Harry Potter. Um feitiço com 25 anos

O sucesso gigante do pequeno feiticeiro, que fez nascer a maior legião de fãs que o Mundo moderno já viu, continua vivo, mesmo 25 anos depois do lançamento do primeiro livro. Turismo, eventos, coleções e novos filmes e livros conquistam os mais antigos seguidores e até gerações renovadas de potterheads. E mantêm a funcionar uma máquina de fantasia que, afinal, nunca parou de viajar para Hogwarts. É a magia de um fenómeno sem fim.

As prateleiras da estante, encostada à parede do quarto, preenchidas milimetricamente ora com a celébre coruja Hedwig ora com a Taça dos Três Feiticeiros, há muito que já não chegam para o tanto que coleciona numa febre que extravasou a infância. Aos 30 anos, Ana Mateus continua a gritar “Wingardium Leviosa” como se ainda tivesse dez, quando ouviu o feitiço pela primeira vez no filme “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Tudo à conta de um simples DVD que a mãe levou para casa ao calhas para dar uso ao leitor acabado de comprar. “Mal ela sabia. Foi um fascínio imediato.”

Desde então, foi ao cinema ver todos os filmes da saga que se seguiram. Os livros vieram depois. Era verão, já estava na faculdade, quando nas pausas de um part-time leu os sete de uma assentada. E seguiram-se os eventos de um grupo de fãs, afinal “não haveria de ser a única maluca por Harry Potter”. Meteu-se em torneios de quidditch (à boleia de uma vassoura, só não se voa na vida real) a jogar pela equipa de Slytherin, ou melhor, Salazar Slytherin, uma das quatro da afamada escola de magia, com o nome inspirado em António de Oliveira Salazar – e Portugal inspirou tantos outros pormenores na saga, lá iremos. De Slytherin, porque o site Pottermore disponibiliza o teste oficial aos fãs da saga, para perceberem a que equipa pertencem (Gryffindor, Hufflepuff, Slytherin ou Ravenclaw), aprovado pela autora J. K. Rowling. “Foi um choque ser de Slytherin. Porque não sou má. Mas depois percebi, simplesmente sou ambiciosa.”

Ana embrenhou-se num mundo mágico, de portas abertas a Hogwarts, que não mais viria a ter travão. E o colecionismo era quase inevitável. Anda sempre em busca de objetos raros, é o caso das primeiras edições dos livros em português. E tem tanta, tanta coisa: o traje, a pedra filosofal, jogos de tabuleiro, videojogos, varinhas, posters, t-shirts, cartões autenticados com frames do filme favorito (Harry Potter e o Príncipe Misterioso), alguns que comprou “orgulhosamente” no OLX, bilhetes das antestreias. Até o xadrez dos feiticeiros. “A torre tem íman e dá para movimentar com varinhas. O rei perde a espada quando há xeque-mate. Os peões saltam quando são comidos. O bispo dá luz. A rainha baixa a cabeça.” Há de conseguir comprar o manto oficial dos estudantes de Hogwarts, com o seu nome bordado, quando concretizar o sonho de ir aos estúdios da Warner Bros, em Londres. Por agora, está a colecionar os livros ilustrados já a pensar em transmitir, qual gene, a febre aos filhos que quer vir a ter. “Costumo dizer que vão crescer como uns feiticeiros.”

E não é improvável, já que a saga segue viva 25 anos depois. Foi precisamente a 26 de junho de 1997 que o primeiro de sete livros de Harry Potter saiu para as livrarias. Na altura, só foram impressos 500 exemplares pela editora inglesa Bloomsbury, longe de se imaginar um fenómeno que criou uma nova geração de leitores, que cresceram com Harry, Hermione Granger e Ron Weasley, a turma de Gryffindor, a mais amada equipa. Nascia aí uma legião de fãs, a maior que o Mundo moderno viu, um universo de fanatismo sem paralelo nem precedentes. Só o facto de os Dicionários de Oxford terem decidido incluir a palavra “muggle” – que nos livros representa as pessoas que não são feiticeiras – é sintomático. A definição? Pessoa que carece de um conhecimento ou conhecimentos em particular ou que é considerada inferior de alguma forma.

