Criam roupa, joias, sapatos, biquínis, óculos e perfumes. A “Notícias Magazine” foi ouvir figuras públicas com grande notoriedade em negócios de moda. Não falam em volume de investimento, mas todas sublinham uma grande preocupação com a sustentabilidade.
É sábado de manhã, 15 de outubro, o tempo está nublado e chuvoso e há uma fila com vários quilómetros na via que dá acesso ao Pavilhão Multiusos de Gondomar. Os carros encostam à direita e a longa espera – que se volta a verificar junto à infraestrutura – não é para um qualquer concerto. É para ver Cristina Ferreira, 45 anos, e o seu “Cristina Talks”, que tem como oradores a cantora Carolina Deslandes, o diretor da plataforma online de compra e venda de veículos “Pisca Pisca” Paulo Figueiredo, o jogador de futsal Ricardinho e o empreendedor Fred Canto e Castro. Aí são apresentados todos os segredos para a carreira de sucesso da apresentadora e diretora de Ficção e Entretenimento da TVI, com convidados que inspiram, evento que conta já com uma nova data, desta vez em Lisboa: 23 de janeiro de 2023.
O “Cristina Talks” é só o mais recente negócio de Cristina Ferreira, que aposta, ainda, na sua revista, em nome próprio. Porém, a maior fatia do negócio deriva da moda: além do perfume “MEU”, na loja online da comunicadora estão à venda, por exemplo, botas a partir de 64 euros (em promoção), malas (algumas esgotadas) com preços desde 24 euros ou sapatilhas à volta dos 90 euros. Em destaque, ainda, os óculos da “Eyewear Collection Cristina”, em parceria com a Optivisão (a partir de 119 euros), numa imensidão de produtos que fazem dela a (também) empresária que no passado mês de maio foi distinguida com o “Prémio Executiva” destinado às mulheres mais influentes de Portugal.
Cristina Ferreira é, em Portugal, a famosa mais reconhecida no mundo das marcas e a “Notícias Magazine” foi ao encontro de outras caras familiares do grande público, a maior parte estrelas da televisão, que vestem uma segunda “pele” com as suas linhas próprias. São, literalmente, famosos que estão na moda, como Cláudia Vieira, Sofia Ribeiro, Tânia Ribas de Oliveira, Carina Caldeira, Vanessa Martins, Luís Borges, Joana Teles, Diana Pereira ou Cláudia Borges.
“Quisemos pôr as mulheres a arriscar”
Há três anos que uma coleção de moda estava na cabeça de Cláudia Vieira, 44 anos, e de Gabriela Pinheiro, stylist e consultora de imagem da atriz e apresentadora há mais de uma década. As duas convidaram a especialista em marketing Raquel Vasconcelos para ser sócia do projeto e assim nasceu a “Obsidian”, uma coleção cápsula “inspirada numa rocha ígnea, um vidro escuro natural formado após o arrefecimento de lava derretida e protetora de energias negativas”. A coleção aposta no cruzamento do xadrez com cor e, sobretudo, na sustentabilidade das matérias-primas. O xadrez, por exemplo, foi trabalhado em poliéster reciclado obtido a partir de garrafas e de resíduos industriais de poliéster ou vestuário; as t-shirts são feitas de algodão supima, que tem mais 35% de comprimento do que o algodão normal e produz uma fibra mais suave e lustrosa. “Estas peças vestem bem em todos os corpos. O xadrez é tradicional e rasgar com estas cores vibrantes tem várias misturas. Uma mulher que vista habitualmente cinza ou preto também pode apostar nesta cor, que tem influência em nós. Quisemos arriscar e colocar as mulheres a arriscar”, diz Cláudia Vieira à “Notícias Magazine”, confessando que ainda não pensaram na vertente masculina.
