Iker Casillas não é gay e a homofobia agradece

A polémica a envolver o antigo guarda-redes deixa evidente que o futebol (masculino) ainda tem um longo caminho a percorrer no que diz respeito à diversidade, à inclusão e à igualdade de género.

Não seria a primeira vez que Iker Casillas não resistiria ao impulso de usar as redes sociais para comentar notícias sobre ele. Só nos meses mais recentes, respondeu a quem colocou em causa o seu gosto pela moda, reagiu quando fizeram notícia com supostos gastos milionários em férias e negou relações românticas. “O que há é uma nova invenção! Que maneira de montar uma história. De loucos”, reclamou, quando uma revista espanhola o envolveu com María José Camacho. Shakira e Alejandra Onieva também estão na lista de sucessoras de Sara Carbonero que, afinal, não serão e terá sido este “interesse” pela respetiva vida privada que levou o ex-futebolista a dizer o que não devia e a brincar com coisas sérias. Pelo menos, esta é a teoria que tem mais adeptos e que explica, embora não justifique, nova incursão nas redes sociais, que durante quase duas horas provocou um alvoroço desconcertante, irrespirável e, acima de tudo, preocupante.

Os motivos que estiveram na origem do tweet são o menos. Se a intenção era boa ou má, se foi uma piada, uma reação às notícias cor-de-rosa ou se alguém, ilegalmente, se fez passar por Iker Casillas e escreveu “Espero que me respeitem: sou gay”. As reações, sim, importam mais. Por exemplo, a de Carles Puyol, ex-jogador do Barcelona, companheiro de seleção, adversário de anos e anos, e amigo próximo do antigo guarda-redes de Real Madrid e F. C. Porto. “É tempo de contar a nossa história”, comentou. O coração e o beijo que completavam a frase talvez fossem a tentativa (desesperada?) de dar alguma credibilidade a algo que, aí, passou a ser visto com desconfiança, antes de merecer toda a repulsa.

Uma das maiores figuras do futebol mundial dos últimos anos a sair do armário? Podia ter sido um dia feliz e importante para a comunidade homossexual, para aquelas pessoas – milhares, milhões – que se corroem com a vergonha e o medo próprio, para além do gozo e do desrespeito alheio, podia ter sido mais um safanão no preconceito e numa luta que está muito longe de estar ganha. O problema é que nada daquilo era verdade. Foram apresentadas desculpas e espalhadas palavras de apoio aos mais atingidos pela “brincadeira”; os danos, contudo, estavam feitos. É o próprio Puyol, logo para começar, quem o reconhece: “Percebo que possa ter ferido sensibilidades”.

O futebol retrógrado

Iker Casillas e Carles Puyol são figuras maiores da história do futebol espanhol. São, respetivamente, lendas do Real Madrid e do Barcelona, são admirados e seguidos por rapazes e raparigas, homens e mulheres, são referências e exemplos, para o bem e para o mal. Isso, por um lado, dá-lhes uma responsabilidade tão grande que será quase insuportável; por outro lado, é garantido que tudo o que dizem e fazem será escrutinado e, se for caso disso, terá uma repercussão incalculável e imprevisível, motivando reações que nunca mais acabam. Neste caso, muitas foram elucidativas: preconceituosas.

Puyol, ex-jogador do Barcelona, companheiro de seleção, amigo próximo do antigo guarda-redes de Real Madrid e F. C. Porto, não mediu as palavras no comentário que fez à publicação de Casillas. Acabou por se retratar: “Percebo que possa ter ferido sensibilidades”
(Foto: Alberto Valdes/EPA)