Fã da saga há vinte anos, Ana Mateus coleciona objetos, desde o traje de estudante de Hogwarts (verde, a cor da equipa Slytherin) a jogos, pedra filosofal, varinhas, livros ilustrados
(Carlos Pimentel/Global Imagens)

Porto, na travessia do feitiço que revolucionou a literatura
Mas viajemos às raízes. A saga da escritora britânica Joanne Kathleen Rowling que enfeitiçou o Mundo inteiro tem um marco crucial: a cidade do Porto. Apesar de a ideia ter nascido durante uma viagem de comboio entre Manchester e Londres, foi na Invicta, onde viveu entre 1992 e 1993, que Rowling, ainda desconhecida, escreveu boa parte do primeiro livro do feiticeiro. A história é sabida. Mudou-se para Portugal depois da morte da mãe e de se candidatar ao cargo de professora de inglês na Encounter English, graças a um anúncio no jornal “The Guardian”. Escreveu nas mesas do histórico Café Majestic, na Rua de Santa Catarina, passeou meses pela Invicta com o manuscrito de “Harry Potter e a Pedra Filosofal” debaixo do braço, inspirou-se nos trajes dos estudantes universitários do Porto para o dos alunos da escola de Hogwarts, e até em Salazar – nome do fundador da equipa Slytherin, o mais implacável.

A beleza da escadaria da Livraria Lello, sabe-se hoje (depois de Rowling ter admitido recentemente nunca lá ter entrado, ao desmentir alguns mitos no Twitter), não a inspirou a criar as dezenas de escadas que teimam em não parar quietas de Hogwarts, como se acreditou durante tanto tempo. Mas a Lello viveu – e ainda vive – associada à saga, recebendo milhares de turistas à conta disso também. O lançamento mundial do oitavo livro “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada” (uma edição especial do guião da peça de teatro com o mesmo nome, escrita por Jack Thorne) na Lello, em 2016, é espelho disso mesmo.

A autora revelou nunca ter visitado a Livraria Lello, que se acreditava ter sido uma fonte de inspiração (Maria João Gala / Global Imagens )

Voltemos ao princípio. O primeiro livro da saga haveria de ser lançado já Rowling tinha abandonado o Porto e vivia em Edimburgo, para onde viajou depois do casamento fracassado com o jornalista português Jorge Arantes. A Portugal, essa primeira obra-prima chegaria em outubro de 1999, editada e traduzida pelas mãos da Editorial Presença, casa de Potter no nosso país. “O processo de aquisição de direitos, feito com o agente da autora, aconteceu numa altura em que o Harry Potter ainda estava longe de se tornar o grande fenómeno que viria a ser”, recorda Tânia Raposo, editora-adjunta da Presença. E as vendas não foram imediatas. “Já havia um grande buzz vindo de fora”, mas a febre ainda não tinha chegado cá.

Acabou por chegar. E os números ultrapassaram todas as expectativas. “Estas personagens e a história foram uma lufada de ar fresco na literatura juvenil”, que regressava aos cenários do fantástico, numa altura em que a tendência que dominava os livros de aventuras juvenis era o realismo. No total, os livros do universo Harry Potter já venderam cá mais de dois milhões de exemplares. Se alargarmos a escala, a saga foi traduzida para mais de 80 línguas e alcançou um recorde de vendas que ultrapassa os 500 milhões de exemplares em todo o Mundo.

Das edições ilustradas (onde grandes nomes como Jim Kay e MinaLima têm feito trabalho) e de capa dura até “Monstros Fantásticos” ou a coleção “Biblioteca de Hogwarts”, a Presença nunca mais parou de investir. Talvez por isso, admite Tânia Raposo, as vendas não sentiram quebras nos últimos anos, “o que prova a vitalidade da série e a conquista de renovadas gerações de leitores”. Tanto é que nem é preciso fazer uso do feitiço “Alohomora” para desbloquear mais lançamentos. Por altura do Natal haverá três novos títulos ligados a este universo lançados pela Presença. Um dos livros será “Monstros Fantásticos – Os Segredos de Dumbledore”, história que estreou, este ano, no cinema e há menos de um mês também na HBO Max.