A coleção foi apresentada no dia 13, no Portugal Fashion, no Porto. “Acho que fui a mais exigente no que toca a uma mensagem consciente. Tenho uma imagem e amo a minha profissão e isto não pode maltratar a minha imagem pública ou a minha profissão. Quero que as pessoas sintam que é uma marca o mais sustentável possível”, ressalva a atriz. “Para já, como é tudo tão novo, estamos em todos os processos juntas. Foi um processo muito orgânico e genuíno, colocámos os nossos gostos em cima da mesa”, acrescenta. “Tivemos de abdicar de alguns modelos, encontrar os parceiros certos e esperar que chegasse a matéria-prima que desejávamos”, partilha Cláudia Vieira, justificando o facto de a apresentação da “Obsidian” ter acontecido no Portugal Fashion. “De repente pensámos: ‘e se lançássemos a coleção num evento de moda que tenha a chancela certa, uma marca portuguesa lançada num evento de moda nacional?’. Fazia muito sentido e, felizmente, correu bem. Queremos ser uma marca que produz poucas peças e a verdade é que quando se produz pouca quantidade a margem de lucro é muito baixa. Mesmo assim, não quisemos ir atrás do mais óbvio.”
Cláudia admite que o lançamento foi “um ato de coragem”. “A Gabi tinha este sonho, sou muito amiga dela, eu gostava de ter algo paralelo à minha atividade profissional. Há muito amor no meio disto tudo e não conseguimos separar a amizade do trabalho. Espero muito que o facto de sermos sócias não belisque a nossa amizade e que mantenhamos a transparência, a lealdade e a verdade na nossa amizade.”
A família, o namorado, João Alves, e a filha mais velha, Maria, acabaram por ser uma inspiração. “Não diria que o João e a Maria deram uma opinião óbvia e clara, mas nós somos as influências que temos. E eu, naturalmente, tenho um pouco daqueles que me cercam. A minha Maria ama a minissaia, por exemplo, é a peça que quer experimentar, mas ainda tem cinturinha estreita.”
Os produtos podem ser adquiridos na loja online, nas Loja das Meias de Matosinhos e de Lisboa e na Just Ceuta, na Baixa do Porto. Os preços oscilam entre os 90 (t-shirt) e os 370 euros (gabardina).
“Sonhos sem medo de correr riscos”
Um dia depois da realização do “Cristina Talks”, em Gondomar, e antes de mais uma gala do “Big Brother”, na Venda do Pinheiro, Cristina Ferreira falou com a “Notícias Magazine” sobre o valor da marca em nome próprio.
“Mais do que um complemento à profissão, sempre acreditei que é possível alcançar sonhos sem medo de correr riscos. Sempre fui uma grande apaixonada por moda e é assim que tudo começa – a partir desse sonho. Eu tive a oportunidade e a ambição de criar mais a partir daí”, começa por referir. “Mas acredito profundamente que ninguém é só uma coisa, ou ninguém é bom a fazer só uma coisa, e o espírito empreendedor revela-se nessa capacidade de sabermos antecipar cenários, de inovar e de preparar respostas. Isto é válido quando falamos de empresários, mas também é válido para todos aqueles que têm de ter planos A, B, C, part-times para alimentar sonhos e, muitas vezes, para alimentar
famílias”, considera. “Entendo que, na generalidade e no meu caso, prefiram falar de valores envolvidos, do que se ganha, do que se investe, mas ninguém imagina o trabalho e os sacrifícios que estão por trás dos sonhos e do sucesso. E, sobre isso, sabe-se muito pouco”, frisa ainda, para garantir um total compromisso com a gestão prática do universo “Cristina”. “Já não saberia viver de outra forma e sem a vida completamente preenchida. Mas é importante referir que o segredo para tudo isto ser possível é criar, formar, confiar nas equipas e nas pessoas que nos apoiam.” E explica: “Tudo começa em casa, pois sem o permanente suporte familiar seria impossível estar em tudo. E, em cada projeto, há equipas ótimas envolvidas e são elas a chave do sucesso. E essa também é a parte aliciante. O que, para muitos, são apenas negócios ou ideias alucinantes, para muita gente é uma oportunidade de emprego e uma oportunidade de desenvolvimento de competências”.
Quanto aos inúmeros projetos, a apresentadora e diretora de Ficção e Entretenimento da TVI garante que “todos têm um pedaço” de si. “E todos são inovadores – o que é imperativo para mim – e todos têm um propósito: deixar uma marca.” Quanto ao futuro, uma certeza. A marca Cristina “não vai parar de evoluir”. “Sou muito atenta a tendências, ao mundo em que estou e sou muito fiel às minhas paixões.” E essa certeza de sucesso no futuro tem um passado: “Fui a primeira figura pública, em Portugal, a ter um blogue de lifestyle. Fui pioneira a apostar no digital em várias plataformas – quando ainda pouco se falava disto -, capitalizando a notoriedade na televisão. Mas, simultaneamente, investi numa revista, quando todos insistiam em fechá-las. E a revista ‘Cristina’ mantém-se firme”.