Ironicamente, tudo isto sucede quando está quase a fazer um ano que Josh Cavallo lançou uma pedra no charco e passou a ser o único jogador de futebol profissional em atividade a declarar-se homossexual. O australiano, de 22 anos, mostrou quem era num vídeo de quase três minutos, em que também dá conta dos demónios interiores. “Sempre senti necessidade de me esconder de mim mesmo porque tinha vergonha e achei que não poderia dedicar-me ao que gosto.” Isso, para que não restem dúvidas, é o futebol. O mesmo futebol, note-se, do qual fazem parte todos os clubes, todos os jogadores, todas as estrelas, todos os dirigentes, todos os adeptos e todos os treinadores que lhe mostraram apoio, lhe dedicaram homenagens e lhe agradeceram a coragem. Sem surpresa, o jogador do Adelaide United – clube que não autorizou a “Notícias Magazine” a falar com Cavallo – saltou logo para a linha da frente na defesa de todos os que, agora, se sentiram minimizados. “Casillas e Puyol a brincar com sair do armário no futebol é uma desilusão. Essa é uma jornada muito difícil que qualquer pessoa LGBTQ+ tem que passar. Ver as minhas referências e lendas do jogo a gozar com a minha comunidade é mais do que desrespeitador”, partilhou no Twitter.

Depois de Josh Cavallo, foi Jake Daniels, jovem da formação do Blackpool (Inglaterra) quem, em maio último, levantou a voz para reclamar o direito à autenticidade. Foi o primeiro, e ainda único, jogador inglês a assumir a homossexualidade nos últimos 30 anos. “Estou pronto para ser eu mesmo”, afirmou. Também recebeu uma onda de solidariedade que englobou futebolistas, clubes da Premier League e do resto do Mundo e de personalidades como o príncipe William e Boris Johnson, então primeiro-ministro britânico. Estaria o futebol a desfazer-se das amarras homofóbicas que levaram, por exemplo, Justin Fashanu (o primeiro futebolista a assumir a homossexualidade) a suicidar-se, em 1998? As perspetivas pareciam animadoras. Mas, claro, algo tem que estar mal quando, numa atividade tão vasta e tão global, há apenas um futebolista profissional e outro não-profissional assumidamente homossexuais.

Um longo caminho pela frente

Há demonstrações de apoio, sucedem-se as campanhas de sensibilização, gritam-se palavras de ordem, barafusta-se contra o preconceito, os insultos e os atos homofóbicos, agitam-se as bandeiras da inclusão, só que, nas entranhas, dentro das quatro paredes e da bolha em que vive, o futebol continua a reger-se pela mentalidade quadrada e a ser alérgico à diferença. “Se um avançado se assumir homossexual e falhar um golo, garanto que os insultos que recebe não serão iguais aos dos restantes jogadores. O mundo do futebol masculino sempre foi muito fechado e essa postura vai-se mantendo”, resume Júlio Machado Vaz. “Lembro-me de ler entrevistas de jogadores e treinadores a aconselharem os mais novos a não se assumirem e de jogadores a dizerem que não se sentiriam confortáveis a partilhar o balneário com colegas homossexuais. E isto foi há meia dúzia de anos”, acrescenta o sexólogo à “Notícias Magazine”. Para Hélder Bértolo, presidente da associação Opus Diversidades (anteriormente Opus Gay), o “caso é paradigmático para perceber o nível elevadíssimo de homofobia que continua a existir, especialmente no futebol”.

Há um ano, Josh Cavallo, de 22 anos, lançou uma pedrada no charco e passou a ser o único jogador de futebol profissional em atividade a declarar-se homossexual. No domingo, o australiano voltou a estar na linha da frente: “Casillas e Puyol a brincar com sair do armário no futebol é uma desilusão”
(Foto: Trevor Collens/AFP)

