A rubrica "Máquina do Tempo" desta semana destaca a inauguração do Palácio de Cristal.
Apesar de já ter sido demolido, o Palácio de Cristal parece irremediavelmente vincado na memória portuense. Se o edifício existisse, assinalaríamos hoje, 18 de setembro, os 157 anos da sua inauguração. À época, o rei D. Luís deslocou-se à Invicta para o efeito. Fez-se acompanhar por Dona Maria Pia e pelo príncipe herdeiro, Carlos I. Constituído por três naves, e tendo um dos maiores órgãos de tubos do Mundo, apenas se manteve erguido durante 86 anos, tendo sido demolido em 1951, para dar lugar ao Pavilhão dos Desportos, hoje Pavilhão Rosa Mota. Da autoria do arquiteto inglês Thomas Dillen Jones, foi erigido em granito, ferro e vidro, à semelhança do Crystal Palace londrino. Simbolizou um importante espaço de cultura para a cidade e para o país, acolhendo diversos eventos, como a grande Exposição Internacional do Porto, um concerto de Guilhermina Suggia, festas e também polémicas. É que desde a sua construção apresentou sérios problemas de viabilidade económica. Não fosse o cirurgião António Ferreira Braga, a obra nunca teria sido concluída. No entanto, a exploração deficitária do palácio acabaria por levar o médico à decadência. Com todos os bens hipotecados, acabou os dias na miséria. A contestação popular à sua demolição foi tal que a designação Palácio de Cristal sobreviveu até aos nossos dias, mesmo que ele lá não esteja há muito.