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É uma guitarra portuguesa, com certeza

De acordo com Samuel Lopes, autor do livro “Guitarra portuguesa”, o instrumento musical “remonta aos fins do século XVIII

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Nasceu no final do século XVIII e, por mais estranho que possa parecer, não andou sempre de braço dado com o fado.

Feita de madeira e materiais nobres, com 12 cordas de aço, o cavalete em osso, a caixa de ressonância redonda, um pequeno braço com a voluta (extremidade superior) ornamentada e a cravelha (peça em que se enrola a extremidade superior das cordas) em forma de leque.

Eis os traços mais distintivos da guitarra portuguesa, instrumento musical que, segundo Samuel Lopes, autor do livro “Guitarra portuguesa”, “remonta aos fins do século XVIII, resultado da fusão entre a cítara da Europa Ocidental e a guitarra inglesa”. O primeiro livro dedicado à mesma surge mais precisamente em 1796, pela pena do mestre de capela António Silva Leite. E o título é um acorde interminável: “Estudo de guitarra, em que expõe o meio mais fácil para aprender a tocar este instrumento, dividido em duas partes”.

Voltando à história. Aparelho de cordas tradicionalmente português, esta guitarra é “o instrumento de eleição no acompanhamento do fado”, mas, sublinha Samuel, autor e editor que também já foi músico e compositor, a sua vocação não foi sempre essa.

“Numa primeira fase, assume-se nas cortes, em torno de burguesia, e era usada em minuetos [antiga dança de passo simples e vagaroso], marchas alegres e contradanças”, recorda, em conversa com a “Notícias Magazine”. Estava, portanto, associada a um repertório bem diferente. É já em meados do século XIX que se torna indissociável do fado. E da história da cultura portuguesa.

A este propósito, Samuel Lopes não poupa nos pergaminhos: “[A guitarra portuguesa] é identificável em qualquer parte do Mundo pela sua sonoridade inconfundível”.