Sim, não restam muitas dúvidas de que esta polémica confirmou que o futebol ainda tem muito que andar até preencher os requisitos mínimos de tolerância, daí o tweet de Iker Casillas ter merecido reações de várias personalidades, individuais ou coletivas. A comunidade LGBTI foi a mais ativa e crítica. Ativistas, mas também políticos, atores, escritores, desportistas, todos unidos na indignação. “Pensava que eras uma referência e um exemplo”, “O insulto mais repetido nos campos de futebol é maricas. Que um ídolo de massas faça isto…”, são alguns exemplos das condenações mais cáusticas e virais. “Há muito por fazer, por avançar, por educar e por sensibilizar”, disse o Conselho Superior do Desporto espanhol; Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, considera que o equívoco “parece uma brincadeira, mas é mais do que isso”. E reações de futebolistas consagrados e a competir ao mais alto nível? Pois. Silêncio. Marten de Roon, internacional neerlandês que representa a Atalanta (Itália), foi a exceção. “Sim, estamos no topo da classificação (por agora), mas o mais importante é que as redes sociais mostraram hoje o quão longe ainda estamos da realidade. Independentemente de se o Casillas foi pirateado ou não; vejo muitos posts preocupantes. À espera do dia em que isto (assumir a homossexualidade) não seja notícia porque esse é que é o problema aqui”, escreveu. Bem mais foram as jogadoras que comentaram o assunto. Lucy Bronze, internacional inglesa, jogadora do Barcelona e que é considerada uma das melhores do Mundo, defende que este episódio “mostra que ainda há muita educação e muitas conversas que precisam de ser feitas”, enquanto Merel van Dongen, futebolista do Atlético de Madrid e com mais de 50 internacionalizações pelos Países Baixos, não esteve com paninhos quentes: “Espero que me respeitem: estou farta de homofobia”.

Mulheres sem complexos

Desde sempre habituado a lutar contra o ostracismo, por mais direitos e por melhores condições, o futebol feminino é todo o contrário do masculino, também quando a conversa é sobre diversidade, igualdade e inclusão. Muito mais descomplexado, saudável até, está cheio de exemplos de mulheres assumidamente lésbicas que convivem normalmente com muitas outras que não o são e que nem por isso deixaram de construir algumas das melhores carreiras da história da modalidade. Abby Wambach é a maior goleadora de seleções (184 golos marcados pelos Estados Unidos) e não teve problemas em beijar a esposa Sarah Huffman após a conquista do título mundial sobre o Japão, em 2015. Essa seleção era comandada por Jill Ellis, duas vezes campeã do Mundo e uma das treinadoras mais conceituadas, também ela casada com uma mulher. A brasileira Marta, recordista de distinções de melhor jogadora do Mundo, a americana Megan Rapinoe, vencedora do prémio “The Best”, a australiana Sam Kerr, que representa o Chelsea, Beth Mead, campeã da Europa pela Inglaterra e eleita a melhor futebolista inglesa de 2022, são outras consagradas que saíram do armário e não tiveram problemas com isso. Numa entrevista recente à “Sky Sports”, Beth Mead explicou, aliás, que uma das razões que a levou a assumir publicamente a homossexualidade foi a perspetiva de também “ajudar os homens” e “preencher esse vazio” nas discussões sobre o tema no futebol masculino. Sintomático.

Jake Daniels, jovem da formação do Blackpool, foi o primeiro, e ainda único, jogador inglês a assumir a homossexualidade nos últimos 30 anos. “Estou pronto para ser eu mesmo”, afirmou
(Foto: DR)

As causas desta discrepância podem ser antropológicas – “A homossexualidade masculina foi sempre muito mais atacada. A homossexualidade feminina, durante muito tempo, nem era considerada uma orientação sexual”, explica Júlio Machado Vaz -, embora Hélder Bértolo aponte outra possível razão: “As mulheres são mais bem resolvidas do que os homens”. Para Ana Aresta, presidente da ILGA Portugal (Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo), o futebol feminino deve ser encarado “como um exemplo de boas práticas”, principalmente no que diz respeito à convivência diária e ao ambiente que se vive nas equipas. “Os balneários masculinos são historicamente tóxicos e qualquer comportamento que contraria uma determinada norma masculina é condenado. Não havendo esse ambiente nos balneários femininos, a naturalidade é mais fácil de decorrer”, considera Ana Aresta, criticando “o machismo e a natureza opressora do futebol masculino”. “Muitas vezes têm que ser as pessoas a denunciar as situações e no futebol masculino o medo é tal que esses mecanismos de denúncia são muito dificultados”, afirma, estendendo o manto da intolerância. “O olhar machista está muito entrosado na sociedade e isso tem um impacto muito grande entre os homens, principalmente nos contextos dos mais jovens. Falta uma naturalização das vivências dos homens e dos rapazes”, salienta.

