30 de outubro de 1922. O dia em que o fascismo chegou ao poder em Itália

O lema “Deus, pátria e família” foi popularizado pelo "Duce"

A rubrica "Máquina do Tempo" desta semana destaca a chegada de Benito Mussolini ao cargo de primeiro-ministro italiano.

30 de outubro de 1922. Pelas 11.30 horas um comboio vindo de Milão aproxima-se da Civittavecchia. Dele saiu Benito Mussolini, chegado a Roma a convite do rei Vittorio Emanuele III, dias após ter vociferado para uma multidão de 40 mil pessoas: “Ou somos autorizados a governar ou assumiremos o controlo marchando sobre Roma e agarrando a miserável classe política que nos governa pela garganta”. O primeiro-ministro italiano, Luigi Facta, quis barrá-lo. Redigiu um documento solicitando autorização para decretar o estado de emergência e mobilizar o exército para reprimir os fascistas. O rei meteu-o na gaveta. Luigi foi assim obrigado a demitir-se e o monarca convidou Mussolini para o cargo.

A notícia era a confirmação de uma nova era há muito anunciada: o fascismo chegava ao poder. Não por o ter tomado de assalto, mas como ato constitucional. Passados 100 anos a história parece repetir-se.

Os Irmãos de Itália, partido de extrema-direita que integra ex-membros do Movimento Social Italiano, herdeiro do fascismo de Benito Mussolini, está no comando. A nova primeira-ministra, Giorgia Meloni, usou esta semana o seu primeiro discurso no Parlamento para tranquilizar o país e os aliados rejeitando quaisquer ligações com o passado fascista do país, que tanto defendeu na sua juventude. Será? Porque todos assistimos. Foi, entre outros, com o lema “Deus, pátria e família”, popularizado pelo “Duce”, que conseguiu chegar ao governo do berço da civilização.