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Bruxarias, superstições e outras crendices do futebol português

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Buracos escavados no relvado, garrafas partidas na praia, incensos, defumadores, sal, mezinhas, até animais sacrificados. Dois jogadores que se recusaram a entrar em campo porque ambos queriam ser os últimos, um outro que acreditava que o jogo só lhe correria bem se naquele dia visse uma freira. E o peso que os rituais podem ter na regulação emocional de um atleta de alta competição.

Uns eram rituais clássicos, cumpridos à risca assim que a época arrancava, não fosse o diabo tecê-las. Resistem, aliás, até aos dias de hoje. Incensos espalhados pelo balneário, defumadores para limpar as más energias da derrota, o autocarro carregado de sal para, crê-se por aqueles lados, afastar todos os males. Quando a corda apertava na garganta, que é como quem diz, quando o fantasma da descida de divisão começava a pairar, tudo se hiperbolizava.

Abriam-se os cordões à bolsa, iam-se buscar super-gurus da bruxaria a África para acudir no aperto, vinham as galinhas pretas, redobravam-se as macumbas – nem o balneário do clube visitante escapava -, despejavam-se mezinhas atrás do guarda-redes da equipa adversária durante o aquecimento. Chegaram até a sacrificar-se vitelos para espalhar o sangue pelo relvado.

Parece coisa de outros tempos e latitudes, mas é uma história recente, passada num clube do norte a atuar no principal escalão de futebol, contada à “Notícias Magazine” por quem a viveu por dentro. Não é, contudo, preciso ser bruxo para antecipar que não será nunca confirmada oficialmente.

Porque este é daqueles assuntos pouco apetecíveis de abordar e assumir por quem se move nos meandros da bola. Mesmo que, em maior ou menor grau, estas práticas continuem a deambular pelos bastidores do desporto-rei. E mesmo que, volta e meia, o tema venha à tona por vias travessas.

O exemplo mais recente é o dos despachos do Ministério Público visando o F. C. Porto, onde, entre outras coisas, se aponta o suposto pagamento, através de intermediários, a “pessoas com alegada capacidade para influenciar a sorte dos resultados desportivos”. Notícias divulgadas posteriormente garantiam mesmo que os dragões tinham, através do agente desportivo Pedro Pinho, pago perto de 600 mil euros a Madalena Aroso, vidente de Matosinhos que entretanto se teria tornado funcionária do clube, a troco de 15 mil euros mensais. Confrontada com a rocambolesca história, fonte oficial dos azuis e brancos recusou comentar o assunto.

Certo é que não é a primeira vez que um dos principais emblemas nacionais dá que falar por (alegadamente, ressalve-se) recorrer a este tipo de serviços. Em junho de 2017, o mesmo anátema pairou sobre o Benfica, com a acusação a partir precisamente do diretor de comunicação do F. C. Porto, Francisco J. Marques.

Na altura, entre outras denúncias, o responsável portista revelou uma troca de emails entre Luís Filipe Vieira e Armando Nhaga, ex-comandante-geral da polícia da Guiné-Bissau, de onde se depreendia que as águias lhe teriam pago milhares de euros em bruxaria para ganhar jogos. O guineense acabaria, no entanto, por negar qualquer intervenção desse foro.

Zandinga, Delane, Alexandrino

A narrativa da bruxaria no futebol português já vai longa. O primeiro a ficar conhecido por tais pergaminhos foi o astrólogo luso-brasileiro Lesagi Gymmes Zandinga. Figura sui generis, de cabeleira e barba fartas, Zandinga gostava de se autointitular de parapsicólogo. Começou a ganhar fama no início do ano de 1978, quando, na véspera de um Marítimo-F. C. Porto, prognosticou que a equipa da Madeira, estreante na primeira divisão, não desceria e que os dragões seriam campeões no final dessa época, quebrando um jejum de 19 anos. E acertou em cheio.

A profecia certeira fez dele protagonista de uma inusitada tradição de réveillon: todos os anos, nos últimos dias do ano, jornais e televisões o interpelavam para fazer futurologia quanto ao próximo campeão. Curiosamente, a partir daí, falhou quase sempre.