De volta ao armário

A falta de jogadores de futebol assumidamente homossexuais pode esconder a realidade, mas não a apaga. “Já vão longe os dias em que se garantia que não havia homossexuais no futebol. Todos sabemos que há e que são obrigados a manter-se na clandestinidade, com todas as consequências psicológicas que isso acarreta”, frisa Júlio Machado Vaz. Também por isto, a trama espoletada pela infelicidade de Iker Casillas deixa marcas. No espaço de poucas horas, passou-se de algo que podia ser um marco importante na luta pela igualdade de género para um episódio que pode muito bem ter o efeito contrário, aumentando as dúvidas e as inseguranças de pessoas que lutam e (sobre)vivem num contexto que lhes é tão desfavorável. “Podia ter sido uma coisa fantástica, não por ser o Casillas, mas pelo exemplo que seria. Em vez disso, tivemos estrelas do futebol a brincar com o assunto. Gozar com uma determinada minoria é preservar e manter o preconceito”, defende Hélder Bértolo. O também autor do podcast “Para Lá do Arco-Íris”, dedicado ao tema LGBTQIA+, alerta que “há imensos gays no futebol que não são assumidos, que vivem vidas de fachada para corresponder a um determinado ideal, o que para eles é péssimo”. “Quando dizemos que é importante que pessoas conhecidas se assumam não é para saber o que elas fazem na intimidade, é pelo exemplo que dão, para quando alguém se assumir e ouvir que vai ser tratado de forma diferente ou que vai ter uma vida má poder dizer que a ministra da Cultura (Graça Fonseca) é gay, que há um Nobel que é gay ou que um jogador de futebol de sucesso é gay”, sustenta Hélder Bértolo. “A orientação sexual não é o que se faz na cama, faz parte da identidade de alguém e quando se pode assumir isso sem problemas estamos a libertar essa pessoa para ser muito mais feliz e, no caso de um futebolista, jogar melhor”, adiciona.

Em 1990, Justin Fashanu foi o primeiro futebolista a assumir a homossexualidade. Terminou a carreira em 1997, depois de muitas polémicas, perseguições e acusações. Em maio de 1998, com 37 anos, suicidou-se. “Não quero continuar a ser uma vergonha para a minha família e para os meus amigos”, escreveu na carta de despedida
(Foto: DR)

A propósito, vale a pena espreitar um estudo recente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), cuja principal conclusão dá conta de que “uma grande parte dos jovens LGBTQ+ ainda esconde a sua identidade de género ou orientação sexual da família e dos amigos”. “Cerca de metade (50,5%) do grupo de jovens LGBTQ+ afirmou que na sua família apenas algumas pessoas sabem da sua identidade, mas quase quatro em cada dez (38,1%) admitiram que ninguém na família sabe. Entre os inquiridos, 13% afirmam que todas as pessoas da família aceitaram, mas 9,7% revelaram que nenhuma pessoa da família aceitou. Já 18,7% admitiram que alguém na família tinha usado nomes pejorativos ou infligido humilhação por causa da sua identidade LGBTQ+”, refere. Telmo Fernandes é um dos dois coordenadores do estudo e, à “Notícias Magazine”, sublinha a “invisibilidade” e o facto de “os jovens não sentirem que estão em ambientes seguros para se assumirem”. Por isso, também concorda com a importância da existência de “modelos positivos” para remodelar um “contexto fortemente afetado por estereótipos”. “O futebol tem um impacto cultural e social muito mais alargado, pelo que o aparecimento desses exemplos seria um passo muito importante. Pelo contrário, levar isto como uma brincadeira é desconsiderar o sofrimento e os impactos negativos na saúde mental de quem não pode revelar a sua identidade”, enfatiza Telmo Fernandes.