Certo é que Harry Potter revolucionou o mundo literário e tornou-se numa força imparável, ao abrir a porta à publicação de obras longas para público juvenil – algumas chegam a ter mais de 700 páginas -, numa época em que se acreditava que as crianças liam cada vez menos. Há uma era pré e uma pós Harry Potter. Desde então, o mercado infantojuvenil cresceu. E Rita Pires, 26 anos, bem pode ser o exemplo vivo. “Se não fosse Harry Potter, hoje não lia tanto como leio.” Teria uns sete anos quando viu o primeiro filme e o destino estava traçado: saltou para os livros. “Depois de ver o quinto filme no cinema, disse aos meus pais que queria ler os livros para saber o que se ia passar. Foi uma febre. Foi muito fácil de ler, de me apegar à história. E um bom ponto de partida para ler muitas sagas semelhantes.”

O amor ao mundo fantástico de uma escola de magia não se esbateu com o tempo, Rita ainda organiza eventos com o grupo de fãs Instituto de Magia Português (IMP), criado em 2017, na sequência de um outro grupo, já extinto, nascido anos antes. “Sempre gostei muito da facilidade com que este tema junta pessoas. Já não se trata só de ser a melhor saga de sempre para nós.” É antes um grupo de amigos, que atravessa gerações, “já há pais e filhos a vir e miúdos de sete anos que já leram os livros todos”. O IMP conta seis mil fãs no Facebook e chega a juntar 600 em eventos, que acontecem habitualmente no Parque das Nações, em Lisboa. Desde aulas de poções e feitiços, num jogo do faz de conta, a campeonatos de quidditch – e até os há mundiais -, quizzes e vestimentas a rigor. Aliás, até vão às antestreias dos filmes, em jeito de figurantes. “O carinho de estimação” por Potter, tantos anos depois, mantém-se, diz Rita, precisamente pelo número gigante de pessoas que a história continua a juntar.

Rita Pires (na foto, com as cores de Gryffindor) organiza eventos com o grupo de fãs de Harry Potter “Instituto de Magia Português” (Paulo Alexandrino/Global Imagens)


Nos bastidores do cinema

O feiticeiro está longe de ser “apenas o Harry”, como dizia o protagonista no arranque do primeiro filme. E o sucesso tremendo também se deve, e muito, à adaptação feita para o cinema, porta de entrada de muitos potterheads, fãs da saga, ao mundo mágico. A Warner Bros não se deixou dormir em serviço. Uma força cultural desta dimensão haveria de ter lugar no grande ecrã, e a verdade é que desde aí que Hollywood vasculha best-sellers juvenis de fantasia em busca do próximo Harry Potter, como é o caso de Twilight.

Uma década de oito filmes – a história do sétimo livro foi dividida em dois filmes -, começada em 2001, com uma das maiores bilheteiras de todos os tempos, que Mário Augusto, jornalista e autor do magazine de cinema “Janela Indiscreta”, da RTP, acompanhou a par e passo. “Vi os miúdos a crescer. Fui fazer a primeira entrevista quando os três atores (Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson) ainda eram pequenos e acompanhei a rodagem até ao último, quando já tinham os estúdios da Warner, em Londres.” Ficam no lugar de uma antiga fábrica de aeronaves da Rolls-Royce, onde chegou a ser gravado “GoldenEye”, de James Bond, ou Star Wars, até ser ocupada de vez pela produção de Harry Potter.

“Era brutal e impressionante. Ocuparam tudo, tudo. Até tinham um jardim zoológico lá dentro. Por exemplo, a rua onde Harry vivia com os tios estava lá, ficava de um filme para o outro”, relata o jornalista, que ainda se lembra de haver um ginásio exclusivo para o protagonista Daniel Radcliffe, de os atores terem aulas dentro do estúdio e de tantas outras curiosidades. “Na rodagem do último filme, tinham quatro Harry Potters de látex para as cenas violentas, de quedas, com tanto detalhe que parecia mesmo que era um corpo que ali estava.”