Mas os seus serviços haveriam de ser frequentemente solicitados por gente do futebol. É icónica a história de como, no início da década de 1980, depois do verão quente do F. C. Porto, se mudou com António Oliveira para Penafiel e o “ajudou” a ir às Antas garantir o único empate da história dos durienses no reduto dos dragões. Como? Conta-se que o médium terá escavado uns buracos atrás da baliza do guarda-redes azul e branco Fonseca. Acreditar que o sucesso também passou por ali é que já são outros quinhentos.

Antes disso, esteve nos dragões e reza a história que, em nome da sorte, até incentivava Pinto da Costa e o então treinador José Maria Pedroto a tomar banho no mar junto a uma dada capela, mas só de madrugada e em noites de lua cheia.

Albertino, antigo avançado do F. C. Porto e do Boavista, recorda a caricata personagem e um episódio em particular.“Lembro-me de estarmos todos sentados no hall, antes de um treino, e de aparecer o Zandinga a dizer que me queria espetar uma agulha, daquelas da acupuntura, no pescoço. Disse-me que ia ficar muito melhor e que aquilo ia melhorar os remates de cabeça. Eu, que não acreditava em nada daquilo, disse-lhe logo: ‘Estás maluco? Arranja outro.’ Passado um bocado, apareceu o Costa com com aquilo espetado. Se resultou? Se quer quer lhe diga acho que ele não deu uma cabeçada na bola naquele jogo.”

Albertino ainda hoje se ri a recordar o episódio, mas admite que as estratégias de Zandinga não inspiravam a todos a mesma descrença. “Havia jogadores muito agarrados a isso, alguns acreditavam.”

Zandinga era um astrólogo que se autointitulava de parapsicólogo. Ganhou fama a fazer previsões em relação aos vencedores do campeonato e trabalhou com F. C. Porto e Penafiel
(Foto: Arquivo da Global Imagens)

Algures por esta altura, chegava ao Benfica, pela mão do treinador brasileiro Otto Glória, um outro parapsicólogo. Ou médium. Ou “um mentalista com o dom de prever acontecimentos”, como gostava de se definir. Falamos de Delane Vieira, brasileiro que, depois de passar pelas águias e pelo União de Coimbra, chegou aos dragões à boleia de Artur Jorge. “Não trabalho só para ganhar a Liga, isso sabe a pouco. Trabalho para ser campeão europeu”, ter-lhe-á dito. E, em 1987, os dragões foram mesmo. Que influência teve Delane nessa conquista é que já é outra questão.

No livro de memórias que escreveu, descrevia assim a sua atuação: “Era preciso, por exemplo, preparar fitinhas para um ou outro jogador prender nas pernas por debaixo das meias e preparar uma moedinha, que era atirada para o campo antes dos jogos. Era necessário ainda levar garrafas de cachaça que, às sextas-feiras à noite, eram partidas numa praia em oferenda ao Pai João. A pouco e pouco fui conquistando os jogadores, ganhando a confiança deles.”

Paulo Futre, icónico internacional português que por essa altura brilhava de dragão ao peito, também recorda as fitinhas, mas não só. “Às vezes matava lá os galos na praia, aquilo fazia-me uma confusão… E uma vez, em casa dele, com um charuto na boca, começou a revirar os olhos e a mudar a voz. Fiquei com medo, confesso.” De tal forma que só lá voltou com a companhia de outro colega do F. C. Porto. A ideia, destes e doutros rituais, era sempre a mesma: afastar as lesões, fazer com que as coisas corressem bem, dar sorte.

E, assegura Futre, se se descontassem “as loucuras dele”, a levantar o moral “era bom”. “Abordava-me e dizia que naquele dia ia fazer um jogaço e marcar. Já mais tarde percebi que ele fazia isso com vários jogadores, mas a verdade é que ajudava a que fôssemos para dentro do campo com outra confiança. E depois era muito inteligente, entrava na vida pessoal, deixava-nos desabafar.” E assim foi de facto ganhando o grupo, garante Futre. Agora à distância, vê-o como um psicólogo pioneiro, num tempo em que estes profissionais ainda não faziam parte da estrutura dos clubes. E admite até que “teve o seu dedo nas vitórias” dos azuis e brancos, visto que também ele ajudou a unir o grupo e a motivá-lo.