Casillas beliscado?

Se, como afirma, teve a conta pirateada – apesar de não ter comunicado a apresentação de qualquer queixa às autoridades -, Casillas pode ter sido pouco cuidadoso; se, como muitos desconfiam, quis responder aos boatos sobre a vida privada ou fazer uma brincadeira, Casillas cometeu um erro primário. Tiago Froufe, consultor e agente de figuras públicas, admite a hipótese de pirataria, embora saliente que “já há mecanismos e ferramentas para evitar que as contas sejam hackeadas”. Tratando-se de uma falha de comunicação, o problema é bem mais preocupante. “Quando há comunicados nos canais oficiais das figuras públicas, devemos avaliar todos os prós e os contras. Esse trabalho é muito importante porque permite preparar a reação, antecipar o que possa surgir de negativo e não deixar escalar as crises. Hoje a coisa mais insignificante pode ter um impacto tremendo”, assinala Tiago Froufe, que não aconselha, de todo, a estratégia de apagar publicações. “Quando eliminamos, continuamos a dar a liberdade de interpretação do que quer que seja”, sintetiza, ressalvando, por outro lado, que a pressão mediática a que as figuras públicas estão sujeitas convida a reações intempestivas. “Por isso, damos conselhos para não publicarem nada sem falarem connosco para o tema ser estudado. Pensar que os boatos e as mentiras não mexem com as pessoas é um erro”, conclui.

(Foto: Franck Fife/AFP)

A “Notícias Magazine” tentou falar com ex-colegas de equipa e amigos de Iker Casillas, para além do empresário Carlo Cutropia, mas nenhum mostrou disponibilidade para abordar o assunto e dar conta do estado de espírito do ex-guarda-redes. Se calhar não era preciso. É que ainda a poeira não tinha assentado e já Casillas estava de volta ao Twitter, onde é seguido por quase dez milhões de usuários – primeiro, para anunciar uma viagem; depois, para felicitar Cristiano Ronaldo pelo golo 700. “Paciência. Tudo voltará ao seu lugar”, acrescentou à homenagem a CR7. Mas, no caso dele, voltará mesmo? “Se lhe pode beliscar a imagem? Claro que sim. Se se confirmar que foi mesmo alvo de pirataria, o assunto morre e não terá efeito negativo, mas se mantiveram as dúvidas sobre as causas que levaram à publicação do tweet, então pode ter problemas”, diz Daniel Sá, especialista em marketing desportivo. A trabalhar para a Fundação do Real Madrid, ligado à Liga espanhola e à marca desportiva Adidas, e investidor de várias empresas através da incubadora “SportBoost”, uma eventual mancha na reputação de Casillas não passará em claro. “As marcas não querem estar envolvidas com o Casillas que está envolvido em polémicas, mas com o Casillas que é lenda do Real Madrid, internacional espanhol, campeão do Mundo, etc.”, realça Daniel Sá. Até ver, os danos autoinfligidos aparentam ser residuais.

O futebol, esse, continua a perder. A homofobia ainda lhe corre no sangue, ao mesmo tempo que, recorrentemente, tira o tapete aos muitos que esperam um sinal ou um exemplo para se lavarem da vergonha e do medo. Consciente ou inconscientemente, voluntária ou involuntariamente, Casillas e Puyol podem ter contribuído para perpetuar o tabu. Iker Casillas não é gay, mas e se fosse?