Do fenómeno que se criou em torno da história, o homem que carrega décadas de entrevistas a estrelas de Hollywood diz ser uma conjugação de fatores. “O facto de os filmes terem aquela cadência de estreia permitiu que os miúdos ficassem agarrados durante dez anos. É uma fórmula muito bem conseguida, é um sistema de roldanas de marketing que funciona em conjunto e que vai para lá de livro ou filme de culto.” É uma identidade de culto, defende.

E a máquina continua ligada. Prova disso são os filmes “Monstros Fantásticos”, ligados ao universo de Harry Potter, que vieram depois. Já foram lançados três de cinco planeados. O primeiro, com argumento da própria J.K. Rowling, que se estreou aí como argumentista, chegou em 2016. E o investimento do streaming veio a reboque, com a HBO Max a lançar até um episódio especial de celebração dos 20 anos do primeiro filme da saga, no final do ano passado. As roldanas mantêm-se a trabalhar até no turismo, com os estúdios da Warner Bros, em Londres, transformados em ponto de visitas. Mário Augusto foi à inauguração e levou o filho Rodrigo, à época com dez anos. “É uma história muito gira. Era uma inauguração só para jornalistas e como o meu filho era a única criança presente foi ele que abriu oficialmente os estúdios, com uma chave e tudo. Ainda hoje, com 20 anos, conta esta história. O Harry Potter corre na família.”

Turismo e merchandising: uma cultura de fanatismo
Na verdade, corre em muitas famílias, adultos incluídos. Tanto que mudou a face da cultura geek e do mundo fanático online, que coincidiu com a explosão de uma Internet mais interativa, e construiu um negócio a que é difícil apanhar o fio à meada. A “Forbes” classificou Rowling, em 2019, como a autora mais bem paga do Mundo. E nem o manto de críticas a que esteve sujeita, devido a comentários sobre pessoas trans, parecem abalar um autêntico império. Há cinco anos, a revista americana “Fortune” estimava que a saga valia 22 mil milhões de euros, número que certamente já se multiplicou, a julgar pela venda de memorabilia, de objetos de coleção a jogos ou brinquedos, que também entra nas contas.

O youtuber Rui Paulo, 35 anos, autor do canal com quase seis mil seguidores “Príncipe Misterioso” – título de um dos livros – tem contribuído para isso. O escritório de casa, em Porto de Mós, Leiria, é um verdadeiro museu alusivo à saga. Para quem se rendeu aos filmes e aos livros (que já leu mais do que uma vez) na adolescência, a par dos dois irmãos, a chama acabaria por se apagar com o fim da saga, mas viria a reacender-se com a chegada de “Monstros Fantásticos”. “Nessa altura, criei um blogue, a achar que já era demasiado velho para esta saga, mas percebi que não. Depois, um canal no YouTube, porque via muitos canais principalmente do Brasil. E não havia nada cá”, conta. Fala sobre os filmes, conta curiosidades, reage a trailers, faz unboxings.

Rui Paulo criou o canal de Youtube “Príncipe Misterioso”, onde partilha curiosidades, reage a filmes e faz unboxings das centenas de objetos ligados à saga que coleciona. O escritório de casa é um autêntico museu de Harry Potter (Nuno Brites / Global Imagens)

Começou a colecionar já em idade adulta e acumula edições comemorativas dos livros em alemão ou esloveno, Funko Pops das personagens, artigos da Noble Collection, que vende réplicas de objetos dos filmes, Legos, Puzzles 3D do castelo de Hogwarts por exemplo, vinis da banda sonora dos filmes, até objetos feitos à mão como a vassoura de quidditch que o irmão lhe fez. E há muitas marcas a investir, desde a Hasbro à Mattel ou Cinereplicas. Tem para cima de 300 objetos de coleção, nunca quis fazer contas. “É um fascínio muito grande e a coleção sem dúvida que é para manter.”