Augusto Inácio, que também vestiu de azul e branco naqueles anos, recorda outros episódios, um deles muito badalado. “É mesmo verdade. Na véspera da final da Taça Intercontinental [também em 1987], em Tóquio, com um sol radioso, o Delane disse-nos que só ganhávamos o jogo se nevasse. Lembro-me de pensar: ‘O gajo ‘tá maluco.’ Mas a verdade é que nevou mesmo. E ganhámos.”

Numa outra vez, os dragões precisavam que o Sporting patinasse em Guimarães. “O Delane mandou alguém pôr uma garrafa de litro de aguardente enterrada de gargalo para baixo, ao pé de uma árvore. E a verdade é que o Sporting até esteve a ganhar 2-0 ao intervalo e depois foi perder 4-3. Claro que se disse logo que tinha sido um grande trabalho do Delane. É daquelas histórias para se acreditar sempre”, atira Inácio, entre risos.

Alexandrino, que se tornou conhecido à custa de um programa de Herman José, “ajudou” o Vitória de Guimarães a salvar-se da descida de divisão na época 2000/01
(Foto: Arquivo da Global Imagens)

Anos mais tarde, já como treinador, Inácio chegou a trabalhar com outro autodenominado parapsicólogo. Desta feita, Alexandrino, o professor “firme e hirto como uma barra de ferro” que ganhou fama à custa de um momento protagonizado num programa de Herman José. Mas voltando a Inácio. “Na altura [no decorrer da época 2000/01, o Vitória ia muito mal classificado e o Pimenta Machado convidou-me para ir para lá. O nome do Alexandrino surgiu e falou-se que, a nível psicológico, podia ser uma boa ajuda”, recorda.

Mas o que fez, afinal? “Fez duas ou três sessões, levou pandeiretas e gaitas, supostamente para limpar e espantar os maus espíritos. Aquilo dava vontade de rir, pôs lá tudo a cantar, na risota, uma palhaçada e o que é certo é que na última jornada conseguimos ficar.” Mérito de Alexandrino? “Uns acreditavam naquilo, outros não, mas ajudou a animar a malta, e que deu para desanuviar da pressão deu.”

Delane Vieira, que passou por Benfica, União de Coimbra e F. C. Porto, protagonizou um sem-fim de histórias rocambolescas
(Foto: Arquivo da Global Imagens)

Enquanto jogador e enquanto técnico, assegura, sempre respeitou todas as crenças. “Todos temos fé nalguma coisa, num momento de aflição ainda mais. E isto das bruxarias também tem muito de fé. Já ouvi muitas histórias. De malta que vai para dentro do mar, que queima peças de roupa, conta-se muita coisa. Mas quando se fala nisto, uns pensam que estamos a gozar, outros acham que andamos metidos nisso e não queremos dizer. É um assunto difícil, de que as pessoas não gostam de falar. Eu sigo aquela máxima de que não acredito em bruxas, mas que as há, há. E acho que temos de seguir a nossa fé, porque o acreditar nalguma coisa acaba por ser um fator motivacional. Eu próprio tinha as minhas superstições. Entrava com o pé direito, benzia-me, enquanto treinador andava sempre com a medalha da nossa senhora de Fátima na mão, dentro do bolso. Tanto que no ano em que fui campeão pelo Sporting chegaram a dizer que aquilo era um bruxedo. Até que mostrei a medalha.”

Uma forma de controlar a ansiedade

Mas até a fé pode ter que se lhe diga. Inácio rebobina uma história de Casagrande, avançado brasileiro que representou o F. C. Porto na época 1986/87, que é reflexo disso mesmo. “Antes dos jogos, ele acendia sempre as velinhas aos santinhos dele. Uma vez fomos jogar à Dinamarca e quando fui à casa de banho vi que as fotografias dos santinhos estavam lá caídas. Achei por bem avisá-lo. Quando lhe disse que as fotografias estavam caídas, o homem ficou maluco, com uma ansiedade brutal. Depois, durante o jogo, partiu a perna. Agora quem é que lhe vai dizer que não foi por causa daquilo que partiu a perna?”, questiona Inácio, sempre num registo divertido.