Sobre as sucessivas apostas no mundo da moda, Cristina Ferreira apresenta um discurso otimista: “As minhas linhas de roupa e calçado também se têm desenvolvido e a cada estação estão mais irreverentes. Nos acessórios, comecei com a linha de óculos, mas também já estou a apostar na joalharia. Não sei ainda para onde evoluirá, mas certamente não ficaremos por aqui, porque as pessoas pedem mais e eu também quero mais”.
No último fim de semana, a comunicadora encheu o Pavilhão Multiusos de Gondomar com a “Cristina Talks”. “É a marca mais recente e é muito especial para mim. Foi uma experiência verdadeiramente arrebatadora, para mim e para os espectadores. Vivemos tempos difíceis, o Mundo precisa de empatia e eu ainda acredito no poder do diálogo, das partilhas de vida e, sobretudo, na superação. Por isso, estou confiante no crescimento desta marca, pois quero muito chegar às pessoas pelo país fora.”
“O perfume é dedicado à sensualidade”
Desde cedo que a atriz Sofia Ribeiro, 38 anos, percebeu que não era apenas “uma coisa só”. “Seria muito redutor para mim pensar que sim. Há, felizmente, muitas outras vertentes além da minha profissão central que também me dão muito prazer abraçar. Sejam projetos meus, de raiz ou não, o mais importante é que sejam projetos com os quais me identifico e me sinto representada. Falo e trabalho na maior parte das vezes para mulheres e faço questão de estar envolvida em projetos que não sejam apenas comerciais, mas que passem mensagens inspiracionais de empoderamento, amor e união”, sublinha a atriz, que lançou um perfume com a Equivalenza.
“É inspirado e dedicado à garra, à luz, à sensibilidade e à sensualidade da mulher”, diz Sofia Ribeiro. “Foi pensado ao mais pequeno pormenor ao longo dos mais diferentes processos. Desde o aroma final à embalagem, passando pelas cores e os seus significados”, orgulha-se. “Criar um perfume pode parecer, mas não é tarefa fácil. Foi um projeto que demorou um ano a estar concluído, mas, depois, é muito prazeroso ver o resultado final. Tenho a sorte de trabalhar com uma equipa incrível que me apoia muito.” A atriz assegura estar totalmente focada na gestão. “Envolvo-me a 100% nos projetos e este não foi exceção.”
“O nome do perfume, ‘Just Bright’, foi inspirado no nosso brilho único e na nossa força interior. Tem notas de bergamota, couro, madeira, jasmim e coco, e foi uma mistura surpreendente. Sempre quis ter um perfume e foi muito interessante estar envolvida no processo de construção, desde o aroma ao ‘packaging’, com a Equivalenza. Quero que as mulheres e os homens que o usem se sintam mais poderosos e confiantes. Sempre foi esse o meu objetivo com este perfume. Por isso, fico muito feliz por ter concretizado mais um sonho. Gosto de desafios e este revelou-se mais uma experiência memorável”, destaca.
Sofia Ribeiro recorda, de seguida, a criação de “Gabriela”. “É a minha coleção cápsula de roupa com a CAWÉ – um sonho que se concretizou. Estive envolvida na criação e na escolha dos modelos, tecidos, desenho e corte.” E a atriz pormenoriza: “Mais uma vez não queria que fosse apenas uma coleção de roupa. Chegar às peças finais associando-as a palavras como ‘luz’, ‘leveza’ e ‘glória’, e, mais tarde, saber que há pessoas a viver as suas histórias com essas inspirações que são, no fundo, tudo o que lhes desejo, deixa-me muito contente e orgulhosa. Gabriela era uma personagem de ficção que me encantava em miúda e que ainda hoje me encanta, porque era uma mulher muito à frente do seu tempo”.
