Dietas da moda e o efeito ioiô. O que devemos levar a sério?

O verão começou e as dietas ditas milagrosas para perder peso despertam a atenção. Excessos, erros e sugestões. Tudo isso importa na hora de alimentar e tratar do corpo.

Emagrecer para perder aqueles quilos que estão a mais e já andam a dar dores de cabeça. Emagrecer para caber no biquíni ou não parecer mal nos calções de banho. Emagrecer para usar roupas mais leves, mais arejadas e destapadas, com menos tecido. Emagrecer para atravessar mais um verão na melhor figura. E as perguntas do costume. O que colocar no prato? O que comer? O que evitar na alimentação? Assim está bem ou assim está mal? Nesta altura, já se sabe, os holofotes viram-se para as dietas. “Até para as dietas da moda resultarem é preciso arte e engenho”, avisa Pedro Carvalho, nutricionista, doutorado em Ciências do Consumo Alimentar e Nutrição.

Todos os anos, o mesmo processo, as mesmas questões, as mesmas dúvidas e interrogações. Fazer jejum intermitente? Retirar por completo os hidratos de carbono da alimentação? Fazer dietas líquidas ou só à base de produtos processados? Estas são algumas das estratégias mais procuradas nesta fase do ano. “De uma perspetiva mais pragmática, podemos dizer que desde que exista restrição calórica, existe emagrecimento e o objetivo final é atingido”, repara o especialista.

Só que é necessário aprofundar o assunto. E não esquecer que para as dietas, anteriormente referidas, terem resultados, é necessário o conhecimento técnico. Por várias razões. “Para que não existam efeitos secundários, perigos para a saúde e sobretudo uma deterioração da relação da pessoa com os alimentos”, diz Pedro Carvalho.

Perder algum peso no verão não é mau, mas grandes e cíclicas oscilações de peso, por causa de dietas da moda, não são benéficas

Muitas das dietas são conhecidas como dietas ioiô. Ou seja, muitos alimentos são encarados como proibidos e essas dietas são vistas como se fossem para toda a semana ou para a vida toda. Sem sequer dar oportunidade de colocar outros alimentos no prato. A máxima atenção, portanto, se o objetivo é emagrecer rapidamente.

Pedro Carvalho, autor de um protocolo clínico cientificamente comprovado para a perda de peso e reeducação alimentar, que visa combater a obesidade e excesso de peso em Portugal, dá alguns conselhos. “Fazer jejum intermitente sem cuidado na quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos pode fazer com que nem sequer se perca peso ou, por outro lado, que se perca demasiada massa muscular”, revela.

Pedro Carvalho
(Foto: DR)

Por outro lado, retirar por completo os hidratos de carbono da alimentação pode levar a uma substituição por outros alimentos mais calóricos. Ou levar a uma desconsolação tal que potencie uma sobrecompensação alimentar. Quem não se revê no comportamento de retirar arroz, massa, batata do jantar, e depois recorrer a chocolates, bolachas e outros doces para tapar aquele buraco que ficou ou matar aquele bichinho que não sossega?

Uma abordagem cientificamente comprovada, e conduzida por nutricionistas devidamente credenciados, é a melhor estratégia

Líquidos. Muitos líquidos? “Dietas líquidas ou só à base de produtos processados até podem resultar enquanto se conseguem manter, mas criam uma monotonia que faz com que o ‘desmame’ dessas abordagens seja potencialmente perigoso e resulta numa grande recuperação do peso perdido”, adianta o nutricionista.

É possível, portanto, adotar uma dieta que seja mais restritiva em hidratos de carbono, com períodos de jejum intermitente, que inclua alguns produtos processados para maior comodidade. Mas, um grande mas, ou seja, desde que estas abordagens sejam inseridas num plano alimentar que se adeque ao quotidiano e preferências alimentares de cada pessoa. A melhor dieta é sempre aquela que resulta.