Dentes amarelos. O que se come, a idade, e outras coisas mais

A saúde oral depende das escolhas e de cuidados a ter ao longo da vida

Dentista explica as causas mais comuns para o escurecimento dos dentes e o que se pode fazer para evitar essa situação. Um sorriso bonito é um belo cartão de visita, mas nem sempre é um desejo que se concretiza. Mas porquê?

Dentes amarelos ou mais escuros do que é suposto? É bem mais comum do que se possa pensar à primeira vista e, por isso, é importante conhecer as causas para apostar na prevenção. Com uma boa notícia a abrir o assunto: há práticas que podem evitar ou mesmo ajudar a travar a evolução do escurecimento dos dentes.

Uma explicação prévia. “O esmalte dentário é um tecido basicamente inorgânico composto por uma rede de micro poros. O contacto com determinadas substâncias permite a deposição de pigmentos nestes poros, resultando no escurecimento dos dentes”, adianta Joana Lima, médica dentista da Malo Clinic Lisboa.

A principal causa para o escurecimento dentário está diretamente relacionada com o tipo de alimentação e de hábitos, como é o caso do tabagismo. “Bebidas e alimentos como o café, o chá, o vinho tinto, o açaí, a beterraba, entre outros, são ricos em taninos cromogénicos que se podem aderir ao dente. Alguns produtos antimicrobianos, mesmo incolores, em contacto com a superfície dentária também podem provocar pigmentação, como é o caso da clorohexidina, um componente com ação bactericida e fungicida”, revela a dentista.

O tipo de alimentação e hábitos, como fumar, influenciam a cor dos dentes

Com o passar do tempo, o polimento da superfície dentária já não basta, por si só, para remover as manchas. E, portanto, é necessária a ajuda de materiais oxidantes que recuperem a cor original do dente. Joana Lima avisa. “A falta de rotinas de higiene oral também pode agravar esta condição, sendo que a ausência de hábitos como escovar os dentes e a utilização do fio dentário pode causar a acumulação de placa bacteriana e contribuir para o escurecimento gradual.”

E, depois, há o envelhecimento dentário que também influencia a cor dos dentes. “Com a idade existe, de facto, uma transformação dos tecidos que compõem o dente acompanhada de um desgaste mecânico e químico.” O que acontece está estudado. “O esmalte torna-se mais translúcido e o tom da dentina altera-se.”

O polimento da superfície dentária não basta para remover as manchas com o passar dos anos

Aqui, infelizmente, não há boas notícias. Devido ao estilo de vida e aos estímulos a que a dentição é sujeita, é cada vez mais comum o envelhecimento precoce dentário. “Os odontoblastos, as células presentes na pulpa e responsáveis pela formação da dentina, envelhecem naturalmente, mas esse processo pode ser acelerado, devido à ingestão de alguns alimentos e bebidas ácidas ou de hábitos como ranger os dentes.” “Isso provoca um envelhecimento que não é natural, observando-se um escurecimento que varia entre o amarelo e o castanho, que pode também ser evitado”, acrescenta Joana Lima.

Travar o processo normal de envelhecimento não é possível, mas é possível compreender que a saúde oral depende das escolhas e de cuidados a ter ao longo da vida. “Existem formas de reduzir consideravelmente a probabilidade de virmos a ter dentes escuros, sendo as visitas periódicas ao médico dentista, uma higiene oral cuidada, evitar hábitos como o tabaco e alimentos ricos em açúcares ou pigmentos intensos as principais. Além disso, as manchas podem ser eliminadas com tratamentos que se adequem à causa do problema”, conclui a médica dentista.