Nos sonhos está uma visita a Orlando, na Flórida, ao parque temático The Wizarding World of Harry Potter, onde se pode entrar em Diagon Alley, a rua fictícia onde os feiticeiros vão fazer compras, ou no Expresso de Hogwarts. Um dos muitos pontos que atrai milhares de fãs da saga. Há um novelo de magia que se emaranha e que não tem fim. O Reino Unido bem sabe – e lucra. As visitas ao túmulo do Dobby criaram um fenómeno numa praia britânica, onde a cena do funeral no filme foi gravada, com muitos fãs a deixarem pedras e presentes em homenagem ao elfo. Mas o turismo potteriano continua: na Plataforma 9 ¾ da estação de King’s Cross, Londres, a porta de entrada para viajar até à escola de magia; em Oxford onde fica o salão que inspirou o Salão Nobre de Hogwarts; em Edimburgo no The Elephant House Cafe onde Rowling chegou a escrever e também aí nas mil e uma lojinhas e livrarias dedicadas ao universo Potter. Até no Porto, onde há roteiros turísticos exclusivamente sobre a saga do rapaz que sobreviveu a Voldemort, que passam nomeadamente pelo Café Majestic.

Segundo o galego Xaquín Nuñez Sabarís, professor de Literatura na Universidade do Minho, que tem estudado efeitos dos fenómenos literários, fílmicos e televisivos, “os blockbusters apelam cada vez mais ao sentido experiencial do leitor, do consumidor, queremos tocar, viver, experimentar, queremos fazer parte da história e estes lugares possibilitam-nos isso”. No caso de Harry Potter, “há ainda um mundo de produtos, até há um Trivial”, e é curioso, sustenta, “porque é uma história muito recente, mas que acaba por apelar aos recursos narrativos que têm sido tradicionais, o mundo mágico, uma porta que se trespassa e que nos leva a outro mundo, mecanismos sempre utilizados pela literatura fantástica desde o século XIX”.

Então como se explica o fenómeno? “Se fosse fácil explicar, o Mundo todo estaria a replicá-lo. Mas acho que, primeiro, tem a ver com a força do protagonista, um rapaz que é órfão, que vive com os tios. E, depois, a história cingida a um espaço concreto, que é Hogwarts, numa luta entre o bem e o mal. A magia está num universo que funciona de maneira muito coerente. Tem momentos de humor, intriga, suspense, ação. E tudo isto está muito bem organizado, é uma arquitetura perfeita.”

Beatriz Casais, especialista de Marketing, concorda: “O sucesso não se faz sem uma boa história, sem personagens que sejam envolventes, ou sem um modo de escrita estimulante”. E daí vem o buzz, o passa-palavra entre os leitores. Tudo o que veio de arrasto é fruto de “um trabalho de marketing profundo”, que procurou “rentabilizar e explorar o sucesso, criando uma ligação mais forte entre os fãs e a saga e capitalizando essa ligação através da criação de comunidades de fãs”, isto é, “não basta gostar da saga, é preciso mostrar aos outros que se gosta”. Estava criado um universo de aficionados disponíveis a pagar por produtos e experiências, por “estatuto”, com muitos espaços a saber capitalizar o marketing experiencial associado à saga, como tão bem fez a Livraria Lello.

A fã Ana Mateus, que tem de recorrer a caixas e caixotes para guardar o que coleciona e que já não lhe cabe na estante do quarto, ainda hoje não sabe explicar. “Não sei porque fiquei tão embeiçada. Talvez pelo facto de se poder ir para uma escola aprender magia.” No final de uma história que apaixonou milhões – e é esse, afinal, o maior segredo -, J. K. Rowling, perante o sucesso, não teve coragem de matar Harry Potter, tal e qual havia imaginado quando começou a escrever. E a verdade é que, 25 anos depois, há novas gerações de fãs a surgir que continuam a não deixar morrer o mais famoso feiticeiro do Mundo.

Factos e números

31
de julho é a data de aniversário de Harry Potter, a mesma da autora J. K. Rowling.

3300
No total, os sete livros têm mais de 3300 páginas e mais de um milhão de palavras. Se todos os livros que já foram vendidos fossem colocados lado a lado, poderiam dar a volta ao equador 1, 6 vezes.

160
Os óculos redondos eram o acessório favorito do ator Daniel Radcliffe, protagonista dos filmes, que terá usado 160 pares durante as rodagens.

Amar sem o dizer
Apesar das várias relações amorosas e de amizade, em nenhum livro é usada a palavra “amo-te”. A autora quis provar que é possível demonstrar amor com atitudes.