CR7, Ten Hag, Jordan Peterson e os figurantes do Mundial
Rubrica "Partida, largada, fugida", de Susana Romana.
1
Arranca hoje o Mundial de futebol do Catar. O primeiro jogo mete os anfitriões frente a frente com o Equador, no Estádio Al-Bayt, um estádio construído com recurso às matérias-primas mais de vanguarda, do aço aos corpos de quem morreu por lá.
2
Este estádio, tal como outros, tem o teto retrátil. Ou seja, pode recolher-se. Que é aquilo que seleções e patrocinadores deviam ter feito neste Mundial.
3
Esperto foi Rafa, que se retirou da seleção antes deste Mundial por não se rever no sistema opressor e injusto. Por acaso, não estava era a falar do Catar, mas de Fernando Santos.
4
Portugal estreia-se na quinta-feira com o Gana. O nosso grupo não é muito difícil, mas temos um historial muito imprevisível. O truque pode ser colocar fotos do Ten Hag e esperar que a raiva de Cristiano resulte em sanguinário ketchup.
5
O Mundial vai decorrer, aliás, em pleno rescaldo da bombástica entrevista de CR7. O português foi muitíssimo crítico do Manchester United, clube no qual ainda joga. O futebol não tem sido muito bom, mas o reality show está em pico de forma.
6
Cristiano está a passar por uma duríssima fase pessoal, tendo tido o discernimento de procurar um terapeuta. O problema é que optou por Jordan Peterson, conhecido por ser machista, transfóbico e negacionista das alterações climáticas. É como ter um fogo em casa e chamar um dos dragões da “Guerra dos tronos” para dar conta do recado.
7
Um supercomputador prevê que a final do Mundial seja um Argentina-Portugal, com os sul-americanos a levarem o caneco. Mas eu acho que não há supercomputador que chegue para os cálculos matemáticos que Fernando Santos nos obriga sempre a fazer. Nisso, o tipo da tasca é mais versado do que a NASA.
8
A organização do Mundial contratou figurantes para vestirem as camisolas de várias seleções, incluindo Portugal, e fingirem ser adeptos. Só que o Fahad ou o Habid não passam por Rui ou Zé, mesmo de bigode. Faz lembrar quando, em 2011, Sócrates contratou indianos e paquistaneses para encher um comício em Évora. O PS sempre à frente do seu tempo.
[Artigo publicado originalmente na edição do dia 20 de novembro – número 1591 – da “Notícias Magazine”]