Um método amigo do ambiente e economicamente viável foi desenvolvido na Universidade do Porto. Agora, as investigadoras procuram fundos para que a ideia chegue ao mercado.
E se o ouro e o cobre que estão nos nossos telemóveis, computadores e outros equipamentos eletrónicos pudessem ser recuperados através de um processo ambientalmente sustentável e economicamente viável? O projeto existe, chama-se E-RecyOuro e venceu a 8.ª edição do iUP25k – Concurso de Ideias de Negócio da Universidade do Porto.
Da autoria de Helena Soares e Liliana Martelo, investigadoras da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e do REQUIIMTE – Laboratório Associado para a Química Verde – Tecnologias e Processos Limpos, a ideia premiada procura agora fundos para chegar ao mundo empresarial.
A dimensão do problema é assustadora. Em 2019, por exemplo, produziram-se, a nível mundial, 54 milhões de toneladas de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE). Muitos incorporam placas de circuito impresso que usam, entre outras coisas, ouro e cobre, dois metais com elevado valor de mercado e que têm de ser extraídos através de mineração.
Mas a taxa de coleta e reciclagem “é bastante baixa”, explica Helena Soares, que também é docente na FEUP. Estima-se que, nesse ano de 2019, das tais 54 milhões de toneladas de REEE, apenas cerca de 9,3 milhões de toneladas tenham sido coletadas e recicladas, sinal de que o desperdício é grande e que há “muito potencial de crescimento”.
A vontade de Helena Soares de contribuir para combater o problema tem anos. Em 2017, em colaboração com diversos investigadores das universidades do Porto e de Aveiro, apresentou um projeto à Fundação para a Ciência e Tecnologia. A obtenção de financiamento permitiu o desenvolvimento de um método para recuperar aqueles dois metais, assim como fibra de vidro, através de um “processo que é economicamente viável e ambientalmente sustentável”, conta.
O processo foi validado à escala laboratorial e seguiu-se a ideia de negócio. Agora procuram financiamento junto de agências de inovação, fundos europeus ou investidores privados que lhes permita avançar para a escala piloto e, depois, a fase industrial.
Uma das vantagens do processo, sublinha Helena Soares, é que pode ser “implementado em unidades pequenas”, com “custo energético e um investimento de capital muito mais baixo quando comparado com uma fundição”.