Também se lembra de que, certo dia, no aquecimento de um F. C. Porto-Benfica, Eurico vestiu umas calças que não eram dele e que tinham no bolso uma fitinha. Como durante o jogo partiu a perna, ficou a cismar que aquela fitinha tinha sido colocada ali para tramar o dono das calças. “Claro que o mais provável é serem coincidências, mas as pessoas vão ficando com estas coisas interiorizadas.” Ou não fosse o futebol um terreno fértil para crenças e crendices, onde a fé, a espiritualidade, o misticismo, as superstições e a bruxaria se enredam num novelo de contornos difíceis de definir.

Quando entramos no domínio das superstições então, a lista é interminável. Jogadores, treinadores, dirigentes, não há classe que escape. A este propósito, Inácio conta uma curiosa história partilhada com Luís Duque, diretor desportivo do Sporting na época (1999/00) em que, com Inácio ao leme, os leões se sagraram campeões, depois de um jejum de 18 anos.

“Houve um jogo em que o Duque me pediu um cigarro e eu dei-lhe um maço. Como ganhámos esse jogo, comecei a dar-lhe sempre três maços antes dos jogos. A dada altura houve um jogo com o Vitória de Setúbal que não estava a correr nada bem, estávamos a perder 1-0 ao intervalo e o Setúbal ‘a dar chocolate’. E ele veio dizer-me: ‘Sabe porque é que está a correr mal? Porque não me deu o maço!’. Lá pedi para irem comprar os maços para lhe dar, porque tinha de ser eu a dar-lhe. E acabámos por ganhar 2-1. No fim ele disse-me: ‘Está a ver, se não me tinha dado os maços perdíamos este jogo!’.”

Também Futre foi colecionando superstições ao longo da carreira. “No balneário do F. C. Porto, não podia haver um chinelo virado ao contrário, se um copo se partia tinha sempre de se ir passar o álcool três vezes em forma de cruz, se apanhávamos um carro funerário quando íamos no autocarro antes de um jogo, era um silêncio total até o ultrapassarmos. Em Espanha, por exemplo, quando íamos para estágio e apanhávamos um casamento, era visto como algo que dava sorte.”

Ele próprio também tinha as suas pancas. “Entrava sempre com o pé direito e benzia-me, por mim, por Portugal e por Mário Soares, porque me salvou da tropa.” Além das pulseiras no pulso direito que nunca deixou de usar. Mas o rol de exemplos não tem fim. Desde jogadores que repetem a roupa interior sempre que ganham um jogo aos que fazem questão de ser os primeiros a sair do avião. Já Eusébio, por exemplo, jogava sempre com uma “moeda da sorte” na bota direita.

Interessante é constatar que, no caso dos atletas, eventualmente dos treinadores também, estas superstições podem cumprir uma função importante. Sobretudo nos desportos em que há uma “matriz mais aleatória na produção de resultados”, ressalva António Manuel Fonseca, que além de ser hoje professor catedrático de Psicologia do Desporto na FADEUP e dar formação a treinadores nesta área, também foi futebolista e treinador. Conhece, portanto, o fenómeno por dentro e por fora.

“É verdade que as pessoas procuram encontrar conforto nestas coisas, uns nas mezinhas, outros nas camisolinhas, nalguns casos umas crenças de natureza mais religiosa. São coisas que, em princípio, lhes vão dar algum chão. E o futebol é fértil nisso. Já quando era treinador tive dois jogadores que não entravam em campo e, quando fui ver o que se passava, não entravam porque um que já estava no plantel tinha que ser sempre o último e outro, que tinha acabado de chegar à equipa, costumava fazer o mesmo.”

Tem tudo que ver com as crenças, destaca o docente. “Não interessa se aquilo funciona mesmo, porque a crença é antecedente a isso. Interessa é que ele acredita naquilo. Por isso é que temos de ter muito cuidado quando se desconstrói certas coisas em que as pessoas acreditam. Porque é mais grave que não acreditem em nada.”