Sofia refere, ainda, a associação à lingerie da Intimissimi. “É outra marca que me diz muito. Por ser uma marca com uma grande consciência social. Porque se alia a causas que precisam de voz e apoio, como é o caso da luta conta o cancro da mama [em outubro, na compra de um soutien, a marca doa dois euros à Liga Portuguesa Contra o Cancro e já foram ultrapassados os 50 mil euros], mas também por ter um papel muito importante na autoestima das mulheres. A marca tem acompanhado a evolução dos tempos e eu gosto de dar a cara por aqueles que não estagnam, batalham e têm uma missão.”
O perfume “Just Bright”, da Equivalenza, de 50 ml, custa 24,50 euros na loja da marca. O “gift set”, que inclui um roll on, custa 26,50 euros. Quanto à Intimissimi, há inúmeras peças de lingerie a diversos preços, dependendo das combinações, entre os 15,90 e os 59,90 euros.
“Sonho alto, executo e faço o design”
Depois de um início de carreira com participações em novelas e séries da TVI, como os “Morangos com açúcar”, que foram catapulta para a fama, Vanessa Martins, 36 anos, descobriu uma nova vocação. Foi uma volta de 180 graus na sua vida, mas o que é certo é que a marca “Frederica”, que inclui diversos produtos na loja online – como artigos de bem-estar, íntimos e até… gomas -, ganhou fama com os biquínis. A também influenciadora digital conta como tudo começou. “Há nove anos lancei o blogue ‘Frederica’. Mais tarde, em vez de falar de mim, comecei a falar de coisas em geral, da mulher e da saúde íntima”, conta.
“Há quatro anos lancei a loja online com outras marcas”, prossegue Vanessa Martins, que, na área da moda, destaca os biquínis feitos em parceria com a “griffe” brasileira La Sirène, em que dá a cara como modelo. “São peças muito simples, mas intemporais”, limita-se a resumir, sobre a coleção. O empenho na gestão da marca “é a 100%”. “Eu sonho alto, executo e faço o design. A ‘Frederica’ é o meu alter ego, é uma mulher resolvida, empoderada, que faz exercício e que gosta de acordar cedo.”
Vanessa Martins, que tem reuniões marcadas para São Paulo, no Brasil, onde pretende avançar com novos negócios de biquínis, traça o perfil das suas clientes. “As consumidoras são mulheres que idealizam ser ‘Fredericas’ e que ambicionam chegar mais longe.”
Na loja Frederica, pode encontrar uma variedade de biquínis, com os preços a oscilarem entre os 39 e os 79,90 euros.
“T-shirts orgânicas com frases inspiradoras”
O que pode resultar quando uma apresentadora de televisão e uma dentista se juntam? Uma coleção de t-shirts e sweatshirts. A marca “Breath In Organic”, de Tânia Ribas de Oliveira, 46 anos, é uma marca de camisolas sustentáveis com o intuito de aliar a beleza, o conforto e a praticidade à moda sustentável. Entre as mais variadas opções, surgem estampadas frases como “slow life” (vida lenta), “just breathe” (respire apenas) e “messy hair, salt and sea” (cabelo despenteado, sal e mar). “A ideia da Breathe In surgiu há cerca de um ano e meio em conversas com a minha amiga Cláudia. Nessa altura estávamos ambas com vontade de fazer alguma coisa diferente e paralela às nossas profissões. A Cláudia é dentista, também não tem nada a ver com este tipo de negócio”, assinala Tânia Ribas de Oliveira à “Notícias Magazine”. Tal como as outras figuras públicas que falaram com a nossa revista, também a apresentadora do programa da RTP1 “A Nossa Tarde” está a par de todos os aspetos da gestão da marca. “Claro que sim. Tudo depende de nós. Lançamos em média duas coleções por ano e somos nós que tratamos de tudo: as ideias das frases para as camisolas, a escolha das cores, as encomendas, a publicidade, o envio.” Desafiada a descrever a sua “brand”, Tânia Ribas de Oliveira é direta. “A ‘Breathe In Organic’ é uma marca de t-shirts e sweatshirts orgânicas com frases inspiradoras.”
No Instagram da “Breath in Organic” pode encontrar preços que variam entre os 40 e os 55 euros.
