Insetos para consumo humano, um setor a descolar

O futuro é de crescimento para o setor

Seis meses após a aprovação da lei que regula o uso de insetos para consumo humano, Portugal já tem massas, barras e farinhas de grilos e gafanhotos. O mercado está em crescimento e há uma grande variedade de produtos à espreita.

Ainda soa estranho a muitos, mas os insetos na alimentação já são uma realidade em Portugal e o mercado está claramente em expansão. Por curiosidade ou por princípios ambientais, já há quem consuma barras ou batidos proteicos produzidos com grilos, gafanhotos e larvas.

“Os últimos quatro anos foram a fase embrionária. Agora estamos em aceleração.” Vasco Esteves marca a legislação que aprova o consumo de determinadas espécies de insetos, em junho de 2021, como o ponto de viragem. “Neste momento, existe uma oferta grande tanto de produtos como de pontos de venda”, segundo o vice-presidente da Portugal Insect, Associação Portuguesa de Produtores e Transformadores de Insetos.

Com a introdução de produtos que contêm insetos em locais de venda de acesso generalizado, como as grandes superfícies, os resultados têm deixado o setor animado. “As barras são muito procuradas”, pela grande associação que o consumidor faz à proteína destes produtos. Já as farinhas ainda não são muito populares porque o consumidor prefere o produto já pronto.

Vasco Esteves antecipa que, ainda este ano, “veremos uma mão-cheia de produtos novos”. Noutros países da Europa já existem insetos em quase todas as gamas de consumo, desde cervejas, pão, café, batatas fritas e até salsichas. “Não acaba. Temos de ver isto como mais um ingrediente na alimentação.”

Para o vice-presidente da Portugal Insect, o setor cometeu o erro de tentar levar o consumidor a provar, logo à partida, os insetos inteiros. Neste momento, sabe-se que “a melhor estratégia é incorporá-los em produtos que já são familiares”.

Em Portugal, já é possível fazer todo o processo: criar os animais, transformá-los na matéria-prima e confecionar os produtos finais. Mas, para já, só há empresas a fazer a transformação – com recurso a farinhas compradas em países da União Europeia certificados – porque ainda não há nenhuma unidade licenciada para produzir insetos para alimentação humana. As que existem estão a criar insetos apenas para serem usados em rações de animais, sendo que algumas aguardam certificação para alargarem a produção com vista à indústria alimentar para pessoas.

O futuro é de crescimento para o setor, perspetiva o responsável. “Não vai ser um mercado gigante, porque estas coisas levam tempo, tal como outras tendências alimentares.” O importante, afirma, é que o consumidor já está contextualizado e informado. “Nos próximos dois anos, há espaço para novos operadores, que serão empresas médias. Daqui a dois anos, o setor irá descolar e, em 2030, será um mercado muito grande.”

Becrit | Proteína em pó de inseto | 49 euros
Gotanbug | Farinha de grilo | 7,50 euros
Gotanbug | Snack de grilo | 4,50 euros
Portugal Bugs | Massa | 3,50 euros
Trillions | Proteína em pó de inseto | 49,95 euros
Portugal bugs | Barra de proteína | 1,79 euros