Ana Bispo Ramires, especialista em Psicologia do Desporto que já trabalhou com o Benfica, o treinador Luiz Felipe Scolari ou o guarda-redes Rui Patrício, ajuda a contextualizar esta necessidade de rituais. “Os comportamentos ritualizados existem desde que o homem é homem e prendem-se com a necessidade de segurança, nomeadamente perante uma situação de insegurança percecionada que espoleta sensações de dúvida e ameaça. Depois, há modalidades que tendem a ter comportamentos ritualizados mais institucionalizados desde sempre.”

E o futebol é uma dessas modalidades. Mas não só. A especialista dá o exemplo do ritual que o tenista Rafael Nadal tem de cumprir antes de receber um serviço. “Tem uma função de regulação de ansiedade.”

Mas rituais e superstições são coisas distintas, particularmente quando as segundas não dependem da própria pessoa. Por exemplo, o caso de um atleta – e isto é uma história real, frisa – que para acreditar que o jogo lhe ia correr bem tinha de ver uma freira nesse mesmo dia. “Aqui, o atleta não tem controlo sobre a situação. É uma lotaria. E isto acaba por gerar grande ansiedade. Ou o caso de um atleta que tem de usar sempre as mesmas calças. Isto é um bocadinho inócuo até ao dia em que as calças se rasgam, porque aí pode gerar-se um comportamento disruptivo.”

No caso das bruxarias e afins, a coisa pode ser ainda mais complicada. “Porque em tudo o que envolve processos de manipulação externa, se não houver alguém eticamente responsável do outro lado, pode criar-se dependência, até numa lógica de extorquir dinheiro.”

E voltando às superstições, há forma de as trabalhar? Há, considera Ana Bispo Ramires, que atualmente trabalha com o Comité Olímpico de Portugal. “Trabalhamos com os atletas rotinas pré-competitivas que aumentem a capacidade de regulação emocional e concentração. Mas nunca se desmonta um ritual antes de conseguirmos implementar uma rotina funcional, a ideia é que seja o atleta a fazer a migração para uma rotina com um nível de controlo mais elevado”, detalha a psicóloga, que garante que “cada vez os atletas são menos reféns desse tipo de estratégias”, até porque são cada vez mais educados na área da Psicologia do Desporto.

O mesmo se aplica em relação às crenças nas bruxarias. “Culturalmente, havia muitas histórias no país relacionadas com essas temáticas. A minha avó, por exemplo, costumava contar muitos episódios relacionados com bruxas. Quer se queira quer não, isso deixa um rasto cognitivo, de leitura e de credibilidade acerca das coisas, que, sendo ativado mais à frente, assim nos torna mais ou menos crentes. A literacia em termos académicos traz mais conhecimento que acaba por ocupar o lugar dessas histórias populares.” Já dizia João Saldanha, antigo jornalista e técnico da seleção brasileira: “Se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano acabaria empatado”.


Sangue, ossos, rosas, charutos

Luís Alves, conhecido no mundo do oculto por “Mestre Alves”, garante que os “trabalhos” de bruxaria no futebol têm de começar ainda no defeso
(Foto: Pedro Correia/Global Imagens)

Entre as figuras que garantem fazer trabalhos de bruxaria para o futebol, destaque para Luís Alves, médium, exorcista, homem do norte, portista de gema. Para quem acredite, o “Mestre Alves”, como é conhecido no meio do oculto, explica como é possível fazer feitiçaria no mundo da bola. “Temos de fazer bruxaria entre magia branca e magia negra. Não é só num jogo que se ganha um campeonato. Começa-se no defeso. O médium tem de limpar todos os jogadores que vêm para o clube, pois não se sabe se eles vêm limpos ou trazem bruxarias. Depois, quando sair o calendário dos jogos, começa-se o trabalho para os nossos jogadores terem energias positivas e para os atletas do adversário terem energias negativas. Para isso, é preciso saber os dados de todos os jogadores do adversário. E dos árbitros também. Isso é que é a bruxaria no futebol.” Garantindo que durante anos trabalhou a favor do F. C. Porto, e da seleção também, pormenoriza que para levar a cabo estas práticas é preciso ir ao cemitério, ao mar, ao estádio. Luís Alves especifica ainda o que será preciso para fazer magia negra e magia branca. No primeiro caso, sangue, frango preto e ossos. No segundo, champanhe, rosas e charutos. “Porque o fumo traz a paz, a força, a alegria.” Palavra de bruxo.