“O glitter é uma forma de estar na vida”
Carina Caldeira, 38 anos, mostra ser uma das figuras públicas mais empreendedoras e procura colocar brilho em tudo o que faz, ou não fosse a apresentadora do programa “Glitter Show”, no Porto Canal. “Os meus projetos, acima de tudo, têm um ADN muito próprio, vão ao encontro da minha marca, que é o Glitter, e de toda essa filosofia de positividade”, realça. “O glitter não é só algo brilhante ou uma purpurina, é uma forma de estar na vida e eu quero que as pessoas, quando usam as minhas peças, fiquem mais felizes; se estão num dia cinzento, que fiquem com mais cor. Isso é o que eu quero trazer com os meus projetos, acrescentar sempre alguma coisa na vida de alguém, de uma forma positiva e colorida.”
Quanto aos negócios, são muitos e variados. “É isso que tem acontecido na minha parceria com a marca nacional de calçado ESC e com quem já colaboro desde o inverno passado. As Glitter Boots – no outono-inverno 2021 – foram um sucesso. Toda a gente amou tanto as botas verdes como as rosas e houve até quem já lhe chamasse ‘as botas do Instagram’.”
As vendas superaram as expetativas. “Esgotámos três vezes cada stock, o que é espetacular. Depois deste resultado incrível, fez todo o sentido continuarmos com a colaboração e lançarmos um produto que mantivesse o toque de glitter.” No verão, a apresentadora lançou sandálias nos mesmos tons e no passado dia 13 de outubro saiu para o mercado a nova versão para esta estação das High Glitter Boots, “desta vez em azulão metalizado e em prateado”. “Acho que vão ser um sucesso”, espera Carina Caldeira. Mas há mais: “Há anos que colaboro com a marca portuguesa Açaí e Granola. Já lançámos, em colaboração, várias linhas de biquínis – com glitter, claro -, de túnicas de verão e teremos uma linha de camisolas neste inverno. Não há melhor sinal de sucesso do que a continuidade destas parcerias”.
Desde cedo que a comunicadora percebeu que era importante ter um suplemento à profissão e investir em parcerias com marcas. “É fundamental. O meu cérebro nunca pára, estou sempre à procura de fazer mais e melhor, de explorar novas vertentes de negócio. Então quando é ligado à moda e em parceria com marcas, sobretudo nacionais, faz um match perfeito com o meu ADN, com o que mais me identifico e vai muito ao encontro dos conteúdos que faço, diariamente, nos meus programas.”
Apesar da vida ocupada na televisão, Carina Caldeira procura estar a par da gestão dos negócios em que está envolvida. “O meu foco principal é a televisão. Os negócios também são importantes, mas, felizmente, tenho sempre uma equipa atenta, tenho uma equipa grande dentro da minha agência Notable, e outras pessoas em quem confio e que me ajudam nessa gestão. Sozinha seria impossível conseguir fazer tudo e, cada vez mais, quando uma pessoa se mete em muitas coisas é muito importante saber delegar e confiar em quem temos à volta. Claro que estou a par, gosto muito de acompanhar todos os temas e de estar sempre em cima, mas na parte de gestão deixo para quem sabe ainda mais. Eu estou mais ligada, naturalmente, à parte da comunicação e do marketing”, conclui.
As novas botas já estão disponíveis nas lojas físicas e online e custam 150 euros.
“Peças muito práticas para grávidas”
Uma emissão em direto na RTP1 mudou por completo a vida da apresentadora Joana Teles, 40 anos, que tem hoje a “BB Me – by Joana Teles”, uma linha de roupa para grávidas que se querem sentir elegantes, bonitas, orgulhosas do seu estado e, acima de tudo, mulheres. “Lancei esta coleção por necessidade. Tudo começou quando apresentei um programa com um vestido e a barriga a crescer. Comecei com o vestido abotoado e os botões foram abrindo durante a emissão. Depois percebi que havia pouca oferta e comecei a fazer uns rabiscos, com a ajuda da minha mãe”, lembra a apresentadora à “Notícias Magazine”, com um sorriso nos lábios. “É tudo feito no norte, na zona de Barcelos, uma edição limitada, 100% algodão, peças muito práticas para grávidas.”
