Paris, a abrir um comício da campanha presidencial de 2012. O apelo à “revolução cidadã”, conceito por ele desenvolvido em “A era do povo”, livro publicado em 2014,…embalaria a torrente ideológica, enunciada igualmente nas presidenciais de 2017 e 2022: aumento do salário mínimo e o reforço da segurança social, impostos progressivos, taxando em 100% rendimentos acima de 33 mil euros mensais, e plano de incentivo de 100 biliões de euros ao investimento público, reduções da jornada semanal de trabalho de 35 para 32 horas e da idade de reforma para 60 anos, abandono da energia nuclear e re-estatização do grupo nacional de energia EDF, parcialmente privatizado, oposição frontal ao liberalismo económico e a um socialismo “cada vez menos socialista”. Euroceticismo, oposição aberta à NATO, elogios a Putin e a Chávez.

Quarto mais votado em 2012 (11,1%) e em 2017 (19,58%), tornar-se-ia o rosto principal da esquerda radical francesa, com confirmação nas urnas: foi terceiro na primeira volta das presidenciais de 2022 (21,95%), levando agora a coligação Nova União Popular Ecologista e Social – Nupes a um empate técnico com a Juntos!, do centrista Macron, na primeira volta das eleições legislativas (25,66% contra 25,75%), que têm hoje a segunda volta.

De estatura mediana, Jean-Luc Mélenchon é um homem carismático, de resposta desconcertante, que, apesar de ter vindo a temperar (levemente) o radicalismo, mantém a agressividade e o discurso afiado originais. Um político nada dado à renúncia, um “ultra”, acusam centristas, tentando um paralelo que cole Jean-Luc com a “ultra-direitista” Marine le Pen. “Inventou a stand-up comedy política”, dizem alguns socialistas moderados. Chamam-lhe, por isso, “showman”, com seguidores fiéis nas redes sociais, defensores de que as ideias de esquerda precisam, mais do que nunca, de “oxigénio, de pensadores e de lideranças”.

Jean-Luc Mélenchon é um político veterano que abandonou o Partido Socialista em 2008, após 30 anos de militância, para liderar seu próprio movimento. Fundou o Partido de Esquerda e, mais tarde, o França Insubmissa.

Nasceu em Tanger, Marrocos, em 1951, filho de uma professora e de um radialista. Com 11 anos rumou com a mãe a França – primeiro, Marselha; depois, Normandia. Aluno brilhante, estudou Filosofia, tendo sido um dos líderes dos movimentos estudantis do Maio de 1968. Simpatias trotskistas levaram-no à Organização Comunista Internacional, assinando textos políticos com o pseudónimo “Santerre”, numa referência ao homem, comandante da Guarda National, que notificou Luís XVI da sentença de morte. Aderiu ao PS francês em 1977, colocando-se, desde o início, na ala mais à esquerda do partido. Professor de Francês, a paixão pela escrita levá-lo-ia ao jornalismo, que exerceu. Foi ministro da Educação no governo de Lionel Jospin, tendo decidido abandonar os socialistas em 2008, ponto final em três décadas de militância. Inicia então um combate, a solo ou em coligações das esquerdas, tornando-se figura incontornável da política francesa. Foi deputado europeu, defendendo ativamente o não à Constituição europeia.

Pai de Maryline, nascida em 1974, defende, em cartaz, “L’humain d’abord” (O Humano, primeiro), apelando à resistência do país. “France, la belle, la rebelle (França, a bela, a rebelde).”

Jean-Luc Mélenchon
Cargo: Líder do movimento La France Insoumise (França Insubmissa)
Nascimento: 19/08/1951 (70 anos)
Nacionalidade: Francesa