9 de outubro de 1978. O dia em que iniciou o julgamento do assassinato de Humberto Delgado

Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos foram assassinados no dia 13 de fevereiro de 1965

A rubrica "Máquina do Tempo" desta semana destaca o assassinato de Humberto Delgado.

A 13 de fevereiro de 1965, Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos foram assassinados perto de Badajoz, por uma brigada da PIDE. A Operação Outono passou por atrair o general sem medo ao convencê-lo que se ia encontrar com militares oposicionistas. Mortos a tiro ou espancados? São muitos os mistérios que continuam por desvendar.
Certo foi que a 9 de outubro de 1978, 13 anos após o crime, há precisamente 44, iniciou-se, no 2.º Tribunal Militar Territorial de Lisboa, o julgamento da brigada da PIDE que eliminou um dos principais adversários de Salazar e do seu regime. No banco dos réus sentaram-se o antigo chefe da polícia política, Silva Pais, o diretor de serviços Pereira de Carvalho e o inspetor Agostinho Tienza, sendo réus revéis o subdiretor-geral Barbieri Cardoso (fugido em Bruxelas), o inspetor Rosa Casaco (a monte no Brasil) e os agentes Ernesto Lopes Ramos (fugido para o Brasil) e Casimiro Monteiro (fugido para a África do Sul), contou na altura o JN. Depois de recursos interpostos para o Supremo Tribunal Militar, a decisão final foi a dada a conhecer em 8 de julho de 1982. Para um duplo crime e com tal gravidade, as penas foram excecionalmente leves, em especial para aqueles que, estando em Portugal, poderiam ter respondido pela sua planificação e execução. Mas Silva Pais morreu antes do julgamento, Pereira de Carvalho foi absolvido e Agostinho Tienza foi o único condenado a prisão, com uma sentença de apenas 14 meses. Os demais, por estarem foragidos, nunca cumpriram pena, a mais elevada de 19 anos de cadeia.