“A reação das pessoas tem sido muito boa, sobretudo depois de algumas figuras públicas terem feito um catálogo”, acrescenta. “Há pessoas que usam as mesmas peças na segunda ou terceira gravidez. Acho que é uma coleção com qualidade, prática e diferenciada”, defende a comunicadora da estação pública.
No site da “BB Me – by Joana Teles” há artigos variados, desde conjunto de roupa interior para pré-mamã (39,95 euros), sutiã de gravidez e amamentação (19,95 euros), camisolas (19,95 euros) ou saias (19,95), entre muitas outras dezenas de produtos.
“Conheci as pessoas que fazem todos os modelos”
Na área da visão, Cláudia Borges, 39 anos, dá cartas com uma parceria com a Óculos para Todos, marca de ótica 100% portuguesa, feita à mão, no norte do país. “A ideia de avançar com esta coleção surgiu através do responsável, que me endereçou o convite diretamente. Fiquei muito feliz e aceitei logo”, diz a repórter da SIC. “Gerimos bem as nossas agendas para que esta parceria seja o mais natural possível e trabalhamos sempre em conjunto em todas as ideias que vamos tendo. Já lá vão quase três anos desta colaboração e não podia estar mais satisfeita com a relação. Tanto para mim, como para a marca, só assim faz sentido.”
Mas o que está por detrás deste produto específico? “Decidimos desde o início que queríamos ter óculos de sol e de visão. Fui aconselhada sobre os melhores materiais para se trabalhar tendo em conta os formatos de óculos que já tinha em mente. Depois, a fábrica colocou mãos à obra e avançou com os vários modelos e o resultado está à vista.”
Cláudia Borges também tem uma palavra a dizer no design. “Logo no início, fiz questão de ir à fábrica. Conheci as pessoas que fazem todos os modelos e escolhi, em conjunto com a marca, todos os materiais. Levava as minhas ideias e com o Alexandre decidimos o que seria mais apelativo para o consumidor, tendo também em conta os meus gostos.” Paralelamente, o processo de fabrico deixa-a rendida. “É um orgulho poder dizer que se trata de uma produção manual, em Portugal, numa fábrica cheia de história.”
“Temos linhas intemporais”
Diana Pereira trabalhava com uma marca de fitness quando esta acabou, já lá vão quatro anos. A antiga manequim internacional não atirou a toalha ao chão. Bem pelo contrário. Aplicou o “know-how” conquistado nessa ligação apostando numa marca própria de swimwear. A apresentadora de televisão, 39 anos, gere a DFIT Apparel, marca feita em Portugal. “O swimwear já era uma tendência há quatro anos e já então se apostava na sustentabilidade”, salienta o rosto da Sport TV. “Temos linhas que estão sempre na moda, são intemporais e que os clientes podem usar todos os anos.” Com o sucesso da DFIT Apparel, Diana Pereira não tem mãos. “Tenho duas colaboradoras a trabalhar comigo e já houve pedidos maiores para repor o stock de uma loja.”
A ex-manequim garante que não teme que a marca fique prejudicada se a sua “chama” de famosa esmorecer. “Trabalhamos mais para o mercado internacional e a minha imagem não define a marca. Se fosse em Portugal isso poderia acontecer.”
Na loja online de Diana Pereira pode encontrar biquínis, cover ups, swimsuits e o mini me, para as crianças. Os preços variam entre os 89,90 e os 105 euros (biquínis), 19,90 e 49,90 euros (cover up), os swimsuits custam 105 euros e, finalmente, o mini me 64,90 euros.
“Tudo feito à mão”
Luís Borges, 34 anos, é dos poucos homens famosos portugueses a apostar na moda, o seu “habitat natural” – Pedro Teixeira e Lourenço Ortigão, por exemplo, enveredaram pela restauração. O manequim mostrou na recente edição da ModaLisboa a sua vertente de designer através da “Call Me Gorgeous”, uma coleção de brincos, anéis, pulseiras e colares com muitos brilhantes. “Antes de mais, estou muito feliz por ter apresentado a coleção na ModaLisboa. A Call me Gorgeous tem só um ano e ter sido convidado para apresentar numa passarela tão grande deixa-me muito orgulhoso e feliz”, começa por destacar o manequim. “As pessoas adoraram aquilo que eu apresentei. Consegui mostrar outra vertente da Call me Gorgeous e consegui mostrar o ‘B’ [peça em formato da letra] de várias formas.”
