“Flurona”. Um mal nunca vem só

Registados vários casos em que os vírus causadores da gripe e da covid-19 surgem associados. Opiniões quanto à perigosidade desta junção dividem-se.

Quantos casos?
A questão fica, para já, sem resposta, visto que ainda não foram compilados números globais respeitantes à infeção por “flurona”. Sabe-se, isso sim, que já se registaram casos em vários países. China, EUA, Israel, Brasil e Hungria são exemplos disso.

O que distingue os vírus?
Sintomas comuns incluem febre, tosse, dificuldade em respirar, fadiga, dor de garganta, nariz entupido, dores musculares ou dores de cabeça. A perda do olfato e do paladar também pode ocorrer em ambos os casos, mas é mais comum na infeção por covid-19. No caso da gripe, os sintomas começam geralmente a manifestar-se mais cedo. E a covid-19 é, regra geral, mais contagiosa.

Há um risco acrescido?
Não há, até ver, consenso entre os especialistas. Uns defendem que não, invocando as vacinas, o facto de as infeções conjuntas sempre terem existido e de historicamente não se registar, nestes casos, um aumento da severidade da doença. Outros entendem que sim. Porque o sistema imunitário fica mais enfraquecido para responder a uma segunda infeção, pelo que os sintomas se podem agravar. E a maioria concorda que uma infeção conjunta dura, à partida, mais dias.

A junção pode impulsionar novas variantes?
Segundo Abdi Mahamud, epidemiologista da Organização Mundial de Saúde, não. “Trata-se de vírus de espécies completamente diferentes que usam recetores distintos para infetar e não há muita interação entre eles”, defende.

Porque se levanta a questão agora?
A junção entre os dois vírus tem sido uma possibilidade desde o início da pandemia. A questão é que, com todas as medidas que adotámos para nos protegermos da covid-19, também a circulação dos outros vírus ficou em “standby”. Agora, é expectável que os casos se multipliquem. Tanto mais quanto o vírus da gripe se dissemina particularmente nestes meses (e deverá ser este ano mais severo) e a variante ómicron é muito mais contagiosa.