Azeitonita. Comida com voz e afeto

Cláudia Figueiredo e Ana Costa preparam paparicos doces e salgados

“Paparicos para amigos” é a alma da Azeitonita, projeto de duas amigas que fazem e vendem doces e salgados. No menu, rabo de boi, manjericos e até um jogo do galo feito de bolachas.

A comida funcionou sempre como o pretexto para juntar o grupo de amigos de longa data, desde a adolescência, à volta da mesa. Veio a pandemia, veio o afastamento, veio a ideia. Ana Costa, Nita para os amigos, arquiteta, cozinheira de mão cheia, e Cláudia Figueiredo, com formação em Turismo, freelancer na área da comunicação, sentiram saudades desse tempo, desses momentos, dessa partilha.

E o negócio nasceu. Azeitonita, junção de azeitona e Nita, surgiu num dia com significado para as duas amigas, no 25 de Abril do ano passado, com o slogan que é a essência do projeto “paparicos para amigos” e com um cupcake com feitio de cravo. “Foi uma forma bonita de começar”, recorda Cláudia Figueiredo.

Azeitonita tem doces e salgados caseiros. Ana cozinha, Cláudia trata das fotografias, da comunicação, das redes sociais. “A comida, para nós, merece ter uma voz porque invoca memórias, narrativa, sentido de comunidade. A comida como veículo de presença, de afeto, de juntar pessoas”, explica Cláudia. “Há sempre um discurso à volta da comida”, acrescenta. Como o jogo do galo, a mais recente novidade, para comemorar o Dia Mundial da Criança. Um jogo que se come, uma bolacha que se joga. Quem ganha, à melhor de três, come as bolachas de manteiga, há peças a mais para quem perde, e uma mensagem na embalagem para lembrar que brincar é um direito dos mais novos.

A oferta é variada. Manjericos doces, empadas de cozido à portuguesa que homenageiam “O senhor Ventura” de Miguel Torga, rabo de boi, paella, tarte de mojito fluorescente, pavlova, macarons, bavaroise de leite condensado, tarteletes de cogumelos, folhadinhos de alheira com noz e compota de laranja inspirados num cálice de Siza Vieira, lagosta fingida, bife Wellington. Comida com discurso e com sentido. E há ocasiões que não passam em branco, bolachas unissexo para o Dia da Mulher, biscoitos de amor para o Dia dos Namorados com frases de autores de língua portuguesa, como Sophia de Mello Breyner e Herberto Helder. O Dia do Orgulho LGBT também será assinalado. “Vamos celebrar e queremos estar nessa discussão”, adianta Cláudia.

“Entregamos cuidado, calor, afeição, aconchego”, garantem as duas amigas. Porque é isso que a comida significa e é tudo isso que os amigos representam. Há embalagens que parecem maquetas da arquiteta-cozinheira e as encomendas podem ser feitas via site ou redes sociais, com preços a partir de seis euros. A comida pode ser levantada em casa de Ana, no centro do Porto, ou por serviço especial de entregas no Grande Porto e arredores com uma taxa de 2,5 a 4 euros. Tudo pensado porque a comida é amor. Muito amor.