“Tenho orgulho em ser uma marca portuguesa e de tudo ser feito em Portugal, no norte, tudo feito à mão. Agora, é continuar a trabalhar, porque sem trabalho as coisas não acontecem e eu quero que a ‘Call Me Gorgeous’ chegue muito longe”, confessa.
Na callmegorgeousstore pode encontrar brincos com os famosos “B” por 55 euros ou um colar infinito em ouro por 155 euros.
Entre as figuras públicas nacionais, só Cristiano Ronaldo, 37 anos, consegue ultrapassar Cristina Ferreira na notoriedade. O jogador do Manchester United desde cedo entrou na área dos negócios e, na moda, tem como marcas próprias a “CR7 Perfumes” e a “CR7 Underwear”.
Ainda com o tempo nublado e chuvoso, Cristina Ferreira abandona o Pavilhão Multiusos de Gondomar no seu carro, com centenas de pessoas a cercar a viatura em busca de um autógrafo ou de uma selfie. O Sol não desponta neste dia de outubro, mas há muito que continua a brilhar na vida profissional da apresentadora, uma das maiores marcas portuguesas a nível individual.
“A marca dura mais tempo do que as personalidades”
Os famosos, sobretudo os que estão ligados ao mundo da televisão, apostam, cada vez mais, em marcas próprias – um “reach” apetecível para chegar ao cliente. Edson Athayde, CEO e Criative Diretor da agência FCB Lisboa, explica que “as figuras públicas sempre foram percebidas como marcas, mesmo muito antes de existir alguma formulação teórica sobre isso. E nem precisam ser estrelas de cinema”.
“Hoje, ainda há marcas a alugar a imagem de Einstein para vender desde computadores a pastas de dentes. O que houve é que desde os anos 1980 intensificou-se a criação de produtos assinados por famosos. E, hoje em dia – em que para ser famoso não precisa de nenhum tipo de feito, basta conseguir a notoriedade pela notoriedade -, as possibilidades do marketing nesse setor aumentaram muito”. “O famoso traz atenção e reconhecimento imediato. Isso vale sempre dinheiro”, diz Edson Athayde.
No caso da moda, em que são as figuras públicas mulheres que dominam, essas diversas facetas profissionais de sucesso tornam-se apetecíveis para quem investe. “Quantas mais dimensões positivas, maior o valor. Porém, às vezes, basta uma dimensão negativa para anular todas as outras.”
Além da televisão tradicional, as redes socais estão a ganhar terreno, particularmente com os influenciadores. “Trata-se de uma realidade sem volta atrás. Quando muito haverá uma saturação de oferta, seguida de ajustamentos. Mas o marketing de influência ainda estará muito tempo por aí”, prevê Edson Athayde.
É possível que a marca resista mesmo quando a fama se esbate? “Uma marca dura mais tempo do que as personalidades.” Em caso de necessidade pelas mais diversas razões, a marca “pode mudar de estratégia e não continuar a usar a figura pública”.
Tiago Froufe, “managing partner” da Luvin, empresa que gere a presença online de várias figuras públicas portuguesas e que é um dos rostos da aposta no digital de Cristina Ferreira há vários anos, diz que “o investimento da marca é em recursos e nos famosos que têm canais fortes de comunicação”. “As mulheres consomem mais e são as principais influenciadoras. Existe uma maior audiência feminina”, lembra, para, entre sorrisos, falar em causa própria. “A Cristina Ferreira foi, provavelmente, a primeira figura a ter uma oferta muito alargada, com sapatos, peças de roupa, cremes, óculos ou vernizes. Este é um target para quem é sexy”, garante.
Andreia Miltreiro, CEO na Your Trend e psicóloga organizacional, confirma que o público é estimulado pelos famosos na hora de consumir uma marca. “Tomamos cerca de 30 mil decisões por dia e 95% são tomadas com base em emoções e intuição”, afirma à “Notícias Magazine”. “O facto de termos contacto com figuras públicas ou, hoje em dia, até com influenciadores digitais, cria afeto e confiança, o que não acontece com pessoas com as quais não temos qualquer relação”, remata.
* com Sara Oliveira